Capítulo XXI

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 O desespero apoderava-se dela. Andava de um lado para o outro, freneticamente, a tentar arranjar um plano para conseguir para-los. Mas como se nem daquela cela conseguia sair?

Frustrada, deu um pontapé na cadeira e esta tombou no chão. Quando olhou para ela, reparou que estava uma chave colada na base do acento. Tirou-a, rapidamente, e tentou abrir a porta. Mal ouviu um clique vindo da fechadura, precipitou-se lá para fora. Antes de sair, pegou na cadeira e levou-a consigo. Podia ser pesada, mas era a única coisa que tinha para se defender.

Começou a correr o mais depressa que podia, o seu primeiro passo era encontrar a sala com os monitores. No entanto, aquele sítio era um labirinto, todos os corredores eram iguais. De repente, quando estava quase a virar na milésima esquina, começou a ouvir passos. A rapariga ficou estática e empoleirou a cadeira em riste, para acertar em quem quer que fosse. Mal viu as duas sombras aproximarem-se levantou a cadeira, contudo um bradar familiar parou-a.

- Calma aí! Nós estamos aqui para te ajudar.- declarou David com as mãos no ar em sinal de rendição.

- Como é que vocês conseguiram aqui entrar?- interrogou ela, enquanto abraçava os dois. Nunca ficara tão feliz por ver alguém.

- É uma longa história.- começou Daniel a relatar.- Nós encontrámos a tua mãe numa esquadra da polícia, ou aliás, ela encontrou-nos. E já agora, vocês são mesmo a cara uma da outra. Pelos vistos, ela já andava de olho na Altum há muito tempo e tem cá um infiltrado que nos ajudou a entrar.

- O quê?! A minha mãe é arquiteta porque é que ela haveria de ter um infiltrado onde quer que fosse?

- Podes-lhe perguntar isso tudo depois, agora nós temos de ir embora. E já agora, toma a minha arma. Não vais muito longe com essa cadeira.

- Nós não podemos ir já embora. Eu descobri que eles têm bombas nucleares nos subterrâneos de imensas cidades por todo o mundo e que planeiam rebentá-las em breve. Eles chamam a isso o Propósito.

- Mesmo as pessoas que não sejam atingidas pelas explosões vão morrer devido à toxicidade libertada pelas bombas. Quando é que eles as vão rebentar?- interrogou David.

- Quando eu vi aquela sala era terça-feira e dizia que faltavam vinte e seis horas para a detonação. Eu não sei onde é que a sala fica, a porta era igual a estas todas.

- Isso quer dizer que temos duas horas e meia para salvar o mundo. Fazemos assim, eu vou ter com a tua mãe e tentamos encontrar a tal sala. Daniel, leva Ava daqui para fora e tentem pelo menos avisar as autoridades do que se está a passar.

Assim sendo, o trio separou-se. A ruiva e o amigo começaram a percorrer os corredores na tentativa de encontrar uma saída.

- Nem imaginas o quão preocupada a tua mãe está contigo.- perguntou Daniel.

- Duvido muito...

- Porquê?

- Talvez porque é ela me abandonou quando tinha doze anos.

- O quê? Foi assim que acabaste a viver com Isaac?

- Não, não foi bem assim. A minha mãe deixou-me em casa da minha tia no dia a seguir ao meu décimo segundo aniversário. Eu demorei quase um ano para perceber que ela nunca ia voltar para me vir buscar. Foi aí que eu tive uma discussão enorme com a minha tia e acabei por fugir de casa. Só conheci Isaac quando cheguei a Brighton. Eu tinha repulsa dele no início, mas acabei por me afeiçoar a ele.

- Eu entendo, mais ou menos. Os meus pais nunca me deram atenção a mim nem ao meu irmão. Quando era criança tinha medo que eles nos abandonassem com estranhos.

A DemandaWhere stories live. Discover now