Rejeitados | MLB • Adrinette

17 | INCÊNDIO

ATENÇÃO! O capítulo a seguir contém cenas sensíveis que podem servir de gatilho para algumas pessoas, temas como violência, violência psicológica e pensamentos autodepreciativos serão tratados, então se sentir mal em algum momento, por favor pare a leitura e continue em outra hora. ❤️

[Anna Júlia - Los Hermanos]

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Ultimamente eu tenho gostado de alguém. Gostar é uma palavra forte, mas tem alguem que continua chamando minha atenção. É irritante, porque mesmo quando estou em uma multidão sua presença ainda é mais clara que as outras. É irritante porque mesmo que não seja eu continuo procurando-a. Qualquer olhar, qualquer toque, e eu incendeio, queimando totalmente de dentro pra fora, como uma bomba atômica prestes a explodir.

— Bom dia, Félix! 

Disse Marinette Dupain-Cheng, como todo santo dia. Meu irmão deu um daqueles sorrisos sonsos que ele sempre dá e eu tentei não vomitar porque sabia até onde isso daria.

Marinette Dupain-Cheng... eu não sabia muito sobre ela. Sabia que seus pais tinham a melhor padaria de Paris e que tirava boas notas, estava o tempo todo ao redor de Félix e tinha aquele brilho nos olhos detestável. Ela era bonita também. 

Acho que comecei a prestar atenção nela — contra a minha vontade — há algum tempo. Alguns meses depois de entrar na escola com Félix, no primeiro ano. 

Marinette senta na segunda carteira, ao lado de Alya, atrás de Félix. Então observá-la tornou-se quase tão natural quanto beber água ou respirar, não que eu quisesse, é que... ela estava sempre lá. Era quase como se tivesse sido feita para ser observada.

Eu passei a frequentar a padaria dos Dupain-Cheng, sou um cliente assíduo de lá, sempre esperando que em algum momento ela descesse as escadas e eu pudesse olhá-la por mais um segundo. 

Mas era besteira, eu não gostava dela e não tínhamos relacionamento nenhum, então era melhor que eu só esquecesse. 

Mas é difícil esquecer quando você nem tem certeza do que sente. Eu sabia que tinha alguma coisa estranha comigo, no momento em que comecei a me preocupar com ela. 

Estava chovendo naquele dia. Uau, chuva! É claro que tinha que ser chuva. Eu estava prestes a ligar para Félix terminar mais cedo a droga das aulas extras que ele tinha à tarde, porque não queria ter que esperar tanto para ir embora de carro. Foi então que eu a vi: observando as gotas grossas de chuva caírem. Eu devia estar louco, fora de meu juízo perfeito, porque a única coisa que pensava era no fato de vê-la pegar um resfriado. Então eu vesti o capuz e corri. Corri o mais rápido que pude, mas quando finalmente cheguei, era tarde demais.

O guarda chuva pesava em minha mão, então o agarrei com força, com medo de que ele fosse cair a qualquer momento. 

E meu peito doeu, doeu muito, porque foi quando realizei que não tinha chance nenhuma. O que quer que eu estivesse sentindo, ela nunca sentiria, porque Félix estava lá. 

Ele fazia ela rir, fazia com que se sentisse confortável ao lado dele, enquanto eu só... corria na chuva como um idiota. O que eu estava esperando? Que ela se apaixonasse assim que eu desse um guarda-chuva? Era ridículo. 

E eu era bom demais para agir de uma forma tão patética.

Então eu apenas afundei tudo o que eu estivesse sentindo dentro do peito, até me sentir pesado, porque era melhor assim.

Joguei a sombrinha fora e caminhei sozinho naquele dia.

***

Eu estava bem, quer dizer, superando. — se é que tinha alguma coisa para superar — Isto é, até Chloe me lembrar de meus sentimentos conflitantes, não de propósito, claro, me recusei a falar sobre isso com alguém. Estávamos no parque, Chloe me contava alguma coisa engraçada que tinha acontecido com ela enquanto devorava um sorvete de chocolate. Eu e Chloe temos uma espécie estranha de amizade: nunca nos falamos, na escola ou em casa, mas em algum momento sentimos falta um do outro e colocamos um assunto em dia, é sempre assim, nunca muda. Naquele dia, por exemplo, ela estava me contando como foi o dia de escola dela.