13.

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Os meus olhos estavam presos no corpo da jovem garota estirado no chão, com o insistente pensamento de que o mais fácil não era o pior caminho toda vez. Porém, aquele mundo era repleto de pegadinhas por si só, não poderia contar que justo a última carta do baralho sem imagens, iria ter a resposta mais simples. Não poderia ser.

Fui tirada dos pensamentos quando senti um toque na minha mão, com o contato, o meu corpo acabou se assustando. Tratei de olhar para trás, observando Chishiya fazer um sinal com a cabeça. Tanto eu quanto Kuina o seguimos, passando pela multidão novamente e torcendo para que não começassem o surto de apontar uma pessoa aleatória como culpada enquanto não estivéssemos escondidos.

Caminhamos em passos largos até a sala de câmeras, onde o platinado escorou a porta com um armário pequeno e sentou-se por cima. Eu segui na direção de uma cadeira, onde me sentei e coloquei as pernas por cima do grande balcão que os visores estavam. Fixei meu olhar no que as câmeras capturavam, começando a ver todo o surto que prevíamos. Parecia um filme de terror, era desesperador.

────Eles nunca vão encontrar a bruxa dessa maneira. ── comentei, ouvindo Kuina soltar um murmúrio de concordância.

────Pelo o que eu saiba, uma de vocês duas pode ser a bruxa. ── Chishiya resolveu comentar, pra variar.

────Digo o mesmo de você.

────Se bem que você já é uma bruxa, Yumi. ── ele deu um sorriso forçado na minha direção, e eu apenas revirei os olhos.

────A chance de ser alguém da milícia é grande. ── falei, dando de ombros. Os meus olhos dançavam pelos visores, como se tentasse encontrar algo suspeito. Kuina fazia o mesmo.

────Talvez seja o seu amiguinho... Niragi. ── ouvi o homem dizer, me fazendo suspirar e desviar o olhar até encontrar seus olhos.

────Talvez.

Ele deu de ombros, encostando as costas na parede como se nada estivesse rolando do lado de fora daquela sala. Eu me sentia estúpida, e principalmente, enganada. No dia da reunião sobre a morte do número um, eu havia encarado o meu maior arrependimento. Eu acreditei por dias que Niragi poderia ser uma pessoa diferente, desde o dia em que negou agarrar Usagi e levá-la até Aguni e desde o dia em que ele me contou sobre ele mesmo.

Mas lá estava ele, atirando sem questionar em pessoas inocentes como se fosse a resposta correta. A Yumi que chegou na Praia havia morrido no dia que Aguni foi eleito o líder por uma votação ridícula que Niragi criou. A nova Yumi estava pouco se fudendo com o que aconteceria com ele, ou com qualquer pessoa que estiver participando daquela chacina.

────Já volto! ── Kuina pediu licença para Chishiya e deixou a sala, sem nos dar uma explicação.

────Não podemos ficar aqui pra sempre.

────Você pode ir se quiser. ── ele falou, erguendo seu olhar no momento em que me levantei da cadeira.

────Vou procurar Usagi e os outros. Vai mesmo ficar aqui? ── o questionei, vendo-o se levantar novamente para me dar passagem.

────Estarei aqui esperando vocês duas. ── ele sorriu fracamente. Balancei a cabeça, caminhando até a porta. ────Yumi!

────Diga, Chishiya. ── olhei em sua direção, vendo-o me observar por alguns segundos que pareceram longos minutos.

────Arisu provavelmente está no prédio principal. ── foi o que ele disse. Por algum motivo, eu senti uma pontada de decepção, mas não deixei transparecer.

RAINHA DE COPAS | Alice In BorderlandWhere stories live. Discover now