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É surreal a forma em como defendo os pequenos gestos, como me sinto cuidada quando alguém faz o mínimo

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É surreal a forma em como defendo os pequenos gestos, como me sinto cuidada quando alguém faz o mínimo.

Eu deveria colocar na minha cabeça que é o que eu mereço? Sim!

Mas é muito boa a sensação de vivenciar isso, o Lennon me desperta esse sentimento. Primeiro que ele não tinha obrigação nenhuma de vir aqui depois do episódio que aconteceu na casa dele, segundo é que a gente não tem absolutamente nada pra ele ficar igual um cachorrinho atrás de mim.

Ele até me chamou pra sair mas dou valor demais a programas em casa, assistir um filme, comer algo e trocar idéias absurdamente sem sentidos mas que de alguma forma traz uma aproximação de ambas as partes.

— Sim, isso mesmo. Metade frango com catupiry e metade calabresa. — ele falava no telefone com o atendente da pizzaria. — Valeu irmão.

— Pediu? — eu perguntei enquanto ele tirava os sapatos pra se deitar na cama.

— Claro po, o cara falou que deve demorar uns quarenta minutos no máximo. — eu me esparramei na cama fazendo cara de tédio — coe olha a hora que tu inventa de pedir pizza também.

— Meu filho não são nem dez horas da noite e você tá nessa — eu encarei ele que revirava os olhos — tomara que não volte pro lugar.

—  Jae, jae — ele pegou o controle da minha mão — tenho um filme maneiro que tu vai gostar de assistir.

— Lá vem você, já vou deixando claro que não gosto dessas coisas de tiro não e muito menos filme de terror.

— Ih vai me dizer que nunca assistiu cidade de Deus ou Tropa de elite — ele levantou as sobrancelhas me olhando mas voltou a atenção pra televisão.

— Nossa, esses são clássicos né meu filho. Eu assisti a primeira vez com a minha mãe, ela ainda morava com a gente — olhei pra baixo lembrando da mesma.

— Ei — ele chamou minha atenção — tu nunca me falou muito bem dela, quer conversar sobre?

— É um assunto que nem eu sei explicar muito bem, na época eu era muito novinha e não lembro como foi que minha mãe me "largou" com minha avó — fiz as aspas com os dedos .

— Você nunca procurou saber dela?

— Sei o básico, ta ligado? — ele assentiu — sei que ela mora na Suiça, é casada com uma mulher e tem um filho adotivo.

— Caralho — ele parecia chocado — você sente saudades dela?

— Não é como se fizesse diferença na minha vida até porque cresci com minha avó, ela sim faz diferença.

— Sei como, dona Edilene é foda né porquê po assumiu uma responsabilidade que nem era dela né — eu concordei.

— Minha mãe só me ligava no meu aniversário mas já faz 3 anos que não liga, nos dois primeiros anos eu ainda ficava esperando mas agora eu tento não pensar sobre. — ele me abraçou de lado.

— Tu é foda pra caralho e quem se importa contigo de verdade tu sabe — eu assenti — mas mudando de assunto, o filme é esse.

Ele disse e quando olhei pra televisão pasmem mas é meu filme favorito desde adolescente. Não sei explicar mas sou apaixonada em amor de aluguel e quando era adolescente sempre quis ter um final assim como o deles.

— Quem te falou que era meu filme favorito e por que você tá querendo me agradar?

— Eu nem sabia doidona — ele sorriu — assisti com minha irmã uma vez e me amarrei.

— Eu amo eles dois, juro.

A gente assistia o filme como se fosse duas crianças dando risada das coisas mais bestas possíveis e fazíamos até um "ownt" nas partes bregas de casal. Confesso que tá sendo uma das minhas melhores noites em casa, a pizza chegou e demorou mais de quarenta minutos e quando lembramos ela chegou.

— Dá pause aí que vou buscar, você desce e chama sua avó pra gente comer — eu concordei fazendo o que ele pediu.

Minha avó já estava dormindo mas assim que ouviu o nome "pizza" deu um pulo da cama e veio se sentar na mesa.

— Achei que o Lennon já tinha ido pra casa, dormi que nem vi — ela disse enquanto colocava um pedaço de pizza na boca.

— Eu até falei pra ele ir mas sabe como é né, ele não desgruda de mim. — olhei pro lado vendo a reação dele que esboçava uma careta.

— Dona Edilene você precisava ver ela se ajoelhando no chão e nem foi rezar sabe, foi pedindo pra eu ficar mesmo.

— Dona é a sua vizinha, pode me chamar de vó ou de Lene. — ele levantou as mãos pro alto como se estivesse em rendição.

— Como assim "vó"? Primeiro que ele não é neto da senhora e segundo que a senhora pertence a mim. — eu disse fechando a cara.

— Larga de ser ciumenta garota, tem Edilene pra todo mundo principalmente se o neto for bonitão desse jeito — ela disse deixando o ego do Lennon chegar no infinito e além.

Ela nunca foi assim com ninguém e nem com a Steff que ela adora, agora com o Lennon ela quer ficar dando corda. Alguém avisa?

— Pelo o menos ela teve a chance de arrumar um neto bonito porquê se depender de você — ele gargalhou.

— Ta vendo vó? Já falei pra senhora que ficar elevando ego de homem não dá certo e outra sou tudo, menos feia.

O clima foi assim até a pizza acabar, depois minha avó foi pro seu quarto e deixou a bagunça por nossa conta.

Enquanto eu lavava os pratos o Lennon se dividia entre arrumar a mesa e secar tudo.

— Mas aí, tenho que te levar pra andar de skate comigo pelo o menos uma vez — ele pegou os talheres que estavam sujos pra jogar na pia e sem perceber roçou seu corpo contra o meu — foi mal de verdade — ele sorria malicioso.

— Sua cara nem queima né, incrível. Quer me comer, cê fala bê — eu falei na mais pura brincadeira sem qualquer tipo de malícia mas ele me olhou sério.

— E se eu quiser? Você vai fazer o que sabendo disso? — me encarou.

Puts, eu não esperava essa reação.
Não sou de me intimidar fácil e talvez ele só queira me provocar até porque a única atitude que ele tomou até agora foi essa.

Terminei de lavar tudo secando minha mão com a toalha que estava pela mesa enquanto ele me esperava pra gente subir, mas não pude deixar de responder a sua pergunta de minutos atrás.

— Você tem que entender que isso aqui — fiz um movimento com as mãos como se estivesse apresentando o meu corpo — é muito areia pro seu caminhãozinho. — beijei a sua bochecha e andando até às escadas.

Pensei que tinha acabado as provocações mas um segundo antes de eu pisar no primeiro degrau da escada ele puxou meu braço colando seu corpo no meu.

— Será que não é ao contrário? — ele disse alternando entre meu pescoço e ouvido.

Puta que pariu.

— Tenho certeza que não. — sussurrei chegando perto dos seus lábios e tive a certeza que ele achou que eu iria o beijar.

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