Rejeitados | MLB • Adrinette

24 | NO REINO DOS AGRESTES

Adrien me empresta uma camiseta, para minha surpresa ela é cinza e não preta, lá se vai minha teoria de que Adrien é alérgico a roupa colorida (ou roupas não pretas). 

Tudo tem andado calmo demais desde a livraria, ou talvez apenas não tenhamos tido tempo para pensar sobre o assunto. É irritante, porque isso me corrói, volto várias vezes o que aconteceu na minha cabeça, tenho medo de ter feito algo errado, algo tão estupidamente impulsivo que possa comprometer minha amizade com ele. 

Tá, mas  o que eu esperava? que ele me agarrasse do nada, me jogasse na parede e começasse a me beijar loucamente? Certo, talvez eu esperasse sim.

Mas meus devaneios não justificam o tratamento silencioso que estou recebendo agora. Caramba ele não vai falar nada? Nadinha?! Só tá fazendo o sonso porque se sente embaraçado demais para me dispensar? Que babaca!

Fumaça parece sair dos meus ouvidos.

Ou talvez… apenas talvez eu tenha entendido tudo errado e Adrien me beijou apenas para não me deixar constrangida ou sei lá o que. Aposto que quando sair por aquela porta dirá que tudo foi um erro e que não quer que eu me iluda com isso e-

— Tudo bem? — Dou um pulo de susto quando Adrien passa pela porta do banheiro — Acabei.

E ele está com a toalha contornando o pescoço, os olhinhos brilhantes e um daqueles sorrisos contidos que ele dá por educação. Acho que me esqueço por um segundo quem eu sou ou o que estou fazendo da vida, porque não contenho quando um suspiro apaixonado sai da minha boca.

— Félix vai chegar daqui a pouco, então não há muito para fazer agora.

— Só deus sabe o que eu quero fazer agora… — Murmuro baixo

— O quê?

— O quê? Hã- nada! — Sorrio amarelo, o que faz Adrien soltar uma risadinha angelical, faz meu peito estufar com calor e faz meu rosto inteiro ficar vermelho.

É aí que presto um pouquinho mais de atenção e vejo que Adrien está com o cabelo molhado e o pescoço marcado na camiseta de malha. Meu deus… um monumento.

— Meu deus, você tomou banho? — Engasgo com as palavras — Você quer morrer?

— Está tudo bem?

— Não sei, talvez eu apenas me preocupe com o fato de você pegar um resfriado — Acho que digo com mais raiva do que pretendia, porque não tem como alguém ser tão bonito assim, não é justo!

— Você está falando de mim? Você nem se secou!

Adrien então pega a toalha da minha mão e seca meu cabelo como se eu fosse um cachorro. Eu berro, com indignação, ele apenas ri do meu protesto. Meu coração erra uma batida. Adrien vai parando aos poucos, a toalha da minha cabeça desliza para o meu pescoço. É quando noto o quão perto ele está. 

— Ei Marinette — Adrien diz, olhando baixo — Por que fez aquilo?

Vejo-o umedecer os lábios, se aproximando mais um pouco. Consigo sentir todos os pelos do meu corpo se eriçarem.

— Eu- não- 

Engulo as palavras antes que elas saiam, porque não tenho certeza do que deveria dizer.

Adrien só para quando seu rosto está rente ao meu, perto o suficiente para que eu sinta sua respiração. Quase consigo sentir sua testa colada na minha.

— Marinette, se por acaso… aquilo foi de verdade — Sua voz é pesada, como se estivesse se segurando muito para não enlouquecer — Eu posso... te beijar?