O cheiro

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- Jumara, diz-me, ontem alguém entrou aqui em minha sala e acedeu meus arquivos?
- Pelo que eu saiba não senhor, porquê a pergunta? Algum problema com os arquivos?
- Não é nada, não te preocupes, pode te retirar.
- E o Senhor já pensou bem quanto a sua demissão? O Senhor precisa ficar.
- O que eu te disse sobre te intrometeres em meus assuntos pessoais? Por favor retire-se.
-Desculpa senhor, mas…
- Mas nada, quando precisar de sua opinião eu chamo.
Jumara retirou-se da sala de Larson. Ele aproveitou aquele momento para reflectir sobre sua decisão enquanto se sentia intrigado com o que acabara de acontecer, porquê aqueles policiais alegavam haver queixas sobre os fundos da empresa. Ele abriu a gaveta que encontrara semi-aberta e se pós a averiguar os documentos quando notou que os movimentos mensais estavam todos alterados, era estranho, havia até sua assinatura, mas apesar disto não havia dúvidas para ele que o documento era falso já que Larson fazia questão de verificar todos os movimentos da empresa pessoalmente todos os meses.
“Como alguém poderia entrar em minha sala e trocar os papéis sem ter a chave? Neste caso deve ser alguém muito próximo a mim, alguém que tenha uma grande aproximação comigo ao ponto de poder tomar minhas chaves enquanto não dou por elas…” pensou ele. “Mas não faz sentido, porque neste caso só sobraria a minha esposa para acusar e ela não poderia entrar aqui sem que fosse vista. E se eu perguntar aos seguranças? Não, se houve acesso na minha ausência provavelmente eles fazem parte disto. Eu podia dizer que é a Jumara, mas ela não mostrou nenhum comportamento estranho e o perfume que eu senti me contradiria, e ela seria a última pessoa a querer me prejudicar… então quem pode ser?!”

O telefone de Larson toca, era Mith a ligar – Alô, como vai Mith
- Eu vou muito bem e você parceiro como vai?
- Estão acontecendo algumas coisas que estão a tentar estragar meu dia, mas ainda assim eu estou bastante bem. O que mandas?
- Acontecendo algumas coisas tipo o quê parceiro?
- Deixa para lá, não é nada de mais.
- Se o dizes… Estou com Balquim aqui na esplanada Airbag, dá um pulo aqui.
- É, estou mesmo a precisar comer alguma coisa, podem esperar por mim que eu venho já.
- Vê se não demora. 
Larson deixou seu local de trabalho e o papel para assinar e ordenou para que Jumara orientasse um técnico para trocar a fechadura da porta de seu escritório e que recolhesse os vídeos das últimas vinte e quatro horas na sala de segurança.
Sem perder mais tempo subiu no carro e se endereçou a explanada Airbag.

Balquim e Mith estavam sentados na mesa dos fundos acompanhados de três garotas, duas morenas e uma loura corporosa:
- Olha aí se não é o nosso grande amigo, como vai isso poderoso chefão? – Mith fala deforma calorosa e com voz forte.
- Deixa disso Mith, você sabe que não gosto de ser chamado assim com tanta cortesia.
- Garotas, vocês precisam conhecer esse homem, ele é o chefe da CC, um grande exemplo para todos nós, eu quero que saibam que este cara nos inspirou muito para chegarmos até aqui, agora ele merece uma de vocês. – Balquim apresentou ele dramaticamente enquanto levantava. E as meninas se mostravam todas interessadas, não era garotas de programa, Balquim tinha uma grande lista de contactos femininos, não conseguia ficar calado e quieto diante de qualquer mulher bonita que aparecesse a sua frente.
- Para de gracinhas Balquim.
- Sabe o que mais?! Eu proponho um brinde em nome de Larson Meneses, todos com os copos no ar.

Sem graça, ele brindou com eles.

- Mith e Balquim, eu gostaria de falar com vocês em off. – Eles se levantaram e foram até um dos dois Balcões.
- Amigos, eu quero vos dar uma notícia: Eu vou deixar a Coreal Corp.
- O que estás a dizer? Você não deve estar bem, o que foi, recebeu ameaças? Conta-nos.
- Nada disso Mith.
- E o que foi então? Nós somos seus amigos, você precisa se abrir connosco.
- Eu sei que vocês sempre estarão cá para me ajudar, mas agora não preciso de ajuda, foi uma decisão bem pensada meus amigos. – Larson fixava atentamente Mith e não via tanta indignação, e agora que Larson tinha a atenção mais afiada ele podia ver sua falsidade, na verdade quando ele olhou para Balquim, viu a mesma coisa, e então em momentos começou a desconfiar de sua teoria até que Mith o abraçou. – Mano, você é meu irmão e seja lá o que tiver a acontecer, vai se acertar. – Larson sentiu logo um cheiro de perfume peculiar, em segundos relacionou o cheiro com o que sentira hoje de manhã em seu escritório. Não havia mais dúvidas, Mith era o invasor, só sobrava saber se Balquim também estava envolvido.

Entre Ricos & Pobres - Conto Estendido - de Zenildo Brocca (Em Andamento)Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora