Capítulo 7

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Ema acordou com a voz estridente de Miss Clara, à mesma hora de sempre, enquanto esta dizia:
- Menina, está na hora de se levantar. Eles estão à sua espera.
Ao ouvir aquilo, Ema soltou um grunhido e virou-se para o outro lado, deixando muito clara a sua intenção de ficar ali mais um bocadinho. Miss Clara já estava habituada àquilo e limitou-se a sair do quarto fechando a porta atrás de si, enquanto soltava um suspiro cansado. No entanto, embora não lhe apetecesse nada obedecer a Miss Clara, Ema sabia que se tinha que levantar, ou chegaria atrasada ao pequeno almoço com os seus avós. E se isso acontece as coisas podiam ficar bastante desagradáveis. Assim, ela levantou-se relutantemente, e começou a preparar-se.
Quando já estava preparada, Ema encaminhou-se em direção à sala de refeições o mais devagar possível, o que refletia a sua vontade de ir ter com os avós. Durante aquele percurso, Ema foi recordando o sonho que tinha tido naquela noite. Aquele sonho surreal em que ela tinha reencontrado Calum e conhecido Elisa e Sofia, que seriam duas raparigas também de famílias representantes e em que ela finalmente tinha visitado a cabana dos representantes. Tinha sido um sonho realmente bom mas, por mais que tentasse, Ema não se conseguia lembrar do que tinha acontecido depois de abrir a porta da sua ala, no sonho. A cada passo que dava, ela tentava se lembrar do que tinha acontecido a seguir, mas sempre sem sucesso. Quando chegou a meio do caminho, já desesperada por não se conseguir lembrar do resto do sonho, ela levou uma mão ao pescoço, pronta a agarrar o seu colar, como já era hábito sempre que ficava nervosa, percebendo, para sua surpresa, que ele não estava lá. Devia tê-lo deixado no seu quarto. De repente, algo como uma memória passou como um raio pela mente de Ema, fazendo-a parar no seu caminho. Ema tentou concentrar-se o mais possível para conseguir decifrar aquela misteriosa recordação. Após uns minutos de concentração, ela percebeu o que é que lhe estava a faltar: no final do sonho, depois de abrir a porta, ela tinha ido explorar a sua ala e tinha encontrado um guarda jóias lindíssimo com o símbolo da água gravado na tampa a prata. Aquela caixinha era tão bela, tão...familiar, que ela não tinha conseguido resistir a guardar o seu próprio colar lá, nem que fosse durante um bocadinho, e assim devolvê-lo a onde pertencia, um recipiente que, tal como o próprio colar, parecia ser algo próprio da família. Depois, ela tinha passado mais um tempo a explorar. Na ala da família Eglington existia um quarto enorme decorado a azul e prata, onde tudo fazia lembrar a água e um escritório pintado a azul escuro, o que lhe dava um ar misterioso e sóbrio. Ema recordava-se de, naquela altura do sonho, pensar que tudo ali era lindo e glamoroso, mas ao mesmo tempo, contido e não demasiado luxuoso. Depois, quando começou a escurecer, tinha sido Calum quem lhe tinha ido perguntar o que queria fazer. Se se queria ir embora ou ficar. A escolha era dela. No entanto, embora isso fosse o que menos lhe apetecia fazer, Ema tinha escolhido voltar para a mansão Eglington. Ela não podia simplesmente ir-se embora sem avisar ninguém. Assim, ela tinha partido, e embora Calum se tenha oferecido para a acompanhar, ela tinha decidido voltar sozinha. Quando chegou a casa e por fim se deitou na sua cama, foi quando ela acordou daquele sonho surreal.
Já mais descansada, Ema continuou o seu caminho até à sala de refeições e tomou o seu pequeno-almoço em silêncio, enquanto os seus avós se mantinham ocupados a ler o jornal ou mesmo a acabar de escrever cartas que tinham que enviar. Aquele foi um pequeno-almoço mais calmo do que o normal, e assim que acabou, Ema resolveu testar a sua sorte e perguntou aos avós de podia ir dar um passeio.
Eduardo e Erica Eglington olharam de relance para ela e, depois de verificarem que ela tinha feito todos os seus deveres e não tinha aulas em atraso, responderam-lhe com um aceno preguiçoso de cabeça.
Ema apressou-se a ir buscar um casaco e a sair de casa. Ela raramente tinha a oportunidade de sair da mansão. Apesar de ser verdade que ela tinha desistido de dar os seus passeios para não correr o risco de se cruzar com Calum, os avós nunca faziam com que sair fosse fácil. No entanto, talvez por causa daquele sonho estranho ou talvez por causa do Sol que brilhava no céu, secando as poças de chuva que tinham ficado do dia anterior, Ema decidiu arriscar. E assim, ela foi caminhando, imersa nos seus pensamentos e, quando deu por si, estava já ao pé da entrada da floresta. De imediato ela lembrou-se do sonho que tinha tido e, como que para provar a si própria que tudo aquilo tinha sido apenas fruto da sua imaginação, ela começou a seguir o caminho que teria feito até à cabana. No entanto, qual não foi a sua surpresa quando, ao chegar ao fim do caminho, viu à sua frente a mesma cabana decrépita que tinha visto no sonho.
