Capítulo X

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Aperte o play e curta mais um capítulo🎵💃
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Gabriela Burnier

Não acredito que quarenta e oito horas com uma aliança na mão esquerda, um aniversário e uma pseudo-sogra carinhosa foram suficientes para me fazer de otária. Como não sabia como lidar com meu novo estado civil diante dos outros, optei por passar o dia na casa do Alexandre. Com o celular desligado, só por precaução.  Assim, conhecendo e me familiarizando, andei pelos arredores da mansão para notar que, ao contrário do que pensei, ela não fazia parte de um condomínio fechado. Era como a casa dos pais da Fernanda em São Paulo, imensa e com muros como um condomínio, mas só havia uma única casa. Sem vizinhos para espiar sua vida. Além da piscina, havia um espaço com gramado para jogar futebol society e uma sauna. Bastante espaço de lazer para apenas uma pessoa. A casa era grande e espaçosa, o quarto do Alexandre era o maior dos três e o único que possuía um closet. Acho que eu deveria exigir ficar nele, sem o dono do quarto, para o bem da minha saúde mental e das minhas novas convicções.

Passei boa parte do tempo na piscina, mas fui interrompida pela Carmem que me serviu almoço lá mesmo. Ela insinuou, discretamente, que poderia preparar um jantar especial para o aniversário do patrão. Não vi problemas nisso e até me animei sugerindo o cardápio, afinal eu também ia desfrutar do jantar. Tomei banho e me arrumei, como sempre, não é porque ia jantar em casa que me apresentaria de qualquer forma. Pensei até num presentinho para o Alê. Desde que eu determinasse que seria apenas dessa vez, poderíamos finalmente ter a nossa noite de núpcias. Na verdade eu não aguentava mais e precisava dar para alguém. Essa tensão toda desde Vegas somada ao fato de ver aquele homem nu mexia com meus hormônios e eu nunca fui de negar-me nada. 

A cada hora que se passava, mais raiva eu sentia. Quando a Carmem perguntou se eu queria que ela o localizasse, eu fui para o meu quarto. Sem comer. A mulher estava sentindo pena de mim?! Só porque aceitei a sua sugestão imbecil de jantar no aniversário do filho da puta que não deu as caras durante todo esse tempo? Não. Ela não me conhecia. Não sabia que eu não nutria a menor esperança de que ele fosse aparecer ou que eu entrei nessa sem querer. Não fazia ideia de que tudo que eu mais queria era voltar no tempo e deixá-lo casar com a golpista da Tiff. Ela achava que eu estava trancada no quarto, talvez chorando, porque o Alexandre tinha aceitado as minhas condições.

Ela estava errada, claro. E a lágrima que escorreu pelo meu rosto era fruto da TPM maldita que me acompanha todo mês e da raiva de ter me metido nessa merda e feito o primeiro papel de otária na pele de esposa. Mas esse seria o primeiro e o último papel de trouxa. 

***

Horas depois, ao amanhecer, ouvi alguém mexendo na maçaneta da porta do quarto. Porta esta que tranquei. Quando os passos se afastaram, precisei saber se eram dele ou da Carmem que trazia algo para eu comer, pela terceira vez. Não era a Carmem, notei seguindo os passos dele. Assim que o Alexandre entrou no próprio quarto, deixou algumas coisas no criado-mudo e seguiu para a suíte. Entrei logo em seguida para achar um bilhete que deixava claro que Gabriela Burnier poderia voltar a ser quem era, sem considerar o atual estado civil. Se ele não estava com receio de demonstrar a farsa que era esse casamento, quem era eu para temer? 

***

Já que ele me ofereceu motorista, pegar um dos carros emprestados não ia fazer mal algum, ia? Como o Ranger Rover estava estacionado em frente a casa, suspeitei que fosse o preferido. A chave ainda estava na ignição, então facilitou minha vida. Dirigi até o hotel em que morava no Rio. Preparei um drink e liguei o som no volume máximo. Se você precisa fazer algo que não gosta muito álcool e música te ajudam e dão uma animada. 

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