Capítulo 17

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POV. KRISTAL

Se passaram algumas horas e a porta da entrada foi aberta.

Esse acidente só aconteceu porque eu estava afobada pelas descobertas recentes da minha vida. Era tudo mentira. Tinha que ser mentira. Eu não sabia se acreditava ou não no que aquele papel velho e amarrotado estava dizendo.

Foi nessa afobação que resolvi descontar minha frustração e problemas na comida. Comer me acalma. Descobri isso quando entrei no quinto mês de gestação. Na hora de descer as escadas, mesmo estando devagar, meu chinelo escorregou quando pisei na beirinha de um dos degraus. Como consequência, acabei perdendo o equilíbrio. O peso do meu corpo foi todo para a perna esquerda e senti uma dor imensa. Sem apoio, atingi o chão.

Senti a cabeça latejar e fiquei zonza. Quando recobrei totalmente a consciência, vi que meu sangue molhou o chão de madeira da escada. Na mesma hora, coloquei a mão na barriga, onde o bebê chutava agitado.

Tentei acalma-lo, mesmo eu estando desesperada. Quando eu cai, eu estava com o celular. Foi então que liguei para Felipe.

Nunca me senti tão feliz em vê-lo em toda a minha vida. Uma onda de alívio me atingiu assim que senti sua pele sob minhas mãos. Eu ainda achava que era uma peça pregada pela minha mente grogue.

    — Feliiipe... — choraminguei. — Eu... — tentei falar algo.

    — Shhh... Vai ficar tudo bem, okay? Não se preocupe. Vou te deitar no sofá, okay? — ele perguntou.

Vi Ana atrás dele, preocupada.

    — Eu tô vendo coisas? A Ana tá aqui? — murmurei.

    — Estou, amiga. — segurou minha mão. — Estou aqui por você, querida.

Beijou minha mão.

   — Kristal, você pode não estar sentindo muita dor pois você encontrou uma posição confortável para seu corpo. Assim que eu te mover, pode ser que toda a dor volte. Está pronta?

    — Não. — falei, enquanto ele entrelaça suas mãos em minha costa, me abraçando firmemente.

    — Vamos lá.

Ele me colocou de pé. Foi então que senti uma tontura e quase cai se não fosse por ele, me segurando firmemente.

Gemi de dor, o apertando. Eu senti que realmente tinha torcido o pé esquerdo ou qualquer coisa.

Lipe conseguiu me colocar no colo e me colocou no sofá. Depois, puxou a mesinha pequena do centro da sala e colocou uma das almofadas ali. Ele pegou meu pé esquerdo, pois estava ainda mais inchado do que antes e o colocou com delicadeza na almofada.

    — Ana, a cozinha é ao lado. Pode buscar gelo e o kit de primeiros socorros? — ele falou. — O kit está encima da geladeira.

Ana apenas afirmou com a cabeça e correu. Senti a mão de Lipe em meu ventre. Vi que ele tentou acalmar o bebê.

    — Foi só um susto... Só um susto... Vai passar logo, logo... — contava, alisando meu ventre com calma.

Por incrível que pareça, suas palavras ME acalmaram. Suspirei. Minha cabeça latejava. Eu queria chorar de dor, mas eu sei que isso só faria minha cabeça doer mais e minha garganta doeria também.

    — Achei! — Ana apareceu, com um pano de prato cheio de gelo e o kit de primeiros socorros. Ela colocou o kit na mesinha e Lipe foi até o mesmo. — Eu vou colocar essa bolsa de gelo improvisada no seu tornozelo. Okay?

Afirmei com a cabeça. Eu quis gritar quando senti o gelo em contato com minha pele.

    — Amor. — Lipe me chamou. Vi que ele enluvou as mãos e estava com gazes, algodão e um potinho com água oxigenada volume 10, própria para limpar feridas. — Eu vou limpar sua ferida. Pode apenas me encarar, por favor? Esquece o resto do mundo. Pode me bater, me xingar, o que quiser.

Grávida do Príncipe Onde as histórias ganham vida. Descobre agora