só nós

06

  Aparento ser uma pessoa totalmente diferente da minha realidade, possa ser que eu passe uma versão fechada nas redes sociais mas sou totalmente ao contrário disso.

Gosto de conhecer as pessoas, me conectar de alguma forma e com a Ana Isabela não seria diferente.

Chamei ela pra sair daquela boate, gosto de estar em lugares pra me divertir mas prezo muito pela minha paz.

Pelo horário o único lugar que eu pensei em levar ela é na praia, não sei o motivo mas é o lugar que mais me sinto bem depois da minha casa, é louco pensar como um lugar pode te trazer tanta positividade, ne?

Tinha acabado de sair da boate com Isabela e pensa em uma menina que fala pra caralho quando ta bêbada, pensou? É ela.

— Lennon, me responde cara — ela falou me tirando dos meus pensamentos.

— Eu não sabia que você era tão faladeira assim — gargalhei e continuei prestando atenção na estrada.

— E eu não sou — ela ficou pensativa — acho que é o efeito do álcool. Se você não gosta então eu paro — ela se ajeitou no banco ficando emburrada.

— Calma marrenta, tava brincando contigo — dei risada — não tô acostumado com esse seu jeito, mas eu gosto preta.

— Tá, mas quero saber pra onde tá me levando — ela se virou me encarando.

— Você pode esperar um pouco? Já tá chegando po

— Se você me sequestrar eu conto pra minha avó aí sim ela vai parar de falar que você é um ótimo pretendente pra mim.

— Ela fala isso é? — dei uma risada abafada — tu deve falar de mim todo dia né.

— A coe cara — ela gargalhou — tu se acha "o importante" né? — ela fez aspas com os dedos.

O resto do caminho foi de completa risada, a Isabela não parava de implicar comigo mas até que eu não me importava, a companhia dela era tão boa que se tornava algo engraçado.

Estacionei o carro e quando fui tirar o cinto me deparei com a Isabela dormindo, dei umas batidinhas na sua perna de leve pra não assustar mas parece que adiantou muito.

— Aonde eu tô? — ela espantou assustada.

— O que você bebeu cara? — eu gargalhei — tava falando comigo tem nem dez minutos, maluca toda vida.

Nós estávamos sentados na areia vendo o por do sol apenas curtindo a presença um do outro até que ela resolveu quebrar o silêncio.

— Traz todas aqui? — ela me encarou mas voltou sua atenção para o sol.

— Você pensa que eu sou o que? — dei uma risada abafada — você é a primeira que assiste o por do sol assim comigo, só trouxe o Léo uma vez.

— Entendi Lennon.

— Posso te fazer uma pergunta? — encarei ela que fez o mesmo.

— Não quero ser invasivo com essa pergunta e se não quiser, não precisa responder. — ela assentiu me dando abertura pra prosseguir — naquela vez que fui na sua casa sua avó tava me falando de uma certa decepção que você teve com alguém que se envolveu, mas ela não completou. Apenas falou que você não apresenta ninguém pra ela depois que um certo idiota te decepcionou.

— É, complicado — ela suspirou — não quero entrar em detalhes mas essa pessoa foi meu primeiro amor, não houve traição nem nada do tipo mas me machucou com certas atitudes.

— Você não superou essas atitudes?

— É difícil Lennon, não sei se você entenderia, só eu sei o que eu passei. Faço terapia a dois anos pra tentar resolver esse bloqueio emocional que tenho dentro de mim. Pra você vê sou de pouquíssimas amizades e as que eu tenho eu preservo pra não ser mais um assunto a ser tratado com minha psicóloga — ela sorriu.

— Também me decepcionei muito com ambos relacionamentos e não é querendo comparar o meu com o seu mas também sofri muito com ações de outras pessoas, diferente de você eu desconto tudo no meu trabalho que de uma certa forma me alivia.

— Qual foi o relacionamento que mais te machucou?

— Pergunta difícil, mas acho que com a Juliana. Eu tinha pra mim que nós iríamos ser "o casal" tá ligado? — ela balançou a cabeça afirmando — que iríamos construir algo juntos, ter uma família mas nem tudo é como queremos né 'mermo — sorri mas fiquei pensativo sobre o passado.

— Não é querendo ser estraga prazeres mas eu não sou milionária igual tu — ela falou dando um tapinha nas minhas costas e logo em seguida levantou pegando seu salto — vamos?

— Sei que foi pouco tempo mas queria te agradecer pela companhia, foi bom bater esse papo contigo — falei ficando de frente pra ela e sem quebrar o contato visual.

— Até que tu é maneirin — ela riu e foi caminhando até o carro.

— Po, eu esperava um obrigada lennon gostei de passar um tempo contigo — eu falei tentando imitar seu tom de voz.

— Não é pra tanto né, amor? — ela disse debochada.

Ela foi caminhando até o carro, quando ia atravessar veio um carro em alta velocidade que iria atropelar ela se eu não tivesse dado um puxão na sua cintura fazendo seu corpo colar com o meu.

— Caralho, você tá bem? — eu virei ela de frente pra mim olhando nos seus olhos.

— Sério, não sei nem como te agradecer. — ela disse aparentemente com a voz trêmula — por uma fração de segundos tu salvou minha vida.

— Pior que nem foi culpa sua, papo reto só dá maluco — balancei a cabeça em negação.

Eu peguei o salto da sua mão e abracei ela de lado colocando um dos meus braços pelo seu pescoço, ajudando ela a atravessar a rua com calma já que ela estava nervosa.

O caminho foi bem tranquilo, ela conseguiu se acalmar e foi dormindo até seu apartamento.

Antes de descer ela me abraçou com cuidado, continuou me agradecendo dizendo que não sabia o que seria dela se não tivesse por perto.

— Ei — olhei pra ela e pousei minha mão em um dos seus ombros — já passou, eu não teria outra reação se não fosse essa, só toma mais cuidado — ela assentiu.

— Nem sei como te agradecer — eu dei um meio sorriso — qual foi desse sorriso aí?

— Sai comigo de novo, é uma forma de agradecimento. — esperei ansioso pela sua resposta.