Entre Ricos & Pobres - Conto Estendido - de Zenildo Brocca (Em Andamento)

Um homem novo

Larson chegou em casa banhado de um espírito novo, era uma sensação inesperada, as coisas pareciam estar a mudar muito de pressa, e quando isso acontece as outras pessoas procuram encaixar-se em nossos novos padrões? Pudera... O que as pessoas querem é que sejamos como uma peça no quebra-cabeça da sociedade, isso sim, e quando isso não é possível, é preciso serem criadas novas combinações, ou a desarmonia toma conta do cenário.
O telefone tocou - Alô Lars! liguei para saber se está tudo certo contigo...;
- Não é nada Mith, provavelmente foi apenas uma pequena tensão;
- tensão! Com todo luxo que tem aquele lugar tu vens me falar de tensão? Fala serio Lars!
- queres mesmo ouvir a verdade, é isso? A verdade é que ninguém quer ouvir a verdade, a verdade é que somos todos uns tolos tentando parecer alguém usando papeis enumerados sobre nossos verdadeiros rostos, essa é a porra da verdade Mith, mas ninguém quer ouvir isso, e sabes o porquê? Porque somos fracos.
- O que estás para aí a dizer homem, nós somos ricos porra, nós temos poder sobre tudo isso porque nós temos estes papéis enumerados, tolice é o que acabaste de dizer agora.
-Pois é... - ironizou Larson - Poder! Tu tens poder Mith?! Não... Tu não tens... O dinheiro tem poder, o dinheiro te controla, o dinheiro me controla, o dinheiro controla todos os fracos, pessoas como nós que procuram o poder em coisas, mas ter dinheiro não é ter poder... O poder é tudo, o dinheiro não é nada sem poder, o poder pode mover uma montanha, com poder você obtém o dinheiro que quiser, você conquista o respeito, com ele um homem pode dominar até leões. Dinheiro é só mais um fruto do poder, o dinheiro é tão insignificante quanto nós sem esse poder.
- Lars, agora deu para ser Malcom X! Hahahaha! Tudo bem, fica com a porra da tua iluminação, porquê que não doa todo seu dinheiro e viva apenas dessa bosta de poder que falas por aí? Hámn! Quem tu pensas que és Lars?! Jesus? O super homem? Hamn, a porra do Clark Kant! Diga o que quiseres, mas enquanto vivos não somos nada sem dinheiro... Nada!
Larson estava decidido a sair da caixa esteriotípica que segundo ele o cegava a realidade perfeita, naqueles dias de isolamento ele se desligou de seus amigos e familiares, e em sua casa, tranquilo meditava sem ter consciência de que meditava, olhava panoramicamente para sua vida deslumbrando-se com o quanto perdeu estando longe de si mesmo, visualizava seu passado pedaço por pedaço, como se tratasse de um quebra-cabeça, tentando montar a imagem perfeita de si mesmo e revirar a sua personalidade positivamente.
«o que devo fazer primeiro?» ele pensava «toda mudança deve ter um começo, um começo determinante, que não faça o mudado voltar a sua zona antiga e eu já sei o que vou fazer primeiro!»
- Alô senhor Larson, como vai?
- Tudo bem comigo Jumara, e aí como vai o trabalho?
- Mil maravilhas senhor, já agora em que posso ajudar senhor Larson?
- Ainda bem que perguntas, prepare uma declaração de demissão em meu nome e ponha ao lado dos documentos em despacho e eu assinarei assim que eu chegar.
- Não posso fazer isto, desculpe senhor.
- Queres que o faça eu mesmo? Assim aproveito e faço também a sua e o entrego já assinada.
- Deixa que eu faço agora mesmo Senhor.
- Obrigado Jumara, não comente com mais ninguém sobre isto, eu anunciarei oficialmente minha renuncia ao mandato da Coreal Corp.
- Tudo bem senhor... Vai me desculpar a audácia, mas... Que loucura o senhor está a tentar fazer? Agora que a empresa está a prosperar depois de quatro anos de luta incessante o senhor vem com essa notícia, o que se passa senhor? Ainda ontem estava aqui a fazer as previsões do mês que se avizinha, quem se demite de sua própria empresa? Como será isto tudo sem o senhor!
- Se já terminou de falar, comece a fazer o que ordenei, passo por aí em duas horas.