Venni - Herdeiro da Vingança - Série Detentores. - Livro 1 - Completo

XIX

Ao entrar em meu quarto a encontrei deitada em posição fetal. Fechada como uma concha, ocupando um pedaço tão pequeno quanto o seu corpo em minha cama enorme. 

Ela parecia tão doce, que dava nojo.

Eu senti muita raiva de mim por me importar, por não ter dado ordem para que Lourenzo resolvesse o problema lá mesmo, e mais ainda por ver sua expressão inocente, ela não era inocente, ela tramou pelas minhas costas, foi até ele mesmo eu dizendo que o mataria em sua frente, ela o beijou, deixou que ele a tocasse.

São todas assim, nunca tem escolhas é o que dizem.
Ela dormia, seus soluços diziam o quanto havia chorado, restava saber por qual motivo.

— O que te fez pensar que poderia me enganar?

Ela levantou num salto desengonçado, ficando de joelhos na cama.

— Riccardo! E- eu, me desculpa, por favor, eu não queria te desobedecer, mas ele ameaçou o Alex. Eu tinha que ir,por favor, entenda.

— Mentira – eu agarrei seus cabelos lançando-a ao chão – Não acredito em você, você é como eles, é como seus irmãos. Você vale tanto quanto eles, e me fez perder tempo, e isso me deixa muito furioso.

— Talvez eu seja Riccardo, mas eles são tudo o que eu tenho, não poderia deixa-los morrer, eu fiz o que tinha que fazer.

— E eu vou gostar de fazer o que eu tenho que fazer, me conta uma história Ellie, uma que e valha a pena ouvir.

— O que você quer saber?

— Tudo.

Ela contou sobre a morte dos pais, e da morte da irmã quando o sobrinho tinha apenas oito anos, de como ela cuidou dele, mas o irmão o levou para caminhos errados, disse que tentou fazer a coisa certa, e que quando se envolveu com o Diego ela não sabia o que ele fazia até ele armar para ela. 

E que tudo piorou quando seu irmão foi ameaçado de morte que ela aceitou se submeter ao Diego por um tempo até pagar a dívida, mas o idiota nunca desistiu dela.
Assim como ela se submeteu a mim por seu sobrinho.
Conclusão, ou ela é a maior mentirosa do planeta ou é a mais altruísta dos seres humanos. Eu prefiro pensar que ela é mentirosa, e que estava me traindo.

— O que ele queria com você além de entrar em suas calcinhas?

— Ele queria saber quem é você. Perguntou se você tinha alguma coisa a ver com o dinheiro que o André apareceu com ele daquela vez.

— Explique isso!

— Ele queria saber quem é você, o que você faz e eu disse que não diria, foi por isso que ele me beijou ele disse que faria eu me lembrar quem manda, eu sabia que estava com problemas e que você saberia de tudo o que aconteceu por isso bati nele, e ele pirou, me bateu rasgou minhas roupas, e tentou – ela engasgou com as palavras. — eu só disse não a ele, eu não falei de você eu juro. Eu não consigo achar o meu sobrinho, ele não atende o telefone, e nem o André, eu fiquei com medo por isso fui até lá.

— Porque não contou a mim ou ao Lorenzo? Ele teria investigado, você temeu a ele mas não a mim, péssima escolha garota.

— Eu sinto muito.

— Deve sentir mesmo, eu vou ouvir outra história agora, torça pra eu gostar mais da sua.– disse e sai do quarto deixando-a em um poço de lamentações.

No porão eu estava de frente para o valente Diego, traficante e explorador de garotas. Receptação e latrocínio, porte de armas e assassinatos eram algumas das suas infrações penais, eu poderia entregá-lo a polícia e receberia uma medalha por isso.

Mas o idiota tocou o que não era seu para tocar, ela é minha e ninguém toca o que é meu, eu quero suas mãos, quero os seus olhos, quero suas bolas, e porra quero arrancar sua mente com qualquer pensamento que ele tenha sobre ela.

— Quem é você? Ah você é o engomadinho da preta, o que você quer cara, você pega a minha garota e ainda quer ter o direito de se sentir ofendido?

