Expresso do Infinito

CAPÍTULO 4

No Brooklyn...

Otis e Jordan percorrem as ruas em direção a Manhattan, cada um com suas próprias motivações. Otis está determinado a resgatar sua nova conhecida, enquanto Jordan o acompanha apenas porque é o caminho para sua casa.

- Sapphire Building – Resmungou Otis enquanto andava.

- Cara, para de ficar repetindo isso a cada dois passos! - Disse Jordan.

- Desculpa, só estou pensando em o que eu vou fazer quando entrar lá.

- Se você conseguir entrar né? - Disse Jordan levantando sua sobrancelha.

- Como assim?

- Humanos não podem entrar no Sapphire Building, apenas dinossauros.

Essa informação faz Otis sentir como se um balde de água fria tivesse sido despejado sobre ele. Desolado, ele parar de andar, se ajoelha e encara o chão com seriedade no olhar, como se estivesse vendo uma disputa acirrada entre formigas por um pedaço de bala de hortelã.

- To lascado. - Diz Otis desolado. - Eu só queria estar em casa.

Jordan o encara com um olhar de pena. Ele enche as bochechas de ar e solta um suspiro, antes de olhar para o céu e para Otis.

- O estranho fato de você não saber o que são engravassauros e que o Sapphire Building não aceita humanos... é literalmente coisa de outro mundo. - Diz ele a Otis, seguido de um espirro. - Você realmente não é daqui, não é?

- Não. Eu já te disse.

Jordan o encara em silencio novamente.

- Olha, eu ainda te acho maluco, não entenda mal. Mas estou disposto a te ajudar. - Diz ele.

Otis olha para ele de baixo, com um olhar de cachorro pidão, como se ele visse em Jordan Newman a própria encarnação da esperança e tudo que ela representa.

Jordan coloca dois dedos na boca e solta um alto assobio. O silêncio se instala por um breve momento. Otis repara que a poça de água ao seu lado estava vibrando em um impacto de tremor. Um certo filme vem em sua mente. Ele encara aquela poça com os olhos arregalados e em seguida fala:

- Talvez seja a força tentando voltar. - Falou Otis bem baixinho.

- O que? - Pergunta Jordan.

- Nada. - Responde Otis recuperando sua atenção perdida.

No cruzamento, no final da rua, o grande Benjamin surge correndo com todo seu porte não extinto. Com a língua para fora, corre em direção ao seu amado dono. Otis fica assustado no começo, mas seu medo passa quando vê Jordan o acariciando.

- A ideia é a seguinte... Benjamin abre a boca! - Ordena Jordan.

Benjamin se encurva para frente e abre sua grande boca. Sem precisar falar mais nenhuma palavra, o cérebro de Otis Gleeson já tinha compreendido a situação. Ele encara aqueles dentes afiados imaginado um fio dental gigante tirando pedaços de seus membros dentre eles. Otis dá uma risada de medo.

- Ha-ha Hahahaha! Essa foi boa! Até em outra dimensão você continua com seu senso de humor afiado! Hahaha! - Comentou Otis com um leve tom apreensivo.

Jordan o encara em silencio do lado da boca aberta de Benjamin.

- Não é uma piada, não é? - Pergunta Otis com infelicidade.

- É uma ótima ideia, fala a verdade! - Disse Jordan.

- Você pirou? Ele vai me devorar! – Exclama Otis, com sua voz trêmula e desafinada como um adolescente na puberdade.