my nurse

23

ANNA

Retiro o que eu disse! Tá sendo péssimo esse jantar, serviu de nada.

Acho que com certeza hoje não é o meu dia.

- Filha, seu pai conseguiu uma vaga em um hospital particular pra você! E melhor do que correr perigo naquela favela - minha mãe diz com desgosto.

- Mãe, eu agradeço, mas quero conquistar minhas coisas sozinha! E gosto de trabalhar lá - digo tentando ficar calma.

Vejo a troca de olhares entre meus pais e respiro fundo.

- Vamos respeitar a sua decisão filha - meu pai diz e sorrio pra ele.

Coloco um pedaço de carne na boca e olho pro meu irmão que está quieto até agora.

- Você está bem? - pergunto baixinho pra ele.

Lucas sempre foi mais na dele, mas sinto que ele tá diferente.

Ele é meu irmão mais novo, tem apenas 17 anos.

- Tô sim, só orando pra isso aqui acabar logo - ele diz e solto uma risada.

- Tá afim de sair daqui? - pergunto e ele concorda.

Olho prós meus pais que estão distraído com uma conversa sobre a empresa e chamo a atenção deles.

- Vou dar uma volta com o Lucas, volto pra me despedir - aviso e me levanto.

Meu irmão logo vem atrás.

Saímos sem deixar que os dois digam algo.

- Cara tá sendo um saco aguentar esses dois sem você lá - meu irmão diz e passo meu braço pelo seu pescoço.

- Sei que está com saudades, não precisa inventar desculpas pra dizer - pisco pra ele.

- Sai fora Anna - ele empurra me empurra devagar e solto uma risada - Como é morar lá?

Ele pergunta e começamos a andar pela areia da praia, o restaurante que estávamos não fica muito longe de uma das praias do RJ.

- Tá sendo uma experiência nova! Mas não é ruim, e tô gostando da liberdade que tenho lá - digo enquanto observo o mar.

Gostava de trazer o Lucas aqui quando ele era mais novo, a gente corria isso tudo e no final volta encharcado pro restaurante.

- tá rindo de que maluca? - ele pergunta sem entender.

- Tô lembrando de quando a gente vinha aqui mais novo - solto uma risada e ele me acompanha.

- Tu sempre me jogava na água - ele resmunga.

- Você era muito bobinho - debocho da cara dele.

- Sério? - Lucas me olha com um sorriso sacana nos lábio e balanço a cabeça negativamente já sabendo o que vem por aí.

- Tu não faça isso Lucas!

Sem pensar duas vezes ele me pega no colo e corre pro mar.

Apesar do Lucas ser mais novo ele já tem uma aprecia e físico de um homem mais velho.

A força dele é com certeza maior que a minha.

Ele entra comigo na água com tudo, e agradeço por ter colocado um ob.

Se não agora estaria um nojo, eca.

- Seu filho da mãe! Como vou voltar assim? - jogo água na cara dele.

- Tô nem aí, se vira - ele diz rindo.

Fico brincando por mais um tempo com o meu irmão e depois saio da água.

Entramos no restaurante encharcados e nosso país quase morreram de vergonha.

Os dois me levaram até o início do morro e me deixaram lá por conta da barricata.

Me despedi deles e sai do carro, mas quase morri de frio quando o vento gelado bateu em mim.

Que ódio do Lucas! Agora tô com a roupa toda molhada e morrendo de frio.

Começo a tossir e tremer.

- ô maluca, tá fazendo o que essa hora na rua? - ouço a voz de quem eu tanto evitei e me viro.