O3.

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5 anos atrás, Tokyo - Japan, 19h 26min.

— Vá para o seu quarto e não saia de lá por nada, me ouviu?

A mulher mais velha pedia à menina, que não conseguia entender. Yumeko possuía um pequeno sorriso nos lábios, tentando demonstrar que estava tudo bem. Porém, Yumi era inteligente e conhecia a mãe.

— O que está havendo, mamãe? - Ela questionou, preocupada e confusa. Olhava fixamente para o rosto da mais velha, que ao mesmo tempo em que tentava demonstrar calma, parecia demonstrar pavor.

— Me obedeça, Yumi. - Disse por fim, dando um beijo demorado na testa da mais nova. Empurrou a mesma para dentro do quarto e trancou a porta por fora, deixando as lágrimas rolarem.

No momento em que virou, Yumeko viu o semblante sério do homem lhe encarando.

Yumi em seu quarto, não tentou gritar pela mãe e a obedeceu, mas as lágrimas desciam pelo seu rosto como se esperasse por algo ruim. Seu rosto estava preso na porta, ouvia tudo o que os dois conversavam.

— Você sabe que isso precisa acontecer, Yumeko.

— Sim, eu sei. Faça!

E após alguns minutos em silêncio, um som alto preencheu o local, arrancando um grito de Yumi. Ela travou no lugar que estava, em completa confusão enquanto um chiado agonizante era ouvido.

— P-pai? - Perguntou chorosa. Não ouviu mais nada do outro lado, nem mesmo a voz de seu pai; estava sozinha. — Mamãe? MAMÃE?

E então, o desespero lhe invadiu. Yumi bateu na porta fortemente, enquanto gritava por um dos dois.

Alguns dias antes, Tokyo - Japan, 13h 48min.

— Eu acho que Yumi devia parar de se encontrar com aquelas amiguinhas dela. Elas não são pessoas de confiança! Aquela tal de Nako, certo? Ela tem tatuagem no corpo inteiro, não acha repugnante, amor? - Ouviu a voz irritante de sua madrasta soar durante o almoço.

— Para mim, as duas não passam de duas prostitutas. Mas Yumi não me escuta, Aimi.

Um baque forte na mesa atraiu a atenção dos mais velhos, que pareciam até fingir que Yumi não estava presente na mesa.

— Vocês não conhecem as duas para falarem delas assim! E você, Aimi, não é minha mãe para dizer o que devo ou não fazer. - Retrucou, com um olhar raivoso na direção da morena alta.

— Não ouse falar assim com Aimi, Yumi. Peça já desculpas, ou eu...- Yumi o cortou rapidamente, sem pensar antes.

— Ou você o quê? Vai me matar?

Um silêncio se fez presente na mesa, e a mais nova sentiu o peso das próprias palavras. Engoliu a seco, se erguendo rapidamente.

— Yumi, não dê as costas para os mais velhos e não deixe comida no prato! - Ouviu quando a mulher se irritou, imitando a ação da garota ao se levantar. Portanto, essa havia terminado sua refeição.

— VOCÊ NÃO É A MINHA MÃE!

A garota adentrou o quarto rapidamente, fechando a porta na cara da mulher, trancando para evitar se irritar.

— Abre isso agora, sua garotinha!

Minutos se passaram com a mais velha batendo na porta, pedindo para ser aberta. Enquanto isso, ditava algumas coisas como: "Você é uma inútil!", "Ainda bem que não sou sua mãe.", "Vê se cresce!".

Contudo, os gritos cessaram. Não era possível ouvir mais nada, estava tudo em silêncio.

— Acabou o show? - Perguntou, querendo saber se ela havia realmente parado ou se algo havia acontecido.

Seu coração começou a bater mais forte em seu peito, a última vez em que tudo ficou em silêncio após um caos e ela estando em seu quarto, não fora algo bom.

Destrancou a porta e saiu do cômodo, andando pela casa. O prato de seu pai ainda possuía um pouco de comida, e não havia ninguém alí.

— Será que eles saíram? - Perguntou para si mesma, andando até a porta. Após abrir, um calafrio percorreu seu corpo, não havia uma só pessoa na rua.

Tudo estava vazio, não tinha ninguém e os carros estavam vazios. O que havia acontecido em Tóquio?

RAINHA DE COPAS | Alice In BorderlandWhere stories live. Discover now