Capítulo V

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Chegou o grande dia. As flores estão por todos os lugares em que meu olhar repousa. Os vestidos longos desfilam para tomar seus acentos. Muitos sorrisos e cochichos. Em toda festa tem gente que está lá para dividir a alegria da comemoração e outros que, por inveja, maldade ou mal humor, vão apenas para observar e procurar defeitos. É o que duas mulheres fazem nesse momento. Os dois pares de olhos não se fixam em nada específico. Dão voltas e fazem zigue-zague em busca do motivo para cochichar e quando  encontraram soube que não seria para falar mal. Notei o momento exato em que as duas o avaliaram. Se surpreenderam com os olhos claros, cobiçaram o corpo e voltaram ao belo rosto que eu conhecia bem. Meu par tinha chegado e vinha em minha direção. As duas fofoqueiras ficaram boquiabertas e com certeza querendo ser eu nesse momento.

— Isso tudo foi para estar ao meu lado no altar? — perguntei quando Felipe se aproximou e me abraçou.

— Dizem que eu fico muito bem de terno — se gabou segurando as lapelas — e é claro que você concorda. O que está fazendo aqui sozinha? Cadê o restante da quadrilha do salto alto e gloss?

— Vim dar uma volta e ver a decoração, mas já estou voltando. Acho que a cerimonialista vai nos matar. Cadê a Aline?

— Foi sentar com o Gui antes que ele disparasse por aí — sorri e assenti — vamos lá? Estou louco pra ver a Mari.

Seguimos para a área onde o cerimonial estava organizando os padrinhos, na lateral da igreja.

— E aí, Marcos — Felipe cumprimentou, em seguida beijou e a irmã e se abaixou — você está linda, princesa! Quem escolheu essa roupa nova? — ele beijou a bochecha da sobrinha.

— Papai — Mari apontou.

— Seu pai? Eu escolho tudo e te deixo gata e você atribui ao seu pai? Vou chorar! — Fernanda faz drama — nove meses carregando uma criatura que idolatra o babaca do pai!

— Ela só está confirmando que eu tenho bom gosto, né amor? — a menina estica os braços e o pai a pega.

— Cuidado para não amassar a roupa, amorzinho. Tia Lu tem que te ver linda!

— Essa é a quarta DR deles, entendeu porque fui dar uma volta? — revirei os olhos e o Felipe sorriu — Cadê a Sol?

— Foi acompanhar o esposo até o banheiro. Para que nenhuma dessas primas santinhas da Lu se atire sem querer sobre ele — gargalhei ao ouvir a entonação ciumenta e o olhar ameaçador que a minha amiga deu para o Marcos.

Alguns minutos de conversa fiada depois, o pessoal da organização nos posicionou na porta da igreja. O primeiro casal de padrinhos eram primos da Lu, o segundo, parentes do Emerson. Em seguida Fernanda e Marcos. Em seguida, eu e o Felipe. Quando pisei na igreja de braço dado com o meu sócio uma sensação me atingiu em cheio. Não sei defini-la, não chegava a ser uma angústia ruim, mas algo dentro de mim se retorceu e eu me forcei a olhar para frente e erguer o queixo. Desfilamos lentamente e pausamos, ao fim do caminho, para foto.

— Tudo bem, Gabi? — Felipe sussurrou e eu assenti — Você tá meio pálida...

— Estou ótima — sorri — acho que estou com fome.

— Também não vejo a hora de irmos para festa — ele piscou.

Minha amiga entrou deslumbrante num vestido digno de princesa. Branco, com saia armada e mangas rendadas. O noivo parecia não se conter de alegria e seus olhos brilharam quando a recebeu do pai. Mais uma das tradições que me fazem pensar... Um homem entregando uma mulher a outro homem, como se fosse um objeto transferido entre machos alfas: toma, agora é sua! Além da clássica frase: eu voz declaro marido e mulher! Mulher? Sempre fui mulher, não passarei a ser quando casar.  

Acordo Pré-Nupcial - DEGUSTAÇÃODär berättelser lever. Upptäck nu