"caipira mal amada"

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Escolher roupas confortáveis para viajar naquelas circunstâncias parecia extremamente difícil para Camila, afinal, as únicas roupas que estavam na mala eram para durar algumas noites em um hotel, na capital da Irlanda, onde provavelmente Matthew a...

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Escolher roupas confortáveis para viajar naquelas circunstâncias parecia extremamente difícil para Camila, afinal, as únicas roupas que estavam na mala eram para durar algumas noites em um hotel, na capital da Irlanda, onde provavelmente Matthew a levaria para conhecer lugares luxuosos.

Não havia uma peça sequer que ela considerasse boa o bastante, então pegou a primeira que apareceu, e sentiu seu coração apertar por usar o terninho rosa naquele lugar imundo. Por fim suspirou sabendo que não poderia sacrificar nada melhor e começou a se trocar, ainda meio preocupada com a sua situação atual. Ela estava trancada naquele quarto a meia-hora, esperando que a mulher fosse até lá dizer algo sobre levá-la a Dublin, e nada.

Até que no momento em que ela se livrou de todas as roupas, como uma ironia pela meia-hora que a mulher rude não apareceu, a porta se abriu e dois pares de olhos verdes a queimou. Camila soltou um grito antes de puxar o lençol e se cobrir.

— Merda, sai daqui. — Ela gritou indignada. A mulher apenas revirou os olhos e deu dois passos para dentro do quarto, parecia se divertir com o desespero da garota.

— 500 euros foi o que você prometeu, me diz, sim ou não? — Camila ergueu umas das sobrancelhas para ela e queria mandar ela se virar, mas a mulher não parecia se importar muito com suas partes descobertas, apesar do fato do lençol estar fazendo todo o trabalho de tampa-los.

— Você disse que não é fã de Dublin, não pretendo ser inconveniente.

— Não está sendo inconveniente.

— Que parte do saí daqui será que você não entendeu?

— Um simples sim já basta, Camila de Boston.

— Sim, satisfeita? Agora saía! — Ela apontou para fora e a mulher rude simplesmente lhe deu as costas e saiu.

Camila soltou um murmúrio de insatisfação e se livrou do lençol, pegando o conjunto para começar a se vestir, mas antes que conseguisse, a porta se abriu novamente.

— Eu tinha quase me esquecido, são 300 euros pelo quarto, o vandalismo está incluído. Esteja pronta em 10 minutos! — A mulher sorriu novamente enquanto Camila estreitava os olhos em sua direção.

— Eu estou pelada! — Murmurou assim que a outra fechou a porta.

Ainda indignada com a audácia da mulher rude, se vestiu e juntou suas coisas, descendo logo em seguida.

O sol já estava um pouco alto pela manhã que pretendia ser chuvosa, mas não podia reclamar, o tempo bom acelerava o processo de viagem rumo a Dublin e menos ela teria que suportar aquela caipira grosseira. Parada na frente da hospedaria, teve alguns minutos para apreciar as crianças brincando no jardim ao lado, enquanto os raios solares fundiam-se a sua pele. Arrastou a mala pela estradinha de pedras enquanto equilibrava a mala de mão na outra, corroendo-se em insatisfação por não ter ninguém para ajudá-la.

Ano BissextoWhere stories live. Discover now