Capítulo XVII

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 Os passageiros olhavam com espanto e desagrado para o exterior do aeroporto. Uma súbita tempestade assolava o norte da Bélgica e todos os aviões estavam proibidos de levantar voo. Com as alterações climáticas, ninguém estava imune a deparar-se com o mau tempo, independentemente da altura do ano.

No meio daquele ambiente de infelicidade e frustração encontravam-se alguns adolescentes a conspirar. Como iam conseguir sair dali? Era uma questão que ainda não possuía resposta. No entanto, já tinham conseguido resolver problemas mais complicados.

- Já encontraste?-perguntou Daniel.- Precisamos de pelo menos saber como lá chegar.

- Perguntaste-me isso há cinco minutos! A internet está lenta não posso fazer nada.- retorquiu o irmão.

- Rapazes? Vejam quem eu encontrei.- disse a ruiva. A rapariga tinha ido à casa de banho para tirar a tinta do cabelo e após um longo tempo voltara.

- Nunca nos conhecemos, vais ter de nos apresentar o teu amigo.- ao lado de Ava estava um homem idoso com um farto bigode que compensava a sua falta de cabelo.

- Este é Monsieur Burnier e diz que tem um quarto que nos pode emprestar em sua casa.

- Eu e a minha mulher temos um apartamento em cima da nossa mercearia e um dos quartos está vazio. É algo muito humilde, mas nós já o emprestámos a outros jovens como vocês que estão a percorrer a Europa.

- Agradecemos imenso.- limitaram-se a responder.

Enquanto se dirigiam para o estacionamento, David murmurou para a amiga:

- Tens a certeza do que estás a fazer?

- Como assim?

- Aceitar ficar na casa de um estranho, assim sem mais nem menos.

- A casa dele não fica muito longe da morada que está no ficheiro de Isaac. Esta é a nossa melhor hipótese.

- E como é que sabes isso?

- Enquanto vocês esperavam pela internet, eu fui ao balcão de informações e descobri onde é a rua.

O resto do caminho foi feito em silêncio.

Antuérpia é conhecida por ser um centro de comércio de diamantes bastante importante, sendo que a população judaica domina esta indústria. Logo, ao entrar no Bairro Judeu, para onde quer que o trio olhasse só via montras com as mais elaboradas jóias feitas deste cristal. No entanto, o carro virou numa rua pequena e estreita, cujas as habitações tinham uma dimensão menor do que as restantes casas da cidade.

Assim que estacionaram o carro, os quatro correram para dentro da loja, tentado escapar à chuva. A mercearia do seu anfitrião tinha vegetais, frutas e outros produtos expostos num espaço bastante reduzido. Atrás da caixa registadora encontrava-se uma porta que ia dar a umas escadas que subiam até ao andar onde Monsieur Burnier e a sua mulher viviam. O apartamento começava logo com a sala, cuja a decoração era antiquada. Nela estavam tanto os sofás como uma mesa de jantar e nas suas paredes havia várias fotografias antigas do casal. Daquela divisão era possível ver a cozinha onde Madame Burnier preparava a refeição da noite. Após terem sido feitas as devidas apresentações, os jovens seguiram para o corredor da casa. Dos dois lados havia uma porta que dava para um quarto e no fundo ficava a casa de banho. O quarto onde os gémeos ficariam a dormir tinha somente uma cama com gaveta e um armário. Por outro lado, Ava ficaria a dormir no sofá da sala.

Foi no quarto que o trio ficou até o jantar ser servido.

- Amanhã sempre vamos a casa de Isaac?- interrogou Daniel.

A DemandaWhere stories live. Discover now