"Aquilo não pode ter sido real...Não existe forma de esta cabana ser, por dentro, a fantástica mansão que vi no meu sonho. Claro que não!" - pensou Ema, enquanto voltava para trás, pronta a voltar ao caminho habitual.
No entanto, algo fez com que ela voltasse atrás. Ela não podia simplesmente ignorar uma coincidência assim tão grande. Podia ser uma parvoíce, mas ela tinha que confirmar as suas suspeitas. Assim, Ema encostou a mão à porta e ela abriu-se sem dificuldades, voltando a fechar-se atrás dela, assim que entrou naquele lugar. Aquela visão tirou o ar de dentro dos pulmões de Ema. Era tal e qual o seu sonho! Tudo era igual, a grande mesa redonda com cadeiras para os representantes, as portas com os símbolos de um elemento gravado em cada uma, indicando a entrada para a ala de cada família... Ema procurou com os olhos a porta com o símbolo da água gravado e, quando o encontrou, correu ao seu encontro, encostou a palma da mão à madeira da porta delicadamente, e empurrou, revelando tudo aquilo que ela tinha pensado que era um sonho.
- Foi tudo real! - suspirou ela.
Ao entender que tudo aquilo era realidade, Ema levou uma vez mais a mão ao pescoço e, ao perceber mais uma vez que o colar não se encontrava lá, uma teoria começou a formar-se na sua cabeça.
- Será que... - murmurou ela enquanto ia de encontro à caixa de jóias que tão bem relembrava.
Aquela era uma caixa de aspeto elegante e simultaneamente antigo. Era feita de um metal de uma cor de cinza muito clara, ainda mais clara que a prata, que se mantinha em pé graças ao suporte que quatro pequenos e intrincados pés de prata lhe conferia. Por dentro, a caixa era completamente forrada a veludo azul escuro e era em cima desse veludo que repousava o tão adorado colar de Ema, tal como ela previra. Aquele era um colar composto por um fio fino de prata e por um pendente que era unicamente uma pedra azul escura translúcida que estava presa ao fio através de uma pequena e delicada peça também ela de prata. Aquela era uma jóia muito importante para Ema, visto que tinha pertencido à sua mãe, e que esta tinha intenções de lho dar quando fizesse 12 anos e recebesse os seus poderes, mas nunca teve oportunidade de o fazer. Além disso, era uma jóia que passava de geração em geração na sua família, o que ainda lhe dava mais uma razão para o usar todos os dias com muito prazer.
Enquanto escrutinava a caixa, Ema reparou num pedaço de fita saído da base de veludo da caixa. Curiosa, decidiu puxá-lo, apenas para ver essa dita base retirada e um outro fundo revelado. O fundo outrora escondido era do mesmo material que a caixa e tinha dois sulcos: um com a forma precisa do pendente do colar de Ema e outro com a forma exata de um anel.
"Este deve ser o sítio onde guardam as jóias da família." - pensou Ema, entusiasmada.
Cada família representante tinha pelo menos duas jóias de família: uma para o representante (ou a representante) e outra para a sua mulher ou marido. Quando uma pessoa natural de uma família representante chegava ao nível de preparação e idade adequadas para ser representante, era-lhe conferido o cargo e era-lhe também dado uma das jóias de família, a que correspondia ao representante, sendo que esta lhe conferia mais poder e controlo sobre os próprios poderes. Quando essa pessoa casava, um novo membro entrava na família, pelo que deveria ter as mesmas características que os distinguiam das outras famílias. Assim, era-lhe dada a outra jóia de família, que lhe conferia poderes e olhos da cor correspondente à família em questão. No entanto os poderes deste novo membro da família nunca seriam tão fortes quanto os poderes das pessoas naturais da família, mesmo que tivesse a jóia do representante, pois estes artefactos simplesmente não eram poderosos o suficiente para fazer isso acontecer. Além disso, a jóia que não era do representante não funcionava em naturais da família, pelo que se tornava apenas num belo ornamento.
Ema sabia que a jóia que usava não era a jóia do representante, visto que não era esse o cargo que a mãe ocupara, embora isso pudesse ter sido diferente. Na verdade, a pessoa natural da família Eglington e, consequentemente, a mais poderosa, era a mãe de Ema e não o pai. A mãe de Ema foi representante durante pouco tempo e, assim que se casou, abdicou do cargo, sem nunca explicar porquê, deixando-o assim, para o pai de Ema.
