Capítulo 22

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Resumo: Não as derramara(lágrimas) por nenhuma donzela e não o faria por nenhum homem. Nem por dois. Mesmo que nenhuma donzela tenha chegado tão perto que o deixara sem resistência, abrindo e revelando toda a sua alma. Tão perto que poderia entrar no coração.

***


Jiang Xi tenta manter a compostura diante dos acontecimentos. Uma ruga se fazia presente em seu rosto bonito e a bochecha tremia levemente. Seus olhos também carregavam o ar cansado e era possível ver que finalmente o peso da idade parecia estar se fazendo notar nas primeiras rugas surgindo ao redor dos olhos. Se os pés não estivessem cobertos e firmados no chão, também poderiam possivelmente estar a sacudir de impaciência. Felizmente ele era um homem controlado. Até certo ponto.

Ele sempre ouvira falar que preocupação com filhos envelhecia, mas nunca levara a sério. Aparentemente era verdade.

Xue Meng olhava pra ele com cara de poucos amigos. Até aí tudo bem. Eles quase sempre se olhavam assim no passado e obviamente vinham tentando manter isso sob controle, como um acordo mútuo para manter a paz. No entanto, o jovem líder também desviava o olhar, envergonhado. E a face ruborizada também servia de algum consolo. Menos mal que ele tivesse a decência de pelo menos parecer arrependido.

"Até onde vocês já foram?" Perguntou Jiang Xi finalmente, deixado a frustração de lado para tratar logo o tema espinhoso com o filho.

"Como assim até onde fui? A quê exatamente se refere?" Respondeu Xue Meng, um pouco da sua típica má educação presente. Mesmo que a voz tenha saído mais como um miado, era possível sentir que ele não queria conversar sobre isso, preferindo desconversar.

Céus! Os deuses sabiam que ele também queria.

Mesmo tendo escrito vários livros de medicina, dado aulas e mais aulas, Jiang Xi nunca precisou dar palestras particulares para nenhum jovem de sua seita. Então não se sentia a vontade para discutir métodos de cultivo e proteção com jovens mestres de outras seitas, principalmente esse que os deuses quiseram que tivesse nascido de sua própria semente, mas criado por outro homem.

Nessas horas ele realmente desgostava de Xue Zhengyong, mesmo que o homem já não estivesse entre eles. Como assim ele praticamente entregava o filho deles nas mãos das duas raposas sem instruí-lo?

Não foi difícil descobrir que as relações entre as duas seitas eram muito próximas. Ele sabia que a líder atual e Xue Zhengyong tinham uma excelente relação e que ele também passou uma temporada lá, assim como sabia que os discípulos de Ming Yuelou também passaram uma temporada no Pico SiSheng.

Será que nunca ocorreu a Xue Zhengyong que a proximidade entre esses três poderia render outros sentimentos? Ele nunca notara os olhares inconvenientes do gêmeo mais velho? Jiang Xi não sabia que Xue Meng era seu filho naquele tempo, então não se importou muito. Mas não era cego e quanto mais puxava pela memória, mais certeza tinha que era muito óbvio na verdade perceber que havia mais nos olhares cumpridos e insistentes de Mei HanXue para o jovem mestre do Pico SiSheng do que simples amizade. Havia uma dor muito característica misturada ao sentimento de alerta e cuidado.

Se pudesse escolher qual dos gêmeos ter como genro, o que estava óbvio que não poderia, seria o mais velho com certeza. Apesar de que Mei Hanxue também era um cultivador inteligente e talentoso, e também vinha tentando manter-se na linha. Mesmo que a dúvida sobre seu caráter promíscuo ainda preocupasse Jiang Xi. Ele não queria ter que se importar com o futuro do Líder Xue ou com o destino de sua seita. Se estaria feliz ou não. Mas acabava fazendo.

Não adiantava pensar muito a respeito e nem se torturar por possibilidades. Jiang Xi era uma pessoa prática. Independente das negativas de Xue Meng. Se ele não era cego, tampouco era burro. Ele vira mais do que gostaria após o filhos descer de LongCheng vindo da seita de Mingyue.

Deveríamos estar aptos a falar abertamente sobre nossos  sentimentosWhere stories live. Discover now