13 | MESTRES DA ATUAÇÃO

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— Não é tão ruim, apenas deixe ela pensar que somos próximos — Adrien sussurra no meu ouvido — Se é que me entende.

Não tenho problema algum, a não ser o fato de que com Aurora pensando que somos próximos, isso abria uma brecha enorme para que o acampamento inteiro pensasse isso também.

Nós sentamos à beira do lago, é final de tarde. Nino e Luka estão no pier, as meninas estão votando para quem tem o melhor pulo. 

— Adrien! Você veio!

Aurora enlaça seu braço no dele. Estou quase me perguntando em voz alta se ela é cega quando Mirella comenta:

— Ele está acompanhado, idiota.

Seguro o riso. Aurora sorri sem graça.

— Marinette! Você também veio…

Eu assinto com a cabeça, não tenho certeza do que deveria fazer, mas sinto Adrien apertar minha mão. 

— Ei, Adrien, vem nadar também!

É a primeira coisa que Nino diz quando o vê.

— Estou bem por aqui.

— Azar o seu — Luka dá de ombros, dando um pulo na água em seguida.

Alya senta-se ao meu lado e sorri para mim como se presenciasse o próprio espetáculo particular.

— Então sua pele é mais sensível?

Meu rosto esquenta de novo.

— Ah, não enche!

Ela dá um sorriso presunçoso, para depois torcer por Nino. Luka dá uma cambalhota, o que faz as meninas gritarem, eu bato palmas.

— Exibido. — O loiro ao meu lado diz.

— Não foi o que sua mãe me disse ontem. — Luka rebate.

— Minha mãe morreu.

Arregalo os olhos quando Adrien diz, mas isso não parece afetar Luka nenhum pouco, que faz uma careta digna de Blair Waldorf e dá língua pra ele.

— Não foi o que seu pai me disse ontem, então.

Vejo Adrien estremecer com uma risada, mas ele revira os olhos em vez de deixá-la sair. Luka dá um pulo fenomenal, as meninas gritam, mas Adrien o vaia como se estivesse realmente descontente. Não consigo deixar de achar cômico, então digo:

— Faz melhor então.

— Não preciso.

A confiança de Adrien só me faz querer implicar ainda mais com ele.

— Ah é? Porquê?

Sou melhor.

— Mas é Luka que está recebendo gritinhos de meninas, se vai mesmo me fazer esse papel de galinha nem se preocupe em ser meu namorado falso.

— Isso é um desafio?

O vejo abrir um sorriso ladino.

— Sim.

— Tudo bem — Acho que Adrien aceita o desafio, pois passa a tirar a camiseta.

— V-vai tirar a roupa assim? Do nada? 

Meu rosto fica rosa.

— Te incomoda? — Adrien levanta uma sobrancelha enquanto me entrega a blusa — Não há nada que você já não tenha visto. 

Adrien diz assim, na lata. O queixo de Alya chega no chão, Nino tem um sorriso presunçoso no rosto e Luka está se acabando de rir. Não quero nem ver a expressão de Aurora. Estou tão mortificada que fico pálida em vez de vermelha. Adrien simplesmente vira as costas e pula na água. 

— Então vocês têm estudado — Alya resfolega — Estudado o quê? Anatomia humana? 

Minha boca está aberta, mas não sei dizer se é pelo pulo fenomenal de Adrien, ou pelo seu tom, definitivamente sugestivo.

***

Passo o resto do dia dizendo a Alya que não temos nada e que só estava ajudando Adrien a despistar Aurora, mas como sempre, Alya não acredita, prefere confiar na própria versão de que eu e ele temos um relacionamento secreto. Me canso de retrucar e me preparo para o jantar. O buffet do acampamento parece menos horrível a noite, os instrutores assam churrasco na fogueira, e fazemos uma roda de canções. Estou ansiosa para pegar meu jantar e me juntar ao resto da turma, principalmente para ouvir Adrien tocar.

Estou prestes a decidir se vou pegar frango ou carne quando sinto um braço se arrastar pelo meu ombro.

Shh, finja que somos um casal muito feliz, e que eu estou dizendo uma daquelas coisas bregas românticas no seu ouvido.

O hálito de Adrien é quente, sem querer acaba surgindo um sorriso involuntário nos meus lábios quando descubro que é ele.

— Tipo o que?

— Oh uau, o tamanho dessa panela de sopa só não é maior do que o tamanho do meu amor por você.

Ele pisca os olhos algumas vezes, eu apenas os reviro.

— Mais romântico impossível.

— Ah, então eu deveria dizer que seu sorriso me deixa cego porque ele brilha mais que o sol?

— Por favor pare, você é horrível nisso.

— Em um universo paralelo você gostaria.

— Em um universo paralelo você seria um piadista decente.

Adrien gargalha, e fico satisfeita por tê-lo feito rir.

— Ok. Me pegou.

Ele me olha com um olhar ardente que não sei descrever o que é, mas antes que possa me perguntar Nino o chama para a roda de canções, meu namorado falso se despede com um aperto de leve no meu ombro e passa a acompanhar a voz de Luka no violão. Não posso dizer que não fico decepcionada.

No fim da noite, Adrien me acompanha até a barraca, porque hum, é isso que namorados fazem. Eu estou prestes a ter um colapso nervoso porque nosso relacionamento está sendo explícito demais e eu normalmente sou mais reservada, mesmo assim, minha mão desliza e enlaça a dele, naturalmente.

Convenientemente, nossas barracas são uma de frente para outra. Eu divido a minha com Alya enquanto os gêmeos dividem a outra. Estou prestes a me despedir e adentrar a minha, mas perco o fôlego quando Adrien me abraça.

— Vamos ficar assim um pouquinho — estou prestes a perguntar porquê quando ele completa — Aurora está vendo.

Consigo sentir sua respiração quente no meu pescoço. Enlaço meu braço devagar sobre o tronco dele, e permaneço ali, não vejo o tempo passar. Mesmo assim pergunto:

— Ela já foi?

— Só mais um segundo.

Adrien tem cheiro de baunilha misturado com biscoitos amanteigados. Quente e reconfortante, combinava com ele. Acho que estou ficando tonta, sinto que não deveria gostar tanto de algo que nem é meu de verdade.

— …. e agora?

Adrien demora alguns segundos em silêncio, depois responde:

— Já… ela já foi.

Ele finalmente me solta, arranhando a garganta no processo. Acho que vejo uma sombra passar pelo seu olhar, quase imperceptível, mas ela some quando percebe que estou encarando. Ficamos vários segundos olhando para a cara um do outro num silêncio constrangedor, até que Adrien o quebra:

— Você… você fez um bom trabalho.

— Ah, valeu. Você também.

Balanço a cabeça mais algumas vezes e então ele acena e se retira, direto para a barraca. 

Suspiro algumas vezes, contemplando o ar gelado. Ponho a mão no peito. Meu coração precisava parar de bater.

Rejeitados | MLB • AdrinetteWhere stories live. Discover now