Ema não se lembrava muito dos seus pais, apenas que eles a amavam muito e de outras pequenas coisas que, de uma forma ou de outra, a tinham marcado, como o facto de a mãe usar muitas vezes aquele colar. Ela lembrava-se de um anel, um anel de prata com o símbolo da água gravado a pequenas pedrinhas azuis translúcidas, que combinavam com o pendente do seu colar. Anel este, que andava sempre num dos dedos da mão esquerda do pai de Ema, para não poder ser confundido, em momento algum, com a aliança que estava sempre no dedo anelar da sua mão direita. Ema lembrava-se de adorar aquele anel. Adorava brincar com ele, admirá-lo e adorava ainda mais tentar adivinhar pela manhã em que dedo é que o pai o iria o usar naquele dia. A mãe dela nunca tinha percebido qual era aquela fixação sua com aquele anel e sempre que comentava isso com o seu pai, este limitava-se a sorrir e a dizer:
- Ela está apenas a perseguir o futuro dela. Afinal, um dia, este anel vai pertencer-lhe.
Ao relembrar tudo aquilo, lágrimas começaram a surgir nos olhos de Ema.
- Como eu gostava que vocês ainda estivessem aqui...comigo. - suspirou ela, enquanto limpava as lágrimas do rosto.
Assim, Ema apressou-se a colocar o colar e fez uma promessa silenciosa a si própria, enquanto fechava a caixa: ela iria encontrar a jóia de família que faltava, o anel do seu pai, e iria retorná-la àquela caixa, onde pertencia, e onde ficaria guardada até ser a  sua vez de o usar.
De seguida, Ema saiu lentamente da ala da sua família, e fechou a porta atrás de si, ainda a pensar em tudo o que tinha descoberto, acabando por voltar à sala da grande mesa redonda. Ao olhar por uma janela reparou que o dia já ia muito avançado e que ela devia ter estado ali durante muito tempo, pelo que seria melhor voltar para casa, antes que os seus avós se chateassem e decidissem que não a deviam deixar ter aqueles passeios ou tempo sozinha. Com isto em mente, ela começou a andar em direção à porta de saída, mas quando estava mesmo a sair, já com a mão suspensa no ar, pronta a agarrar o puxador da porta, algo a impediu de o fazer. Uma memória, uma sensação, um pressentimento talvez. E assim, ela voltou a recuar uns passos e deu umas voltas à sala, observando com atenção a mesa e absorvendo cada detalhe de cada cadeira. Ema ia apontando para cada cadeira e ia dizendo os nomes das pessoas que conhecia daquelas famílias, como se estivesse num transe:
- Calum. - disse ela apontando para uma cadeira imponente ornamentada com veludo vermelho e decorada com detalhes dourados.
- Elisa. - disse ela enquanto apontava para uma cadeira rústica, de madeira, decorada com algumas trepadeiras floridas que subiam pelas pernas da cadeira.
- Sofia. - disse ela apontando para uma cadeira de aspeto frágil, decorada com tecidos levíssimos que esvoaçavam com a brisa que entrava pela janela e ornamentados com pequenos diamantes.
- E...Ema. - disse ela parando atrás de uma cadeira delicada, ornamentada com algum veludo azul-escuro e tecidos de vários tons de azul a cair pelas costas da cadeira, também estes decorados com pequenos cristais, fazendo lembrar as ondas do mar.
Ema ficou ali, durante um bocado, assustada. Assustada porquê? Nem ela sabia. E por isso mesmo ficou ali durante mais um bocado, a tentar perceber o que a assustava.  Chegou à conclusão de que era a incerteza. Ela não tinha a certeza de nada do que tinha acabado de dizer, e isto tinha sido apenas quatro nomes. Ela não sabia quem é que realmente se iria sentar nas cadeiras da família do ar e da terra, visto que a Elisa e a Sofia lhe tinham dito que não iam ser elas, não sabia se Calum era responsável o suficiente para ser representante da sua família e nem sequer sabia se ela o era. Será que era merecedora de se sentar ali? Será que alguma vez conseguiria viver como uma verdadeira Eglington?
Com todas estas perguntas, Ema decidiu afastar-se da cadeira e focar-se na sua próxima missão: encontrar Calum, Elisa e Sofia. Ela precisava de respostas. Muitas respostas.
