26 | MENTIRINHA DE NADA

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Não consegui dormir.

Acordei várias vezes ao longo da noite. O olhar de Adrien não me escapa da cabeça, minhas dúvidas sobre ele muito menos. Estou imensa em mim mesma, pensando muito, sem realmente fazer alguma coisa a respeito.

Na aula de química tento perguntar a ele sobre a foto, sobre a reação dele, sobre Lila, mas não consigo. E tento de novo na aula de história, na de geografia e de física.

No dia seguinte tento mais uma vez, e no dia depois dele.

Acho que consigo senti-lo cada vez mais distante, mas sou eu que imponho a distância.

Na quinta, depois da aula, eu também não falo com Adrien, mas Alya me leva para almoçar num café perto da escola, eu poderia ter ido pra casa, mas era melhor que eu me distraísse com bolinhos fofos do que pensamentos conflitantes. Alya consegue me fazer rir de alguma besteira que aconteceu hoje na escola enquanto faço alguns cálculos na minha folha de rascunho. Estou quase terminando minha lição de matemática.

Então vejo Adrien pela vitrine do café, acompanhado por Nino e Luka, ele acena para mim e sorri com o sorriso mais adorável do mundo, eu tento sorrir também, mas os cantos da minha boca não se sustentam, eu volto a terminar minha lição de casa. Se Adrien percebeu, não forçou a barra e foi embora.

Passo o resto da tarde desenhando rascunhos na sala de artes, tudo para que ele não me venha à memória, tudo para que eu não pense sobre meus próprios sentimentos. No fim do dia estou exausta. Mal me aguento em pé, e ainda estou pensando em Adrien. 

Em nenhum momento ouvi palavras claras de que que éramos alguma coisa, eu só apenas interpretei da maneira que eu quis. Então porque aquilo aconteceu? Porque nos beijamos? É como se- é quase como se fosse apenas um entretenimento temporário. Eu que o beijei, eu que dei o primeiro passo, então se Adrien nunca disse propriamente que gosta de mim… ele ainda deve gostar de outra pessoa. 

Sento na escadaria da escola antes de correr para casa. Dizem por aí que é só um coração partido, mas meu corpo inteiro dói. Tento relaxar meus músculos, mas tudo parece doer mais ainda, curvo meu corpo para frente e enfio a cara nos joelhos. Fecho os olhos, mas a dor de cabeça parece deixar tudo pior.

— Você viu o Adrien por aí? — É Félix quem diz, sentando-se ao meu lado.

Eu arrumo forças para levantar e encará-lo. É como se o universo inteiro contribuísse para que eu me sinta pior.

— Não vi.

Felizmente, mas não ouso completar.

— Gorilla já está esperando. Não o encontro em lugar nenhum. — Félix tagarela sem parar — Temos um jantar hoje à noite, com nossa tia.

— Isso é bom — Consigo dizer, mas acabo completando para não soar como se eu não tivesse nem um pouco interessada. — Seria melhor se o tempo não estivesse tão cinza.

— O tempo é sempre bonito quando se é um Agreste — Felix sorri, talvez há algum tempo eu não entendesse o deboche na voz dele, mas agora só consigo sentir meu coração apertar.

— Adrien me contou sobre o pai de vocês.

— Ele contou? — Félix parece realmente surpreso, como se tivesse recebido um presente muito bom — Então vocês dois estão bem próximos…

— Marinette, posso falar com você? 

Antes que eu possa responder, Adrien está lá, me encarando alguns degraus abaixo.

Félix se apressa e aperta meu ombro com um sorriso iluminado, ele passa por Adrien para fazer o mesmo, mas o irmão dele recua, e Félix não parece entender o porquê. Ele não comenta nada, só dá um sorriso sem graça e segue na direção do motorista que o espera.

Rejeitados | MLB • AdrinetteWhere stories live. Discover now