III

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Ao entrar no quarto respirei fundo, tentando pensar em outra coisa que não fosse tortura-la até a morte. Irina havia me traído de tantas formas que era impossível decretar uma punição de cabeça quente.

Sempre soube que havia um rato por perto, alguém que contava ao meu inimigo todos os meus passos, e agora eu sabia quem, mas queria uma confissão, mesmo que para isso eu tivesse que arrancar dela, e depois daria um tiro em todos os seus orifícios por me trair.

— Levante-se e se recomponha você não é uma vítima então não aja como se fosse.

— Você não sabe de nada Ricco, mas faça o que você veio fazer, eu não tenho mais nada a perder mesmo.

— Parece que não tem mesmo, você sabia que o homem que estava te comendo há pouco tempo atrás é o mesmo que matou os seus pais? Você sabia disso?

— O que? Não, não foi ele – ela respondeu surpresa – e ele mentiu Ricco eu nunca fiz nada com ele antes eu juro, essa foi a primeira vez acredite em mim, por favor, eu não queria que você visse isso me perdoa eu não tive escolha.

Ela se arrastou até meus pés, em lágrimas se agarrando ao meu cinto. Eu acertei seu rosto com um tapa ela caiu para o lado se encolhendo em posição fetal.

— Você é amante do homem que matou meus pais, que matou os seus pais, que tentou matar o meu avô, você acha que se arrastar feito uma cadela no cio até mim vai fazer com que eu te perdoe? Que poupe a sua vida?

— Por favor Ricco, eu não tive escolhas eu já estou morta de qualquer jeito, se você não me matar ele vai, você tem uma arma por favor faça isso, se algum dia eu tive algum valor pra você use sua arma.

— Meu pai não teve direito a clemência, minha mãe também não, por que você teria?

— Eu não sou amante dele, eu não tive escolhas, acredite em mim.

— Eu estava preocupado com você, eu te vi sofrer, te vi definhando dia após dia, me culpei achando que era responsável por seu sofrimento.

— Não eu não sabia que ele estava vindo eu juro, e Vincent estava me ameaçando, você não entende? Eu precisava protegê-lo.

— Proteger a quem, a mim, ao Vincent?

— Não, eu tinha que proteger o, você não entende.

—Não, eu não entendo a porra da mulher que eu jurei proteger e amar até o dia da minha morte, fode com o meu pior inimigo na porra da minha casa, não, eu com certeza não entendo.

— Eu o ouvi falar com alguém hoje enquanto ele me... E-eu o ouvi dizer que ia esperar a comissão chegar, e então o caminho estaria livre. Ele quer toda a comissão Ricco você seu avô os anciãos e todos os outros detentores das moedas, eu juro eu tinha que protegê-lo, ele me prometeu que o pouparia você não entende, mas eu tinha que fazê-lo e agora nada mais importa.

— Quer dizer que o Vicente e quem está por trás dele está aqui há mais de uma semana e você não me contou porque queria me proteger, é isso? E você fez isso como, chupando o pau dele? Deixando ele te comer embaixo do meu teto? – a arma em minha mão fez o click da trava de segurança, ela não merecia clemência, as minhas mãos tremiam.

Meus dedos se moveram e um único tiro fora disparado. A raiva que senti naquele momento foi de mim, eu senti a raiva crescente dentro de mim, raiva por não ter percebido, senti raiva por ter me importado tanto, raiva por ter deixado o inimigo entrar na minha casa e pior ter dividido a cama comigo.

Senti raiva por não conseguir atirar, por não acabar com a sua vida patética. Deixei-me cair sobre os meus joelhos por um momento, uma mão pendia a arma e com a outra apertei a ponte do meu nariz.

Venni - Herdeiro da Vingança -  Série Detentores. - Livro 1 - CompletoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora