capítulo 38

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Leonardo Siqueira 💪

Chegamos na praia rapidinho. Não tem tanta gente agora por ainda ser cedo, então tá tranquilo. Com a nenê no colo toda coberta, Luanne está arrumando as coisas no chão.

Logo nos sentamos.

Siqueira: Você sempre faz isso?

Luanne: Sim... - Ela pegou a Mel e colocou deitada no pano.

Concordei e olhei para o mar. A ventania me fez esfregar as mãos. Virei o rosto começando a tossir.

Luanne: Ainda com essa tossir?

Siqueira: Gripei...

Luanne: Você gripou ou fumou? - Ele para ela. - Você tenta para com as drogas, e eu tô disposta a te ajudar. Mas uma coisa que eu percebi, é que a maconha que você fumar. Faz você tossir pra caralho depois. Porque não tentar para com ela.

Passei a mão na cabeça.

Siqueira: Ela faz eu esquecer minha realidade pelo menos um pouco.

Luanne: E depois você fica morrendo pelo os cantos?

Comecei a tossir de novo, passei a mão na boca e ali estava o bendito sangue.

Luanne olhou para minha mão e logo desviou ficando calada. Sei que quer perguntar o motivo, do porque. O que aconteceu, e porque eu não me esforço mais para parar. Sei lá, se eu tenho alguma doença, mas pô...

Siqueira: Comecei a fumar com dez anos de idade... - Ela me olhou e eu desviei o olhar para a Mel que dormia. - Meu pai me obrigou, no começo não quis não tá ligado.

Tirei meu celular do bolso e coloquei ali do lado.

Siqueira: Ma de tanta merda que aquele cara fazia, eu comecei a fumar pra sair da realidade. Mas nem a maconha tava adiantando mais. De tanto ver aquele velho cheirando, eu comprei minha primeira cocaína. Cherei, fiquei doidão. Pô, tinha só onze anos e tava nessa já.

Luanne: E seu pai... Seu pai não te impediu. Sei que ele te deu a maconha, mas...

Soltei um riso e puxei ela pra mais perto que veio com um bico nos lábios.

Siqueira: Ele me viu na rua, doido. E riu, me puxou para casa e ali ele me fez cheira mais ainda. Bagulho que passei semanas dentro de uma casinha, magro, sem comer e doido. Tinha nem mais forças para respirar.

Ela deitou a cabeça no meu peito e segurou minha mão estrelaçado uma na outra e começou a fazer carinho.

Luanne: Eu...

Siqueira: Quem me tirou de lá foi minha mãe. Mas não era porque se importava comigo, e sim porque não tinha mais ninguém pra roubar as paradas pra ela e pá. Passei meses tentando me recuperar, mas eu tinha viciado... Então só foi ladeira abaixo. Tava indo no caminho dele.

Luanne: E quando você resolveu para? Quando tomou essa decisão?

Ela levantou a cabeça e me encarou. Olhei em seus olhos e logo sua boca, dei um selinho nela que logo sorriu.

Minhas Memórias Where stories live. Discover now