𝕮𝖆𝖕𝖎̨𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖉𝖔𝖎𝖘

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...

O caminho era longo, e meus braços já estavam dormentes de tanto manusear o volante, mas faltava pouco para chegar no meu destino, coisa de dez minutinhos. Umedeci meus lábios, enquanto meus olhos se mantinham fixos no farol, à espera de que abrisse logo e eu pudesse dar continuidade à minha rota, que estava sendo meio tensa de Mogi pra cá, mesma fita que estava acontecendo lá no meu quarto, vários pensamentos dando nó na minha mente, bem que falam que a mente é sua maior inimiga, quanto menos você quer lembrar de algo, mais aquilo batuca no teu pote, foda!

Desencanei dos meus pensamentos ao ouvir um carro buzinar atrás de mim para que eu andasse logo, oxi nem vi o sinal abrir.

  -Tá com pressa, carai?

Gritei da janela e acelerei o carro seguindo meu caminho até o trampo da gata, estava há treze minutos atrasado, ela vai chapar na minha. Estacionei logo em frente e desci do carro, entrando rapidamente no local, já vendo de primeira a Nicoli, parceirona da s/n, essas duas não se desgrudam, toda vez que colo aqui elas estão juntas.

  -Iae, Nick. Suave?

Nick: E aii Kevin, finalmente apareceu, faz tempo que não te via.

  -Tava com saudade? -Sorrio a vendo me mostrar a língua, logo cumprimentando o pessoal do balcão com um aceno.- Cadê tua amiga?

  Nick: Tá se arrumando pra você lá no banheiro, falo mesmo.

Ela me confessa, fazendo com que eu desse uma leve risada.

  -Então ela nem ligou que eu to atrasado, tá suave.

Vejo as horas no relógio em meu pulso, espero que ela não demore, pra gente sair daqui antes da meia noite.Troquei alguns papos com o pessoal do trampo dela enquanto a madame se arrumava, por que mulher demora tanto pra se arrumar? Não entendo mano.

  -Será que ela vai demorar?

Franzo a testa pegando meu celular em mãos, porém antes que eu pudesse desbloquear a tela, reparo na mesma finalmente aparecendo. Ela estava deslumbrante, como sempre foi. Mesmo com a roupa do trampo, ela permanecia maravilhosa, puta que pariu!

s/n: Sentiu minha falta?

Ela sorri ajeitando seus cabelos, enquanto se aproximava de mim, me dando aquele abraço gostoso que só ela tinha.

  -Carai, você vai pra algum encontro? Quem é o zé ruela?

Arqueio uma das sobrancelhas, totalmente em tom de brincadeira, vendo ela rir e negar com a cabeça.

s/n: É um tal de Kevin, conhece?

  -Horra, meu parceiro... Vamo, fia? Daqui a pouco sua mãe me manda mensagem perguntando se eu já to em casa contigo.

s/n: Ah vamos, vamos!

Espero ela se despedir dos seus colegas de trabalho e apenas dei um aceno à eles, indo até o carro onde abri a porta para ela entrar.

s/n: Tá muito cavalheiro, qual foi o bicho que te mordeu?

  -Iih, tá chapando (s/n)?  Sempre fui assim contigo.

Faço cara de bravo enquanto ela ria, bobona essa mina tio, deve ser por isso que eu me identifico com ela. Caminhei logo para o lado do motorista e adentrei o carro, saindo dali acelerado.

O caminho de volta sempre parece ser mais gostoso e mais rápido, quando nois tá sozinho é mó demora, mas quando estamos numa companhia daora, o tempo voa e cê nem vê.

...

Conforme o tempo ia passando, o diálogo ia diminuindo e a atenção na estrada aumentava. Já era quase uma e meia, eu estava indo devagar demais, coisa que não era normal pra mim, já que eu sempre to correndo por aí. Mas com ela no passageiro é diferente, tenho a maior cautela com essa mina, um arranhãozinho sequer nessa garota, a mãe dela me caça até no inferno, é fi... Mãe protetora é coisa louca!

Mantive minha atenção no meu caminho à frente, enquanto a observava de vez em quando, ela estava quietinha, provavelmente o trampo foi cansativo e ela estava com sono. Antes que eu pudesse ir para casa, parei em uma comunidade onde sempre arrumava minha erva com os parceiros, logo tirando o cinto e desligando o carro.

  -Fica ai, beleza? Eu vou pegar aquela paradinha aqui com os moleque, não sai desse carro, e nem abre o vidro pra ninguém, eu não vou demorar.

Falo enquanto pegava minha carteira, vendo ela assentir um pouco tensa, filhinha de mamãe, né? Tem medo de entrar em comunidade. Sai do carro já reparando os caras se aproximando, num cumprimento rápido, já soltei as ideias que em poucos minutos já foram atendidas, gastei uma grana hoje, aliás eu ia precisar de muito reforço.

  -Ae, faísca! Tem como você me arrumar um bagulho a mais? Aquela fita que faz a pessoa dormir e não acorda até o efeito passar?

Faísca: Ih, irmão! Tá querendo dar o golpe da bela adormecida em quem?

Ele ri dando um leve soco em meu ombro, oh cara bruto da porra!

  -Né nada demais irmão, consegue arrumar pra mim?

Faísca: Claro carai, sou eu, parceiro! Você ja viu eu te deixar na mão? -Observo ele pegar um radinho, entrando em contato com outra pessoa- Iae, bola! Desce um bnc aí.

  -Bnc?

Faísca: É, meu chapa! Boa noite Cinderela, nunca ouviu falar?

  -Parça... Isso não faz mal não, faz?

Faísca: Não se você souber usar direito e evitar misturar com cachaça muito forte.

  -E isso dura quanto tempo?

Faísca: Depende. Têm pessoas que dormem por umas horas e têm outras que dormem o dia todo! Pesquisa certinho irmão.

Engulo seco enquanto ele falava, eu estava me sentindo um puta de um irresponsável, mas eu não ia conseguir convencê-la. Esperei por alguns segundos até o outro cara trazer o que o Faísca havia pedido. Enfiei tudo na minha bag agradecendo os cara e fui para o carro entrando no mesmo um pouco tenso.

s/n: Tá tudo bem?

(S/n) me pergunta um pouco preocupada, me influenciando a tentar disfarçar o máximo possível a minha tensão.

  -To suave, bebê. Por que?

s/n: Por nada... Você parece tenso.

  -Eu to bem, só tô com um pouco de sono.

Minto, desviando meu olhar do dela e dando partida, meu coração estava acelerado, mas agora eu não podia voltar pra trás.

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𝕽𝖊𝖘𝖙𝖆𝖗𝖙 𝕺𝖋 𝕺𝖚𝖗 𝕷𝖎𝖛𝖊𝖘Where stories live. Discover now