Capítulo V

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A DECISÃO

Ocre é uma cor, um tipo de vermelho escuro, meio marrom – dizia a avó mostrando-lhe um livro de genealogias. – "Daí vem seu sobrenome. Assim como os Reds, os Rubys, os Crimsons e os Bloods."

"Blood não é uma cor" – dizia Adam querendo demostrar conhecimento – "significa sangue, em inglês".

"Sim, meu querido. Nem todas as famílias optaram por usar cores. Algumas procuraram elementos que estivessem ligados à cor e melhor os representassem. Os Bloods são um exemplo disso. Os Winters também, assim como os Winds, os Muds e os Storms."

"E por que todos os nomes são em inglês? – indagava Adam ainda curioso – Por que me chamo Ocher e não Ocre?"

"Todos os sobrenomes das grandes famílias, e até de algumas menores, tem origem na Inglaterra. Por isso os nomes em inglês. Não se sabe se foi coincidência, ou um acaso do destino, mas quando Dimas Blue descobriu que podia canalizar a energia por meio de um círculo, aproveitou seu sobrenome e as cores das linhas mágicas para criar o Círculo Azul. Posteriormente, outros Círculos foram criados e seus fundadores aproveitaram a ideia e mudaram seus sobrenomes conforme a cor da magia que invocavam. Assim surgiram, os Red, os Black, os White, os Silver e todos os demais. Depois essas famílias se dividiram em grupos menores e muitos não se contentavam em carregar os sobrenomes de seus pai, criando os seus próprios, baseados numa característica que melhor os representava. O fundador de nossa família, por exemplo, chamava-se, originalmente, Edgar Red, até que, ao se mudar para a África, decidiu mudar seu sobrenome para Ocre, que é um tipo de vermelho mais escuro, quase marrom. Já que ficara bronzeado devido ao sol abrasador daquele continente."

"E cada família tem sua história. – continuava a avó – Mas o que importa é o que elas têm em comum. Ou seja, sua origem na Inglaterra, que foi onde os Círculos nasceram. Depois, com o tempo, acabaram se espalhando por todas as partes do mundo, e os nomes foram se adaptando a cada cultura regional. Por exemplo, aqui no Brasil, usamos nomes comuns como Pedro, Paulo e Jacó, no lugar de Peter, Paul e Jacob, como nossos antepassados, mas os sobrenomes sobrevivem. E é por isso que você se chama Ocher. Por que sua família, assim como todas as famílias mágicas, preservaram a tradição oriunda dos criadores dos Círculos da Magia."

Os ensinamentos da avó vinham em flashs de memória quando pensava na importância que Rebecca tinha. Fora sua família, os Blue, que deram início aos Círculos Mágicos e ao controle da magia em si, portanto, toda a comunidade mágica tinha uma dívida para com eles. Assim, se considerou um cara de sorte por Rebecca aceitar sair com ele de novo.

Despediu-se da mãe com um aceno e saiu de carro. No caminho parou em um supermercado e comprou uma caixa de bombons e biscoitos de chocolate. Queria ter algo para comer caso ficasse sem assunto e a garota tinha cara de quem adorava doces.

A viagem foi curta e antes que seu CD de musica brega terminasse, ele já tinha chegado. A rua estava movimentada ao redor do apartamento de Rebecca e Adam teve um pouco de dificuldade em encontrar um lugar para estacionar, mas felizmente um casal saiu apressado do condomínio e ele rapidamente ocupou a vaga.

No prédio, o porteiro já havia sido avisado, então Adam entrou sem contratempos, examinando a aparência do lugar. O condomínio era grande, com vários setores e áreas de lazer. Um playground para crianças e uma grande piscina nos fundos fechavam o complexo que parecia ser de alto padrão. Deve ser caríssimo, pensou enquanto pegava o elevador para o décimo andar e olhava o endereço rascunhado por Rebecca num pedaço de papel:

– Condomínio Águas Claras, apartamento 96, 10º andar – leu em voz alta observando a forma como o bilhete fora escrito.

A letra da moça era bem desenhada, quase como uma pintura, com as iniciais sempre se destacando em relação ao restante das letras.

A Busca pela Árvore da Vida (em revisão)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora