O grande final

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Já no Ultimo andar, Balquim aproveita a proximidade da janela com um teto subjacente e acessa a parte mais baixa do telhado, Larson e Balack haviam se distribuído, já os policias, estes andavam em círculos, estavam perdidos na imensidão da mansão. O dono da mansão lembrou de já ter estado no alpendre do último andar com Balquim e Mith e supôs logo que fosse lá onde o ex-parceiro havia se enfiado. posto lá viu através da janela, Balquim tentando se equilibrar entre as telhas em plena luz da lua. Foi ele então atrás do mesmo sem um plano de contenção.
- Pára Balquim... O que estás a fazer? Você vai se matar.
- Que diferença faz? Minha reputação já não é defensível.
- Você só diz isso porque ainda não parou para pensar, tudo pode melhorar, basta você querer.
- Me poupa dessas suas frases de pergaminho senhor profeta...
- Para Balquim! - Gritou Larson quando seu amigo quase caía por um pouco, o desequilíbrio era mais provável a cada passo que davam em direcção ao ponto mais alto do telhado.
. Vem, vamos juntos para baixo, você vai ver que isso se resolve. - Larson só queria evitar a desgraça, não que havia alguma chance de reatar a amizade
- Tudo bem. - Disse calmamente Balquim - Vem me buscar, não consigo voltar, estou com medo das alturas.
- Espera que eu chego aí. - Lars se aproxima aos poucos até que levanta a cara e vê um sorriso maníaco na cara de Balquim.
- Morreremos juntos - disse ele pegando no braço esquerdo de Larson que estava a um passo de distância dele. No mesmo instante ouviu-se outro tiro... Balack havia atingido o lado direito do quadril de Balquim que caiu sem hesitar com um grande grito. Larson se descuida e cai junto, dois grandes amigos em queda livre, separados pelos poderes opostos entre o céu e a terra.
- Em segundos estavam bem ali deitados em sangue corrente, emaranhados, cheios de perguntas na cabeça e uma incerteza vital na espinhal, tudo que se ouviu era um ''porquê?'' de Larson, uma questão tão poética como que dirigida a existência. - eu entendo agora... - Disse Balquim arrastadamente e com muito esforço enquanto o sangue saindo da boca superava as palavras em quantidade e velocidade. - Agora entendo que... entendo que a vida é um sopro.
- Sim Balquim, mas se a vida é um sopro... Então quem soprou? - Houve um imenso silêncio.
...
- Balquim... Balquim! Consegues me ouvir? Diz alguma coisa... - Larson tentava gritar já chorando, era perceptível, Balquim estava morto.
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...Dois dias depois.
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Alto, estiloso, pele mestiça enrugada, cabelos pretos e grisalhos, olhos fundos, corpo erecto e roupas elegantes. Era eu, Helder Coulin, padrasto de Larson entrando para a sala em que Larson estava internado desde o incidente, Lars dormia como um bebé, seu estado parecia bom, segundo os médicos, ele teve muita sorte, não havia fracturado nada, o que poderia se definir como um milagre. Eu me aproximei de sua cama, olhei para ele... e sorri firme - A melhor maneira de viver é com a luz acesa. - Disse eu ainda sorrindo misteriosamente para meu filho que havia descoberto o que poucos têm o privilégio de conhecer, talvez pudéssemos chamar de vida, talvez de morte, mas é tudo que alguém precisa... Mesmo aquém de nossas expectativas egoístas ''agora sim... você é verdadeiramente rico agora''.

Entre Ricos & Pobres - Conto Estendido - de Zenildo Brocca (Em Andamento)Where stories live. Discover now