Capítulo 02

191 18 3
                                    

POV. KRISTAL

A noite naquele bar ainda parecia um branco em minha mente. Tudo o que eu lembrava era o dono daqueles olhos azuis como o mar. Meu corpo já tinha melhorado da ressaca e, após chegar em casa de manhã pela ponta dos pés, tomei um banho e fui entregar meus currículos.

Eu estava desesperada por dinheiro. Eu precisava do mesmo para ajudar minha mãe a pagar as contas de casa. O aluguel estava batendo no teto e o dono estava pronto para nos expulsar a qualquer momento.

Minha irmã é a típica pobre que finge ser classe média/alta. Sempre frequentando festas da alta sociedade (mesmo não tendo onde cair morto) e se preocupando em cuidar da aparência. Massageeei

Massageei minhas têmporas. Pensar nela me lembrou o fato de que agora tenho um par de chifres na cabeça.

Se eu já esperava isso vindo dela? Sim. Esperava e muito. Mas não do Matos. Sempre se mostrou alguém fiel e leal.

Respiro fundo e me lembro de que tenho que manter minha postura. Não posso arranjar emprego toda abalada emocionalmente.

***

Dias mais tarde, eu finalmente tinha arranjado um emprego de garçonete. O restaurante era pequeno, mas o chefe e os demais funcionários davam conta do recado com muito carinho e paciência.

- Kristal, não esqueça do exame admissional. - meu chefe me lembrou. - Só poderei assinar sua Carteira de Trabalho quando o completar.

Por ser uma firma ainda pequena, nós funcionários que buscamos os resultados. Acho até bom, pois assim descubro como estou ao todo.

- Sim, senhor. - eu murmurei.

- Bom, vamos. Todos voltando ao trabalho! Kristal, macarronada na mesa 3!

Peguei o pedido ali e, assim que equilibrei nas minhas mãos, senti uma tontura nauseante. Tentei me acalmar respirando fundo. O cheiro daquela comida fez meu estômago embrulhar. Me controlei e corri para entregar os pedidos. Quando retornei, peguei uns comprimidos e tomei. Já faz alguns dias que estou com o estresse no topo da cabeça então, como eu já sou acostumada com tais sintomas por conta do estresse, apenas tratei como tal.

Mais tarde, vejo ela, a minha doida favorita. Minha melhor amiga. Sempre me apoiava nas cagadas da vida e puxava minha orelha em outras. Eu fazia o mesmo. Tinha quase certeza de que éramos irmãs trocadas no nascimento.

Sorri.

- Bem-vinda, Aria! O mesmo de sempre? - perguntei e ela sorriu abertamente.

- Ah, você me conhece tão bem... - murmurou. - Sim, minha linda. Quero um podrão caprichado. Estou faminta.

- Só aguardar. - avisei, anotando seu pedido e indo colar no mural da cozinha no lado das refeições "para comer agora".

- E então? Como tem se sentido, Kris? - ela perguntou, segurando minha mão.

- Só o estresse me consumindo. Fora isso, tô ótima. Tenho seis meses para retornar à faculdade. Até lá, terei ajeitado minha vida. - contei.

- O que vai fazer hoje?

- Vou buscar o resultado do exame de saúde admissional. Por isso, vou sair daqui a pouco.

- Eu vou com você. Não tenho nada pra fazer pelo resto do dia.

- Ótimo! Eu já ia te pedir isso!

Conversamos mais algumas banalidades. Busquei seu lanche e, após atender mais algumas pessoas e Aria terminar sua refeição, bati o ponto e me retirei do restaurante de braço dado com minha amiga.

Grávida do Príncipe Where stories live. Discover now