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ANNA ESTRELLA

Graças a Deus eu consegui falar com a Dona Fátima sobre eu não poder ir cedo, só tive que pegar uma outra escala, mas isso vai me fazer ficar até mais tarde no postinho.

Cheguei depois do almoço aqui e vou até de noite.

- Então ele simplesmente cagou pro que tu falou e ainda foi grosso? - Bella pergunta sem acreditar.

- Foi, me sinto uma otária depois de ontem, eu só queria ajudar! - digo irritada.

- Anna, você é boa de mais! E eu acho lindo isso, só que tem gente que não merece esse seu lado! Ret e um filho da puta e se ele quer se encher de droga e morrer não gente impedir, não confio naquele cara. - ela diz.

- Também não, mas você sabe como eu sou, sempre querendo dá uma de super heroína. - bufo irritada.

Queria ser ruim as vezes, ruim ao ponto de não ligar pra nada.

Não essa sentimental abestalhada que sou.

- Eu sei que e complicado, mas uma hora você aprende, só não quero que seja de um maneira ruim - ela diz e mordo os lábios.

Nós duas hoje caímos no antendimento da recepção, mas o postinho tá meio parado hoje.

- Mudando de assunto Dona Bella, onde a senhora estava ontem? Porque me largou no baile sozinha. - digo meia irritada.

- Sei lá, só sei que acordei na casa de alguém, mas saí antes da pessoa acordar! Tava bêbada demais só lembro de algumas coisas. - ela diz rindo.

- Você é inacreditável - digo e começo a ri - Me trocou por macho na cara de pau.

- Desculpa Annazinhaa - ela fala e começo a ri.

Bela se levanta pra bater seu ponto, já que o horário dela acabou e eu continuo lá.

Fui da uma de super heroína e me fodi, vou trabalhar até tarde.

Dá próxima vez deixo o Ret morrer e não ajudo.

[ ... ]

- Pronto Dona Kelly, e só cuidar do ferimento, a queimadura não foi de um grau tão alto - digo pra minha paciente quando eu acabo de fazer o curativo.

- Muito obrigada! Pode deixar que vou seguir as recomendações. - sorrio pra ela e a mesma se levanta.

Respiro fundo e lavo minhas mãos, estou exausta.

Pego o laudo do próximo paciente, mas não tem nada específico, nem o nome da pessoa.

- Pode entrar o próximo - grito da portinha.

Me viro pra por as luvas, e quando olho para o paciente o meu sorriso vai embora.

Jura?

- Qual foi Anna, precisa me olhar com essa cara de cu aí não - ele diz e balança as pernas.

Reviro os olhos.

Vou até ele sem dizer nada e tiro o curativo que tampava seus pontos.

Limpo a região e vejo se está 100% pra tirar.

- Foi mal aí por ontem - Ret diz e o olho.

Não senti sinceridade nesse "foi mal".

- Tudo bem, da próxima vez te deixo morrer - falo sendo sincera e escuto a risada dele.

Começo a tirar os pontos e quando termino vejo a cicatriz que ficou.

- Pronto, tudo certo, agora tente ser mais cuidadoso. - digo e me viro pra tirar as luvas.

Tô evitando o contato visual com ele, não quero olhar em seu rosto.

Sinto sua aproximação em minhas costas e me viro.

Pera, pera, ele tá próximo até demais.

Meu sistema já tá dando pani.

Ele me encara de uma maneira duvidosa e isso me deixa nervosa.

- Foi mal aí enfermeira, tô sendo sincero nas palavras - ele diz sério enquanto me encara.

Essa pose dele deve ler qualquer uma pra cama.

- Ok, tá tudo bem - tento sair de perto, mas ele para na minha frente de novo.

- Tá com medo de mim Anna? - ele pergunta com um sorriso debochado.

Com certeza o Ret sabe o efeito que causa sobre as mulheres.

Reviro os olhos, e o empurro devagar pro lado.

- Foi muito bom te ver de novo, mas tenho que trabalhar. - Digo e ele balança a cabeça.

Ret sai da sala e solto todo o ar que estava preso em meus pulmões.

Que homem maluco.

my nurseWhere stories live. Discover now