Capítulo 20

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Resumo:

"Então vocês fizeram os três? Digo, pelejaram juntos os três? Com espadas?" Ela perguntou com uma nota de diversão traindo o olhar. A voz também trazia uma leve entonação de excitação crescente, mas Xue Meng não era conhecedor das expressões e tons de voz da líder Mingyue, então não reparou.
"Sim, sim! Várias vezes que eu me lembre. Estamos sempre fazendo isso, a qualquer momento. Eles são bastante ferozes quando querem, mas eu consigo dar conta dos dois felizmente." Disse Xue Meng com naturalidade.
"E o jovem líder sente-se bem no dia seguinte? Consegue sentar? Consegue andar?" Perguntou ela ansiosa.


§§§


Xue Meng estava pensativo. Ele estava em um dos quartos do Palacio Taxue Kunlun. Fazia anos que ele tinha estado ali. Em uma época não tão feliz. Eram lembrança longínquas, mas tão vívidas pela dor excruciante que causariam se Xue Meng insistisse em pensar nelas. Era doloroso pensar muito pelo motivo em que ele havia ido para lá. O motivo pelo qual tinha ido para lá. Por estar sozinho, sem família, sem lar e sem amparo.

Em uma bela tarde de verão, poderia ter sido apenas um dia qualquer. No fim acabou sendo o dia mais sangrento da existência de Xue Meng. Ele perdeu nesse dia, duas de suas conexões existenciais mais importantes, mesmo que tenha ganhado mais duas para compensar. Ele não gostaria de ter pagado esse preço de sangue para garantir algo igualmente bom. Ele poderia ter ficado egoistamente com os quatro.

Foi a partir desse dia que ele e os irmãos Mei se tornaram tão inseparáveis como se eles fossem um imã e ele o metal. Sempre atraído para eles como mariposa atrás da luz. Uma ligação forte e quase inquebrável. Assim como ele e os pais. Apenas a morte teve mais poder que seus sentimentos para com sua família.

Normalmente Xue Meng ficaria em um quarto de hóspedes, em uma ala isolada nas outras seitas. Mas por algum motivo, já havia um quarto junto aos dos demais discípulos preparados para si. Os dois da-shixiong do Palácio Taxue Kunlun seriam seus vizinhos de aposentos.

O Palácio Taxue Kunlun ficava no topo de uma montanha alta no meio de uma cordilheira nevada. Era o tipo de lugar que pouco ou muito, sempre teria gelo por todo lugar. A neve estirada sobre a terra como um denso tapete branco. Os flocos cintilavam á luz da manhã, um pouco antes do meio dia. O brilho furta-cor era um espetáculo que encantava os visitantes. Tanto que mesmo sob o frio que atingia os ossos, era impossível não se sentir feliz ao contemplar o cenário romântico e belo.

Essas não seriam as palavras que Xue Meng gostaria de usar, mas foi exatamente assim que tinha sentido ao chegar aos arredores de Kunlun.

Eles já tinham sobrevoado diversos lugares rumo ao norte, onde ficava o Palácio Taxue Kunlun. Era o reino mais distante e também o mais deserto. Na opinião de Xue Meng era onde ficava o povo mais sábio, mas ele não diria isso a algum dos gêmeos ou eles ficariam ainda mais insuportáveis.

Ele nunca esqueceu que foi a líder Mingyue quem do reino superior deu a primeira oportunidade ao Pico Sisheng. E que esteve ao lado do seu pai como aliada sempre. E mesmo quando não havia lugar no mundo para ele, sua cabeça posta como um prêmio, permitiu que ele ficasse em sua seita. Quem lhe ofereceu aliança antes mesmo de assumir sua seita como líder, reconhecendo como um igual e o sucessor de Xue Zhengyong, e que sempre liberava seus melhores cultivadores para estarem ajudando-o no Pico.

Eles nunca conversaram muito no passado, e mesmo no presente as oportunidades eram raras. A Xue Meng sempre parecia que ela escondia algo e se divertia em seu silêncio. Muitas vezes também passou a impressão de querer dizer ou perguntar algo, mas sempre chegava alguém e ela se abstinha de continuar o assunto. Fosse o que fosse, Xue Meng sabia que não era algo que ela queria externar a terceiros.

Deveríamos estar aptos a falar abertamente sobre nossos  sentimentosWhere stories live. Discover now