all of me - jjk+kth

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❝KIM TAEHYUNG.

27 anos,  ômega, ensino médio completo, desempregado desde os 24 anos.

Taehyung olhou ao redor, passando pelas frestas das janelas, pela decoração vermelha e dourada nas almofadas e terminando no tapete sujo de canetinhas hidrográficas.

A casa (o trailer) em nada parecia com a sua cabeça. Enquanto uma estava amontoada de tralhas, a outra estava vazia. Respectivamente. Os brinquedos de Sun estavam espalhados por toda parte, assim como os cinzeiros e latas de cerveja de Heiner. Não havia um pertence de Taehyung sequer à vista. Um chinelo, uma joia antiga, uma roupa maltrapilha, e nem mesmo os óculos que passaram da validade e viviam jogados em algum lugar. Qualquer lugar. Eram inúteis, mesmo.

Mas não havia nada.

Taehyung estava acostumado a deixar seus pedaços por onde passava. O pouco que tinha, ele conseguia juntar numa mochila tranquilamente. E ele fez isso com Sun, também. Reduziu as roupas e brinquedos dela em uma mala, esta maior que a sua mochila de dinossauros rosas, porque não havia mundo em que ele preferiria levar suas coisas às da sua filha.

Então na mala, as coisas dela. Na pequena mochilinha de pré-escola, as coisas dele.

❝KIM HEINER.

37 anos, alfa, engenheiro alemão, desempregado há sete meses.

Heiner dormia profundamente. Depois de uma noite de bebedeira, ele estava nocauteado no quarto deles, quarto que Taehyung não pisava há quase três meses. Olhando mais uma vez para a sua realidade, o Kim quase pensou em desistir. Não porque ela era boa e feliz, mas porque era cômoda. Miserável, mas cômoda. Os brinquedos já estavam ali para mais uma manhã de bagunça, os enlatados mais baratos do mercado e próximos ao vencimento o esperavam para mais uma refeição, e os objetos todos estavam ali para serem atirados quando Heiner tivesse raiva. Raiva de qualquer coisa.

Um puxão em sua mão direita, no entanto, o chamava para a realidade fora daquele lugar. Longe dos ataques, da dor. Da solidão. 

Sun.

❝KIM SUN-HE.

2 anos e três meses. 

Sun segurava a sua mão, e segurava com força. Uma força que ele só parecia encontrar nela. Talvez estivesse nela, talvez ele nem dispusesse mais de força.

Mas seus pés estavam andando, estavam se arrastando para fora, seguindo por entre as florestas e estrada com um único objetivo.

Viver.