"brigas e ruínas"

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[...]

Permaneceram em silêncio por quase uma hora, apenas com o saltinho de Camila fazendo barulho pela estrada de tijolinhos e por vezes alguma reclamação de seu estado atual, o que parecia muito irritante para Lauren em meio aquele mar de nada, apesar de parecer estar se acostumando com os insultos irrefreáveis, já que a americana parecia considerar em seu vocabulário sofisticado apenas "caipira", "arrogante" e "imprestável" como palavras chulas. Camila, por sua vez, lamentava interiormente por todo caminho o quão cansada estava e logo não mais aguentaria.

Como uma luz no fim do túnel, Lauren avistou a casa ao longo da estrada e suspirou de alívio.

"Bar do Big Thom's, servimos comida, mas a cerveja é ótima" Camila leu em uma plaquinha assim que se aproximou da construção rústica. Só então notou que Lauren havia lhe deixado para trás e quando entrou pela porta velha a encontrou bebericando um grande copo pint de cerveja. Ela revirou os olhos enquanto a irlandesa erguia o copo tradicional em sua direção,  recusando imediatamente a bebida.

Entrou vagarosamente observando todo o bar, a decoração rústica parecia um modelo bastante usado naquela parte da irlanda, mas de uma maneira totalmente desorganizada, era doloroso de se ver tanto mal gosto nas cores, nos quadros e... Naquelas ferraduras penduradas em todo canto. A única coisa que lhe agradara era a máquina de salgadinhos.

— E aí?! — A voz de Lauren lhe chamou a atenção e Camila se voltou pra ela suspirando. — Quando eu acabar a cerveja vamos chamar o reboque.

— Vamos? Nada de vamos. — Camila esbrevejou — Eu vou chamar um táxi de verdade e você vai sumir da minha vida!

— Ah, tá bom, Bob! — Lauren revirou os olhos e continuou bebericando sua cerveja enquanto Camila, sem dar atenção a provocação da outra, ia em direção ao balcão, onde havia um homem de costas com uma camiseta escrita "Eoghan" bem grande, no qual Cabello supôs que fosse o seu nome.

Eiogan, com licença...

O homem se virou e Camila interrompeu a si mesma enquanto o observava, ele era alto e intimidador.

Oen! — A voz grosseira corrigiu a pronuncia de seu nome.

— Ah, tudo bem... Oen... Você tem um telefone, por favor? — Camila perguntou ainda meio intimidada, enquanto o homem estranho apontava para o outro lado do bar, onde havia um telefone na parede. Seus olhos até mesmo adquiriram um brilho extra quando viu o homem falando com alguém no telefone de fio disposto ao lado das mesas e agradeceu por não ter que usar algo parecido com aquela estranhesa de telefone de disco que encontrara no bar da caipira.

Um homem estava a falar com alguém e não parecia nem um pouco perto de desligar, a pressa de Camila era tamanha que a ansiedade dominava seu peito.

— Se cuida, ein, Camila de Boston. —Lauren murmurou da mesa em que estava sentada, enquanto a outra apenas ignorou e tentou falar com o senhor que parecia de perto bastante irritado, e o mesmo aparentava ignora-la tanto quanto ela ignorava a caipira sentada a alguns metros de distância.

Conversas por detrás de uma porta encostada lhe chamou a atenção e por um segundo de curiosidade desviou os olhos do homem que segurava o telefone como se nunca fosse solta-lo e o direciou a sala, flagrando quatro homens rindo em volta de uma mesa, mais especificamente quatro homens idiotas rindo em volta de uma mesa que continha uma mala aberta, e nada poderia ser mais inerente do que uma mala aberta com o logo da louis vuitton estampado em seu couro legítimo tão estimado.

Ano BissextoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora