Nine

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- Por que você foi embora? - perguntei, ouvindo meu pai suspirar do outro lado da linha.

- Olhe, sua mãe e eu precisamos dar um tempo, esfriar a cabeça. Entende?

- Não, eu não entendo - protestei - Como um casal que sempre se deu tão bem acaba assim, de um dia para o outro?

- Não acabou - meu pai retrucou, sua voz fraca - É exatamente por estarmos á tanto tempo juntos que sua mãe e eu precisamos de um tempo.

- Isso não existe - resmunguei. - Vocês dão um tempo agora, e daqui algumas semanas estão pedindo divórcio.

- Harry...

- Daí, então, começam a brigar pela separação de bens, no qual você vai resmungar que a mamãe vai levar a melhor.

- Não é...

- Então vocês vão brigar na justiça pela minha guarda.

- Mas a gente...

- Então o juiz vai me pedir para escolher com quem eu quero morar e eu vou me sentir culpado, pois: se escolher a mamãe, irei te deixar chateado, e se eu te escolher, é a mamãe quem ficará chateada.

- Será que...

- Daí eu vou ter que começar a frequentar um psicólogo pois estarei deprimido com toda essa história e...

- Será que dá pra me deixar falar, Harry?! - meu pai gritou, fazendo-me calar.

- Eu não sou surdo. - resmunguei logo depois.

Um suspiro.

- Olha, filhão, eu preciso desligar agora. Nos falamos depois, está bem?

- Eu não tenho escolha, não é mesmo? - tornei a resmungar.

- As coisas vão se ajeitar. Dê tempo ao tempo. - Já é a segunda vez que eu ouço isso. - Então ... até mais. Eu te amo.

- Até - sussurrei, desligando em seguida e não respondendo ao 'eu te amo', pois me pareceu mais uma despedida. Eu não gosto de despedidas.

- E então? - Louis perguntou, sentando-se ao meu lado.

- Como se você não tivesse ouvido tudo - revirei os olhos.

- Eu não tenho super audição... Na verdade, eu tenho; mas não achei certo invadir sua privacidade dessa maneira.

- Como se você já não tivesse feito isso. - tornei a repetir.

- Das outras vezes foram por boas causas - deu de ombros.

- E essa não é uma?

- É. Mas isso é algo entre você e seu pai, não é certo eu ficar xeretando.

- Gostaria que pensasse assim das outras coisas também.  provoquei, ganhando uma cotovelada em troca  - Ouch. - resmunguei, passando a mão na costela.

- E então, o que ele disse? - insistiu.

- Que isso é temporário, e, roubando suas palavras: disse para eu dar tempo ao tempo.

- Isso prova que eu estou certo. - sorriu.

- Ou que você está errado.

- Ora, não seja pessimista.

- Não sou pessimista, você é quem é otimista demais. - retruquei.

- Essa conversa já está ficando sem noção - riu, se jogando no colchão. - Eu já disse o quanto gosto desse teto? - perguntou, ainda mantendo o sorriso no rosto.

I wish (larry stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora