Capítulo IV

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A PROPOSTA

Wesley abriu os olhos sonolentos. Estava deitado em uma grande cama de madeira de cedro e coberto por um longo cobertor de pelo de carneiro. O quarto onde repousava era grande e confortável, com duas grandes venezianas de mogno, para refrescar e iluminar o ambiente, e mobília do século passado, assim como os detalhes nas portas e janelas. O teto, feito de forro de pino, combinava com as paredes de madeira e contrastava com o assoalho de madeira de lei. Ao lado da cama ficava um grande armário de roupas e ao lado deste, a porta que dava para o banheiro. Do outro lado da porta ficava uma penteadeira e um criado mudo adornado com um jarro de flor e aos pés da cama, sentado numa cadeira estofada, seu primo Thomas o encarava com um olhar carrancudo e preocupado.

– Até que enfim acordou! Por um momento pensei que tivesse entrado em coma.

– Onde estou? – foi à resposta de Wesley sentando na cama e olhando ao redor, estranhando o ambiente. Um vento gelado entrou pelas venezianas e arrepiou os pelos de seu peito nu levando-o a cruzar os braços sobre o tórax.

– Na casa da garota da estrada – disse Thomas sem emoção – Estamos a quase dois dias esperando que acorde. Já pensava em te abandonar aqui e seguir sozinho.

– Caramba! Dormi tanto assim? Acho que foi a combinação do cansaço da viagem, mas o esforço do rito do tempo. Estou com uma fome terrível. Será que podemos comer alguma coisa?

Antes que Thomas pudesse responder a porta do quarto se abriu e Mariah entrou sem se anunciar. Estava usando um minúsculo vestido prateado e os cabelos estavam amarrados num rabo de cavalo. Thomas tentou disfarçar a comoção, mas Wesley encarou as pernas nuas e bem torneadas da garota, devorando-a com o olhar.

– Que bom que acordou Wesley. Eu e seu primo estávamos ficando preocupados. Você dormiu por quase dois dias – Mariah sorriu e fechou a porta atrás de si, sentando-se na beira da cama e cruzando as pernas.

– Eu não estava preocupado. Estava irritado pela perda de tempo desnecessária – Thomas justificou-se olhando para o primo – E agora que acordou, levante e se vista que temos trabalho a fazer e quanto antes sairmos desse lugar melhor.

– Como assim, trabalho? Temos que trabalhar para pagar pela hospedagem?

– Vamos deixar essa conversa para mais tarde, por hora vamos comer alguma coisa. Você deve estar com fome depois de todo esse tempo desacordado – disse a moça adivinhando seus pensamentos.

– É verdade. Estou tão faminto que poderia comer um boi inteiro. Não comi nada desde a sopa de sapos do Thomas.

Mariah riu e o necromante lançou lhe um olhar azedo, mas logo se dirigiu a saída deixando os dois sozinhos no quarto. Wesley aproveitou para pegar as mãos da donzela e acariciá-las docemente.

– Sabia que estava sonhando com você esse tempo que fiquei adormecido. Sonhava que estávamos sozinhos num grande jardim a colher flores e lhe ofereci um buquê de rosas vermelhas enquanto lhe pedia em compromisso.

Mariah corou e recolheu as mãos, juntando-as entre as pernas. Wesley não se deu por vencido e acariciou seus longos cabelos prateados.

– Sabe Mariah, já vivi muitas aventuras em minha vida, mas nunca encontrei uma garota como você. Sinto que...

Thomas abriu a porta de supetão e encarou os dois com uma expressão fria no olhar.

– Vocês vêm ou não para a cozinha?

Mariah levantou seguida por Wesley que estava apenas de cueca. O rapaz vestiu um calção que estava dobrado em cima do criado-mudo e seguiu os demais em direção à cozinha. A casa era grande, com longos corredores e muitas portas, indicando vários aposentos e Wesley se perguntou se não perderia, caso tivesse que caminhar sozinho por aquele casarão.

A Busca pela Árvore da Vida (em revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora