Capítulo 2

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Capítulo dedicado a todos que têm ou já tiveram vontade de mudar o mundo. 

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– Por favor, Otávio. – Pede Catarina.

– Não, não, não. Pela milésima vez: Não. – Diz Otávio, e Catarina sabia que ele já estava perdendo a paciência.

– Você sabe que eu sou melhor do que a maioria desses garotos. – Diz ela.

– Você só tem 16 anos, Catarina. Não pode viajar a...

– Não me venha com essa. – Catarina o interrompe, rudemente. – A maioria desses garotos tem entre 15 e 16.

– Mas você é mulher. – Otávio lembra e depois aperta os olhos, frustrado por ter deixado escapar o real motivo. Catarina já sabia, mas era diferente ouvir saindo da boca dele.

Otávio tinha ido cedo para o ginásio preparar as coisas para a competição, e Catarina, que já sabia disso, tinha feito a mesmo.

– Eu me visto de homem. – Diz Catarina.

– Por que você quer tanto ir? – Pergunta Otávio.                          

– Porque sou boa. – Diz Catarina. – Você sabe que eu sou.

– É só esse o motivo? – Ele pergunta.

– Eu não posso fazer nada aqui, minha vida está uma merda desde sempre. Eu preciso... fazer algo novo. Preciso sentir alguma coisa.

– Sentir o quê? – Pergunta Otávio sem entender.

– Qualquer coisa. – Diz Catarina. – Qualquer sentimento que preencha esse vazio dentro de mim.

            Otávio pensa por alguns segundos, e Catarina se enche de esperanças por achar ele está cedendo.

– Me desculpa, Catarina.

– Não, por favor. – Ela pede.

– Isso é para seu próprio bem. – Ele diz.

– Não venha com essa. – Diz Catarina irritada. – Você só não me leva por medo do que os outros vão dizer de você.

– Não, acredite em mim, isso é por você. Não tem ideia do que as pessoas farão quando aparecer como a única mulher do vale. – Diz Otávio.

– Como você pode saber? Nunca uma mulher daqui participou. – Diz Catarina.

– Uma já. – Diz Otávio.

– Quem? – Pergunta Catarina.

– Sua mãe. – Ele responde, e Catarina quase perde o equilíbrio.

– Como? – Pergunta Catarina.

– Ela tinha amigos em outros vales, e eles a levaram. – Responde Otávio. – Foi lá que eu a conheci. Fui apresentado, melhor dizendo, porque sempre soube da existência dela. – Catarina não sabe ao certo o que significa essas palavras. – Ela foi campeã na prova de música e isso não acabou muito bem. –

Embora essas palavras fossem para fazê-la desistir, Catarina só sente mais vontade de ir, ela precisava participar dessa competição. Desde a morte de sua mãe 5 anos atrás, Catarina tentava se prender a tudo que tinha a ver com ela. Podia ser coisas materiais ou até pequenos momentos e, se sua mãe passou por isso, se entrou nessa competição, Catarina iria entrar também.

1 - Sobre Meninas e LobosWhere stories live. Discover now