Ouço uma batida na porta enquanto Lauren está no chuveiro. Me movo para a mesma e me deparo com Martha, como se identificou a senhora que nós acolheu, né encarando com um sorriso caloroso.
— Olá, querida está tudo bem? Precisam de alguma coisa? Temos mais toalhas de banho se precisarem e meias quentinhas, olha — Ela aponta para seus pés, que estavam calçados apenas com uma meia sapatilha com um pom pom enorme na ponta. Evito uma careta para a meia horrorosa e forço um sorriso para ela.
— Estamos bem, não se preocupe.
— Ah sim, vim avisar que o jantar estará pronto as 19:00. Temos tripas, feitas em casa, receita de família. — Ela continua sorrindo, orgulhosa de sua receita e estreito as sobrancelhas.
— Tripas?! — Balanço a cabeça, tentando disfarçar o revirar do meu estômago com um sorriso de orelha a orelha.
— Nada como estômago de vaca num dia chuvoso. — Ela exibe gentilmente.
— Que delícia! Ouviu isso, amor, vai ter tripa para o jantar. — Grito para Lauren, levemente irônica.
— Ah, tripa! — Lauren resmunga por cima da água. — Eu estava pensando, senhora, para agradecer por ter nos acolhido sem aviso prévio, por quê não me deixa cozinhar?
Martha estreita as sobrancelhas, estranhando o pedido.
— Não, querida, não posso!
— Ah, pode sim. — Balanço a cabeça, quase desesperada. — Ela é uma chef renomada, muito boa mesmo...
— Isso é verdade! — Lauren resmunga de volta, finalmente desligando o chuveiro.
— É mesmo? — Sua feição muda para impressionada, e suspiro de alívio, nem morta comerei tripa no jantar — Mas que ótimo. Nós temos um casal de italianos hospedados também. Vai ser ótimo.
— Claro. — Continuo sorrindo, desta vez satisfeita.
Martha se despede e volta para o andar debaixo.
— Mandou bem. — Me viro para a banheira, encarando a cortina semi aberta.
Arregalou os olhos ao ver Lauren sem querer, a toalha mal enrolada em volta de seu busto deixando apenas uma fenda ao lado de seu corpo, revelando pouco de seus seios, descendo pela cintura delineada e suas coxas torneadas. Engulo em seco, seguindo o rastro de água que as gotas fazem em sua pele pálida.
Um queimor se espalha pelo meu corpo, e meu rosto provavelmente está ruborizado quando Lauren ameaça soltar a toalha do corpo e me vejo desesperada para sair do quarto, me guiando cegamente para a porta sem conseguir tirar os olhos dela. Sinto o encontro com a madeira fria em meu rosto e só então me viro completamente para sair, percebendo que bati no umbral da porta.
Decidi me guiar aos fundos da casa para tomar um ar, aproveitando que a chuva tinha cessado. O tempo ainda estava fechado, e faltava pouco para começar a escurecer. Tentei abafar o queimor pensando em Mathew, e no quanto estava ansiosa para encontra-lo.
Mal podia imaginar que cara ele faria quando eu me ajoelhasse e... Fizesse o que ele deveria ter feito. Quero dizer... Pisco, sem saber o que pensar. Parece que as palavras negativas de Lauren estão começando a me afetar, mesmo que eu tentei né convencer de que estás não são verdades.
Matthew quer se casar comigo, só não encontrou as circunstâncias certas para fazer isso... Ele é metódico demais...
— Você me ajuda com as cenouras? — Quase pulo de susto ao ver Lauren aparecer ao meu lado.
Olho para seus olhos verdes e de repente lembro da camada de pele exposta sob a toalha e meu rosto torna a corar. Ela estreita os olhos pra mim, confusa.
CZYTASZ
Ano Bissexto
FanfictionDiz uma história antiga que as mulheres na Irlanda podem pedir seus namorados em casamento apenas no dia 29 de Fevereiro, dia que acontece apenas em ano bissexto. E esse é um dos motivos de Camila viajar a Dublin, na Irlanda, para pedir o namorado M...