— Continua, eu não preciso de mais motivos para acabar com a sua existência patética, mas vou te dar uma chance, fale a verdade e eu deixo você morrer rápido.

— Você está louco mano, eu não tenho nada contigo, eu achei que fosse só um caso dela, só grana sacou, o irmão dela vive enfiando a preta nessas roubadas.

— O que você tem contra o irmão dela?

— Ele é um imbecil, ele gastou minha mercadoria, era meu direito cobrar cara, mas eu disse a ele que limparia a ficha dele se ele me trouxesse ela, e ele fez isso, não sei como ele convenceu a menina, mas a preta voltou pra mim, por um tempo.

— Ela foi sua namorada?

— Foi no colégio, mas eu pisei na bola com ela e ela me deu o fora.

— O que você fez?

— Nada de mais, só guardei umas mercadorias na casa dela, mas ela conseguiu provar que eram minhas, estavam dentro de uma mochila com outras coisas minhas, ela era do bem, sabe do tipo que trabalha e estuda, e como era menor não deu nada pra gente na época.

— Mas você quis ela de novo, por que?

— Eu gosto dela cara, ela não é só gostosa, ela é o tipo de garota que faz você querer ser melhor saca, isso da tesão e da raiva também. O problema é que a preta não se liga em alguém como eu, se você quer tem que pegar a força, mas ela faz qualquer coisa por aqueles dois imprestáveis, eles não a merecem cara eu só acho.

— E você a merece?–minha consciência me fez a mesma pergunta.– me diz o que a assustou na boate Griss?

— Eu posso ter dado a entender que não estava feliz.

— O que ela foi fazer nessa festa?

— Eu mandei recado pela Maria, eu queria vê-la só isso, cara ela foi na boa, mas quando eu tentei beija-la ela me xingou disse que eu não sabia a merda que tinha enfiado nós dois, e que eu era um lixo. Cara ela me zuou legal, eu perdi a cabeça.

— Que argumentos você usou para que ela fosse até você? Não minta pra mim, capisce?

— Tá cara, não estressa. Acho que foi porque disse que e se ela não fosse o moleque estaria preso na manhã seguinte com tanta droga que ele passaria vinte anos atrás das grades, isso sempre funciona com ela.

— Vou fazer uma pergunta a ela, se ela for satisfatória eu deixo vocês irem.

— Pode fazer o que quiser eu falei tudo o que tinha pra falar.

Mais tarde eu voltei ao meu quarto. Ellie ainda estava enrolada no canto do quarto, quando entrei seus olhos inchados me encararam suplicantes.

— Venha! – ordenei dando espaço para que ela me seguisse.

Ao entrar no porão primeiro ela arregalou os olhos, olhando para a figura patética do ex na sua frente, depois ela se ajoelhou diante dele e implorou. Não o fez a mim, não não rogou pela vida imprestável dele, mas implorou a ele por notícias de seu sobrinho.

— O que você fez com ele Diego? Porque você não deixa a gente em paz.

— Diz aí pro seu namoradinho o que ele quer saber, eu não tenho nada a ver com o Alex, e não sei onde ele está.

— Você disse que estava com ele, você mentiu? Mentiu de novo?

— Sempre funciona com você minha preta, eu chamo e você vem, agora resolve aí com seu amante pra gente poder ir embora.

Ela me olhou com os olhos vazios, como se não quisesse mais lutar ou reagir a nada.
Era a minha resposta, eu saquei a minha arma a atirei entre os olhos do verme. Ela gritou em pânico, acho que ela nunca vira alguém morrer diante dela, sei o quanto isso e chocante na primeira vez.

— Eu te fiz uma promessa Ellie, eu te disse que mataria ele na sua frente – rosnei ainda irado, logo após eu a fiz se esticar até que as palmas das suas mãos tocassem o sangue morno que saia da cabeça do imbecil.— Ele morreu por que você temeu o homem errado, não faça isso de novo esse é o seu segundo aviso.

Ela tremia, estava pálida seus olhos desfocados e em um segundo ela caiu e eu a peguei antes de que tocasse o chão.
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