Ema voltou a dar voltas e voltas à mesa, tentado organizar as ideias, até que teve de parar, pois parecia que alguém a chamava. Ela não conseguia perceber de onde é que aquela voz vinha mas de certo que era de uma das portas fechadas que rodeavam a grande mesa. Ema encostou-se primeiro à porta que dava para a ala da família Bryer, mas a voz parecia distante, quase imperceptível e a cada palavra indistinta que a voz dizia seguia-lhe um eco. Assim, Ema passou para a seguinte: a porta que dava para a ala dos Reynard. Mais uma vez, a voz era distante e longínqua, mas ao contrário do que tinha acontecido com a outra porta, esta voz era doce e feliz. Acabou por chegar à porta da família Culbert. Aí, o caso era completamente diferente: a voz era distinta e tão alta que parecia que alguém lhe estava a gritar ao ouvidos. Esta voz desafiava-a a abrir a porta, a quebrar as regras e a tentar o impossível. Era apenas isso que ela tinha de fazer para a voz se calar: tentar abrir a porta. Mas Ema permaneceu quieta, decidida a não cair nos enganos daquela voz. Ela não era uma Culbert, pelo não conseguiria abrir a porta, e provavelmente apenas se conseguiria magoar. A voz começou a falar do segredo da sua família, o grande segredo que ela ajudara a esconder, o grande segredo que a trouxera até ali. O que tinha acontecido entrava-lhe na cabeça sem qualquer pedido de autorização, dando voltas e voltas e mais voltas até ela perceber o que isso implicava e em quão risco a sua família estava se alguém descobrisse. Depois, a voz passou a falar num tom que contrastava imenso com o primeiro. Este era, doce e suave, quase meloso e cada som eram agulhas a picá-la. Agora a voz dizia-lhe o porquê de tudo aquilo. Porque é que os seus pais tinham morrido, o porquê de ela não ter os seus poderes, o porquê de os seus avós não gostarem dela...Era tudo culpa dela. A cabeça de Ema parecia que ia rebentar e ela apenas tinha forças suficientes para murmurar:
- Para...Para por favor...
Por fim, Ema não aguentou mais e encostou a palma da sua mão à madeira escura da porta e empurrou-a, tentando abri-la e acabar com aquele sofrimento. Uma torrente de energia fortíssima empurrou-a para trás e envolveu-a entrando e alterando cada célula no seu corpo. A voz calou-se apenas por ser substituída por uma confusão e desespero crescentes. Ema começou a entrar em pânico e correu para a porta da cabana tentando abri-la. Assim que conseguiu, ela saiu porta fora, determinada a fugir daquilo, sem reparar na porta no interior da cabana que, de facto, tinha deixado aberta.
Ema correu durante o que pareceu uma eternidade mas, de alguma forma, parecia que estava no mesmo lugar. As árvores confundiam-se, as folhas pareciam todas iguais e até as rochas lhe pareciam repetidas. No entanto, nunca parou, com medo que o que quer que aquilo fosse a apanhasse. Até que ela deixou de ouvir o som que a seguia já durante algum tempo e, cansada, acabou por parar. Qual não foi o seu espanto quando, assim que parou, começou a sentir um formigueiro a subir-lhe pelos pés acima  e, ao olhar para baixo, viu que era aquela energia que a tinha perseguido a apoderar-se dela. Já demasiado cansada para fugir, Ema deixou-se ficar. O formigueiro espalhou-se pelo seu corpo todo e foi ficando cada vez mais intenso. No entanto, cada segundo em que aquilo continuava, mais energia sugava de Ema, pelo que ela acabou por desmaiar.
Quando acordou, a primeira coisa em que Ema pensou foi em encontrar Calum, Elisa e Sofia. Podia não os conhecer assim tão bem, mas eles seriam os mais indicados para a ajudar. Mas onde estariam eles? Mal esta pergunta se formulou na sua cabeça, Ema soube logo o que fazer. Fechou os olhos com força, e quando os voltou a abrir, estes brilharam com uma cor violeta muitíssimo forte, e depois só teve que se concentrar. De algum modo teve a certeza de que Calum estava na mansão dos Bryer. Como tinha feito aquilo, ela não sabia. Assim como também não sabia como tinha sabido o que fazer, mas o cansaço e o desespero eram tão grandes, que Ema nem se deu ao trabalho de tentar responder a essas perguntas. Ela foi caminhando ao longo da floresta, caindo muitas vezes e indo contra a várias árvores, ficando toda suja de terra, tal era o cansaço, mas nada disso importava. O que era importante era perceber o que se tinha passado e ainda se estava a passar com ela, o que era importante era receber repostas. E nada a ia impedir de as conseguir.
Assim, com esta fúria a rugir dentro dela, Ema caminhou até à mansão dos Bryer, quase indo contra uma jovem misteriosa que saía de lá com um ar preocupado e aparentemente com pressa. Depois, entrou de rompante pela porta aberta, apenas para encontrar Calum, Sofia e Elisa a conversar calmamente entre eles, juntamente com um rapaz que ela não conhecia. Mal eles a viram entrar, o espanto foi tal que se levantaram todos do sítio onde estavam sentados e ficaram a olhar para ela, embasbacados, durante alguns segundos.
Calum foi o primeiro a falar:
- Ema?

A EscolhidaWhere stories live. Discover now