Capítulo 13

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POV. FELIPE

Uma semana se passou desde o primeiro desejo que ela sentiu. Kristal estava se alimentando bem e os enjôos eram menos frequentes. Eu passei a ficar mais tempo com ela, já que enviei todos meus trabalhos para o tablet. Se tiver algo para arquivar, eu ajeitaria depois.

Achei que tudo estaria bem até que meu pai me chamou para uma conversa em particular.

Suspirei. Desde dias antes do anúncio do noivado, ele não entrou em contato comigo ou com Kristal. Eu sabia que ele estava aprontando algo.

    — Entre. — a voz dele ecoou após eu bater na porta de seu escritório.

Entrei à passos largos e logo estava de frente para sua mesa de mogno bem entalhada e com alguns papéis na mesa.

    — Quero conversar sobre você e Kristal, meu filho. Sente-se. — ele disse, apontando para a poltrona em frente à sua mesa, logo ao meu lado.

Já senti que algo estava errado, já que, quando é apenas para jogar conversa fora, ele ia se sentar no sofá perto da janela para relaxar. Ele quer algo.

    — Perguntei várias coisas para Kristal sobre ficar com a criança. Mas não cheguei a te oferecer uma proposta. — ele entrelaçou os dedos frente do próprio rosto. — A gravidez já deve estar chegando aos seus três meses. O que acha de convencê-la a abortar? É melhor fazer o procedimento o quanto antes para...

     — Ououou! Calma! — me surpreendi. — "Aborto"? Sério? Tem parte do meu DNA naquela criança! Do seu DNA!!! É parte da sua família!

     — Não diga isso. Os rumores estão afetando nossa imagem. Os demais reinos querem cortar laços conosco por você se casar com uma plebéia! — ele falou com certo nojo em sua falas.

     — Você nunca planejou deixar que ela tenha essa criança, não é? — perguntei com medo da resposta.

     — Essa criança vai ser sempre um bastardo na nossa família. Você pode manter Kristal por perto se sentir alguma afeto por ela. Pode transforma-la em uma segunda esposa ou em uma amante ou...

     — Pare de falar tanta bobagem! Por que aceitou o noivado então?! Por que não a mandou embora se planeja magoar tanto ela? Você é doente! Eu amo aquela criança que está crescendo no ventre dela! É meu filho! Você quer tirar ele de nós apenas por meros títulos?!!

Eu estava incrédulo. Eu sabia que ele estava quieto demais pro meu gosto. Só provocou Kristal naquela vez e não aparecia nas refeições (já que todos devem estar juntos à mesa).

Mas mexer com meu serzinho inocente e com os sentimentos de Kristal? Nem por cima do meu cadáver!

      — O que você vai fazer contra ela? — perguntei. — Não quer meu neto? Tudo bem. Deixe que ele nasça longe daqui e seja feliz em outro lugar. Mas não toque um dedo nele ou na minha mulher. Digo, mãe dele.

Meu pai soltou uma risada enigmática. Eu estava puto e desesperado.

    — Eu não vou fazer nada. Não vou carregar sangue inocente nas mãos. Mas deve tomar cuidado com os alimentos que ela ingerir... Ou com as escadas. Sabe como os empregados capricham na cera naqueles lugares. Ou as prateleiras. Elas estão bem enferrujadas e, pra cair encima de alguém...

     — Chega! — me levantei. — Não se atreva a fazer nada de mal ao meu filho e à mãe dele!!!

Sai daquele escritório bufando. Tudo que eu "via" era um branco, já que eu estava cegado pela raiva. Mas meu corpo se moveu instintivamente para a biblioteca onde eu sabia que Kristal estaria.

Grávida do Príncipe Where stories live. Discover now