Penúltimo Capítulo

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CAPÍTULO X





Petra observou as demais mulheres que se encontravam no recinto exclusivo do hipódromo com certa apreensão.


Era o início da temporada de corridas e suspeitava que agora, um mês após o casamento, deveria estar familiarizada com o ambiente agitado e sofisticado dos eventos sociais de que deveria participar como mulher de Rashid.


No curto período de tempo em que estavam casados já haviam assistido aos campeonatos de tênis e a um famoso torneio de golfe, além de uma série de eventos comerciais patrocinados pela família real nos quais Rashid, um de seus arquitetos favoritos e parceiro de negócios, representava um papel de importância primordial.


E agora, dentro de alguns dias, ocorreria o mais prestigioso acontecimento do calendário social de Zuran, o Grande Prêmio de Zuran, uma das corridas de cavalos mais glamourosa do mundo.


Cavalos, treinadores, jóqueis, proprietários e suas mulheres elegantes vinham chegando a Zuran durante todo o mês. Toda a cidade se encontrava num estado de animada expectativa por causa da corrida e seu possível vencedor.


Rashid inscrevera seu cavalo, um animal americano de três anos, treinado na Irlanda e que ficava nos estábulos, próximo à pista de corridas. Juntamente com poucos proprietários favorecidos, Rashid teve a permissão de usar a pista para treinamento.


Petra e Rashid deveriam entreter um grupo de empresários europeus que ficariam hospedados em seu hotel durante a semana das competições.


Diferente das outras mulheres, Petra não considerou necessário viajar até Paris ou Milão para comprar algum traje especial para o evento. Em vez disso, preferiu ficar na cidade e acompanhar a chegada de um famoso estilista que lhe fez o chapéu ideal para assistir às corridas.


O casal recepcionou diversos políticos, esportistas e empresários do mundo inteiro na estonteante vila que Rashid projetou e em seu oásis privativo. Em nenhuma dessas situações ele deixou de representar o papel de marido devotado.


No entanto, em particular eles agiam de maneira bem diferente. Dormiam em quartos separados e quando não participavam de reuniões sociais eles mal se viam.


Rashid trabalhava em um de seus empreendimentos espalhados pelo mundo ou, quando se encontrava em casa, visitava os estábulos para conferir o desempenho de seus cavalos juntamente com seu treinador particular.


Evidentemente, Petra tinha seus próprios compromissos. Fora convidada a entrar no Clube das Senhoras de Zuran, presidido pela princesa. Nos almoços e eventos beneficentes de que participava fez amizade com a moça que fora a principal ajudante em seu casamento, uma parente de sua tia.


O bom senso lhe dizia para encarar o fato de não estar grávida como uma boa coisa. Em vez disso, contudo, passava a noite chorando silenciosamente em seu quarto. Se tivesse um fIlho, ao menos teria a oportunidade de possuir algo dele que pudesse amar publicamente.


E essa era a dor que aos poucos a consumia.


Entretanto, aos olhos das outras pessoas ela certamente parecia alguém bastante feliz, Petra pensou consigo enquanto se, admirava em frente ao espelho.


Rashid, que ficaria ausente pelos próximos dois dias em viagem de negócios, havia mantido sua promessa e não tentou tocá-Ia.


Além disso, ele demonstrava ser extremamente fácil manter sua palavra, sua postura fria e educada enchia Petra de aflição enquanto lutava consigo mesma para conter a fúria de seus desejos e emoções.


Como era possível querê-lo tanto, quando era evidente que ele não a desejava? Petra passava as noites em seu leito ansiando por ele, desejando-o, pensando nele, criando fantasias a seu respeito e, pela manhã, despertava invadida por tal sensação de desespero que chegava a sentir desprezo por si mesma.

UM CONTO ÁRABE Where stories live. Discover now