𝕮𝖆𝖕𝖎𝖙𝖚𝖑𝖔 𝖔𝖎𝖙𝖔

144 12 2
                                    


...

Fico por segundos olhando pro nada enquanto pensava em algumas coisas, até perceber o meu parceiro saindo da cabine, se aproximando de nós.

Parceiro: A bela adormecida dormiu de novo?

  -Oxi, maluco! Tu não tava pilotando?

Questiono meio assustado.

Parceiro: Tava, ué! Mas eu troquei, já estava a mais de quatro horas pilotando, irmão.

Ele se senta numa poltrona à minha frente, nos observando.

Parceiro: Logo menos a gente chega, hein? Tu já comeu alguma coisa?

  -Ainda não... Tava tenso, estava sem fome.

Parceiro: Então agora cê já pode comer! Bora, vamos comer. Deixa ela ai quietinha.

Ele levanta da poltrona, me puxando pelo braço. Deixei (s/n) deitada de boa, e me sentei numa mesinha com o mesmo, começando a comer um bolo que havia ali, enquanto trocava uns papos com meu parceiro.

Seis horas depois...

Já havia feito de tudo dentro daquele jatinho, já tinha comido, já tinha conversado, dormido, jogado, e não chegava nunca! Estava agoniado, não aguentava mais ficar naquele lugar.

  -A gente já tá chegando?

Pergunto para meu parceiro, que estava assistindo um filme.

Parceiro: Coisa de meia horinha irmão, já estamos chegando.

  -Não aguento mais esperaaar!!!

Passo as mãos pelos cabelos em agonia, vendo ele me encarar, mostrando o dedo do meio.

Parceiro: Para de fogo no cu, morô? Até agora cê tava suave.

  -Mas eu não to mais, e aí? Agonia da porra ficar aqui sem fazer nada!

Parceiro: E quando cê sair daqui? Vai fazer o que? Só ficar no hotel sem nem saber como se virar, bestão.

O mesmo nega com a cabeça, me olhando de cima a baixo.

  -Mas vou estar com o pé no chão, não no alto, correndo risco de cair e morrer, né?

Falo olhando pela janela, vendo ele rir e logo me dar uma empurrada.

Parceiro: Cala a boca, fi! Sossega mano, senta ai e vamo assistir, logo logo nois tá descendo, beleza?

Ele arqueia as sobrancelhas me encarando, fazendo com que eu bufasse e me sentasse ao seu lado.

  -Tá, né? Puta que pariu, o que que eu to fazendo da minha vida?

Nego com a cabeça.

Parceiro: Oh, para de encher o saco, hein?

Ele me dá uma cotovelada me fazendo rir, desviando minha atenção para o filme que passava.

...

Já estava cochilando sentado ali naquela poltrona, até que sinto alguém me cutucar, acordando meio assustado.

  -Que? O que foi?

Parceiro: Ae mané, já chegamos.

O mesmo me puxa, fazendo com que eu me levantasse meio tonto, segurando na poltrona.

  -Calma aê, acabei de acordar, tá tonto caraio?

Parceiro: Você que tá tonto, cuzão! Bora, me ajuda com as suas coisas.

Suspiro um pouco pesado coçando meus olhos, logo caminhando até o rapaz, ajudando ele a pegar minhas coisas. Ao abrir a portinha do jato, desço as escadas devagar, apreciando a vista da cidade de cima de um prédio, ficando totalmente boquiaberto com a beleza do local.

Parceiro: Vai babar ai, irmão.

Ouço ele dar risada, e volto minha atenção para o mesmo um pouco sério, voltando a descer as escadinhas do jato. Fico calado enquanto os homens descem com minhas coisas, observando ao redor.

Parceiro: É... Você chegou ao seu destino, irmão.

Ele me abraça de lado, apreciando a vista junto comigo, me fazendo suspirar.

  -Valeu, parça! Você me salvou.

Parceiro: Imagina, tá ligado que aqui a parceria é forte, maninho! Mas na moral?

O mesmo me vira, olhando em meus olhos.

Parceiro: Qualquer coisa, QUALQUER COISA que você precisar irmão, por favor, me liga!! Não quero que passe por perrengue aqui, qualquer coisa que você precisar, grana, se precisar voltar pro Brasil, me dá um grito, parceiro!

Seu tom de voz era sério, me fazendo assentir com a cabeça, engolindo seco.

  -Pode pá, parça.

Falo sério, vendo ele me entregar um cartãozinho com seu número.

Parceiro: Pega lá a mina, vamo nessa!

Ele vai caminhando até a portinha, logo sumindo pelas escadas. Fiquei pensativo por alguns segundos, porém logo volto à realidade, indo até o jatinho e pegando (s/n) no colo, descendo lentamente para não machucá-la.

(S/n): A gente... A gente... Eu acho que... Esquecemos de passar pano na loja, Nicoli!

Ela fala sonolenta, me fazendo dar um sorrisinho.

  -Não se preocupa, minha vida! Você nunca mais vai ter que passar pano naquela loja, cê tá comigo!

Dou um beijinho em sua testa, logo indo até a portinha, descendo as escadas devagar com a mesma.

Ao chegar no térreo, já havia um carro me esperando. Respirei fundo indo até o mesmo, entrando ali e deitando (s/n) no banco, com a cabeça em meu colo. Ao fechar a porta, abro o vidro, vendo meu parceiro se aproximar, apoiando o braço na porta.

Parceiro: Felicidades ai, irmão, na sua nova etapa de vida! Boa sorte pra vocês, que Deus abençoe ai a caminhada de vocês daqui em diante.

Assinto enquanto sinto meus olhos lacrimejarem, o encarando.

Parceiro: Iih, truta! Sem chororô, mané. Qual que é a fita?

Ele ri, me fazendo dar risada também.

  -Amém, irmão! Obrigado mesmo pela ajuda. Mas... Pra onde ele vai levar nois?

Pergunto curioso.

Parceiro: Surpresa! Deixei um hotel pago por dois meses pra vocês ficarem numa boa. Só vai ter que ir no corre da comida, maninho.

Arqueio as sobrancelhas ao ouvir suas falas, e rio sem graça.

  -Porra, irmão, valeuzão!

Parceiro: Tamo junto, menino maluquinho. Vai lá, boa vida, bom proveito!

Ele sorri se afastando do carro, que logo foi dando partida, o encarei por alguns segundos com uma carinha de criança assustada, enquanto o mesmo apenas acenou com a cabeça, até que eu não o visse mais. Encostei meu corpo no banco, suspirando pesado e fechando meus olhos, agora é caminhar pra minha... Pra nossa vida nova!


~~~

𝕽𝖊𝖘𝖙𝖆𝖗𝖙 𝕺𝖋 𝕺𝖚𝖗 𝕷𝖎𝖛𝖊𝖘Where stories live. Discover now