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Três dias depois...

<<Vic para Lena>>Tudo bem, eu entendo que você não esteja querendo conversar sobre o que aconteceu no domingo, mas me diz que vai ficar bem. Lena!!

<<Lena para Vic>>Eu vou ficar bem, Vic. É apenas uma questão de tempo.

<<Lena para Vic>>Eu posso te mandar um email?

<<Vic para Lena>>Se for enviar realmente para mim, sim <3
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De: lena.jun@mail.com
Para: naka.vic@mail.com
Assunto: O que aconteceu no domingo.

Você estava certa, Vic, eu não deveria ter ido sozinha até a casa de Alexandre.

Nada foi como eu pensei que seria. E eu quase bati o carro na volta para casa. Aquela parada no café não foi pelo motivo que contei. Não, eu não precisava pensar, quero dizer, precisava, mas havia um motivo maior. Eu estava tremendo. Minhas mãos não tinham controle e, depois de perder o controle da direção, fiquei com medo de alguma coisa ruim acontecer se continuasse a dirigir. Algo pior, porque já estava muito ruim.

Não conte essa parte para a minha mãe.

Durante o trajeto de ida, eu pensei no tempo que gastaria para cumprimentar a madrasta de Alexandre e ir embora. Vinte minutos foi a minha pior estimativa. Seria simples e rápido.

MAS EU FUI TÃO IDIOTA!!

Assim que cheguei, encontrei Diana na porta com os braços abertos. Ela não parecia tão pálida ou fraca como alguém muito doente, mas eu não prestei tanta atenção. O que me deixou confusa foi a animação exagerada. Ela mal falava comigo, se lembra? Alexandre tentou me beijar, ainda na porta, mas eu consegui desviar o rosto.

Eu me senti tão desconfortável com aquela mulher me abraçando, com Alexandre achando que podia me beijar quando quisesse. Era como se eu fosse uma impostora fingindo ser alguém que nunca fui.

Você acredita que eu encontrei as flores posicionadas nos mesmos lugares que eu arrumava? Os mesmos tipos de flores, combinando com as mesmas estampas das almofadas no sofá. Tudo estava tão parecido como antes, que eu me senti tonta.

Até tentei dizer que minha mãe estava me esperando e que não poderia demorar, mas ELES NÃO ME DEIXARAM IR EMBORA.

Rita, a empregada, estava colocando os pratos na mesa e Diana disse que eu só poderia ir depois do almoço, porque a comida havia sido feita especialmente para mim. Alexandre disse que só me devolveria as chaves depois da sobremesa.

Eu quis chorar, Vic. Estava com tanta raiva por estar me submetendo àquilo. Eu deveria dizer não, ser mais enérgica, mas não consegui. Eu nunca consigo! É aquilo que você diz sobre eu não entender o significado do não.

ELES ME OBRIGARAM A ALMOÇAR.

A comida tinha um gosto ruim, por causa da imposição. Foi difícil engolir todas as garfadas com Diana tentando puxar conversa o tempo todo. Ela se interessou tanto pela floricultura, uma curiosidade estranha. Alexandre agiu o tempo todo como se ainda fôssemos um casal. Ele apertava meus dedos, enquanto sorria.

Eu só queria gritar para que me deixassem ir embora.

Consegui recusar a sobremesa com a desculpa de que precisava ir até o banheiro. Eu estava sufocando naquela mesa. Achei que um pouco de água no rosto pudesse me fazer ser uma pessoa e não um boneco manipulado. Foi assim que eu me senti. Mas foi só segurar a maçaneta para sentir as mãos de Alexandre me empurrando para dentro.

Com Amor, Lena [Concluído]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora