O8.

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Batidas na porta facilmente fizeram Yumi despertar de seu sono. Ergueu-se devagar da cama, caminhando até a porta em passos arrastados. Ao abrir, revelou a silhueta de Ann, que a observava com a expressão neutra e uma mão na cintura.

— Chapeleiro está querendo te ver. — Ela disse simplesmente, sem mover um músculo do lugar. A recém acordada a olhava com os olhos cerrados, tentando manter a calma. Já odiava ser acordada, mas ser acordada apenas porque querem conversar com ela, a deixa com mais raiva.

— Agora? Não pode me dar mais cinco minutos? — Perguntou, fazendo menção de fechar a porta, mas a mulher de cabelo channel foi mais rápida ao colocar a mão na frente.

— O Chapeleiro não gosta de esperar. — Apesar de seu tom rude, pareceu mais um aviso de sua parte, como se a alertasse. O que claramente foi o bastante para a japonesa sair do quarto, bufando e revirando os olhos.

— E eu posso saber o que ele quer?

— Você vai saber quando estiver lá, Yumi. — E assim, as duas se mantiveram caladas até estarem de frente para uma porta alta. Ann abriu a porta devagar, revelando uma pequena reunião dentro de uma sala que a Kobayashi nem sabia que existia.

O que chamou sua atenção foi os dois jovens sentados em cadeiras no meio da sala, como se estivessem presos. E após juntar as peças em sua cabeça, ela teve total certeza de que estava certa. E claro, após notar seus pulsos amarrados atrás das cadeiras.

— Dormiu bem, minha cara? — Ele perguntou, de uma maneira irônica, não esperando qualquer resposta de Yumi. Sentiu uma mão em seu ombro, empurrando-a até chegar ao lado da menina que havia visto no game do prédio. — Havíamos marcado de conversar hoje, não havíamos? De qualquer forma, descobrimos esses dois jovens nos seguindo e eu pensei...— Ele falou enquanto andava de um lado para o outro. — "Por que não poupar tempo e explicar para os três ao mesmo tempo?"

A Kobayashi deu uma rápida olhada em todos naquela sala, e pousou no garoto que havia entrado consigo e Chishiya na porta final do jogo do prédio. Tanto ele, quanto a menina estavam confusos. E ela entendia aquele sentimento, desde que as pessoas sumiram de Tóquio, era estranho encontrar várias pessoas em um só lugar, energia e principalmente, um homem semi-nu que se diz ser o líder de uma esperança totalmente falsa.

— Esta é a resposta! — Um estalar de dedos, fazendo-a juntar as sobrancelhas em sinal de confusão. Os dois homens que estavam atrás dos três foram até a parede de madeira, empurrando-a para revelar o que estava logo atrás.

Uma parede com todas as cartas, e algumas com um "X" desenhado em cima. Aquilo só deixou os três mais confusos do que já estavam.

— Vou falar a verdade, só há uma forma de acabar com este pesadelo infernal. — Ele falava, ainda observando a parede. Yumi cruzou os braços, atenta às suas palavras. — Zerando os jogos e coletando todas as cartas de baralho.

Faz sentido? Talvez. Mas depois o que? Um anjo desceria na Terra, pegasse todas as cartas e abrisse um portal para todos passarem? E como ele sabia daquilo?

— Todas as cartas? — O homem sentado na cadeira com os pulsos amarrados para trás, perguntou. Mostrando o quão confuso ainda estava.

— Se juntarmos todas, o mundo original vai voltar? — Foi a vez da mulher perguntar, também tentando entender onde o mais velho gostaria de chegar. E Yumi permaneceu calada, enquanto seu cérebro processava algo.

— O mundo antigo não vai voltar. — Ele falou como se fosse óbvio. — Só uma pessoa pode voltar ao mundo antigo. — Ótimo. Agora tinha isso também, que adorável. A japonesa se segurou firmemente para não revirar os olhos.

RAINHA DE COPAS | Alice In BorderlandWhere stories live. Discover now