vinte e seis

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MARIA LUIZA LEBLANC

- Tô cansada. - resmunguei baixo enquanto Luís trocava a bateria de uma das câmeras.

- Que devia estar cansados somos nós, que esperamos você por uma hora. - Laura disse óbvia, baixei a cabeça e ela continuou. - Por isso eu gosto da Mariana, ela nem precisa levar sermão pra olhar os emails.

Continuei com a cabeça abaixada, era sempre assim infelizmente. Eu era a desligada que não fazia nada certo, Mariana e Marcelo era os bons filhos.

- Vamos continuar, Malu? - Luís disse ao perceber os sermões, e eu levantei a cabeça concordando.

- Podemos, Luis. - respondi e sorri olhando para a câmera.

- Quais são as pessoas mais importantes da sua vida, e porque eles recebem esse cargo? - Pensei um pouco e logo falei.

- Meu pai, Mariana e Bruno. - Percebi o olhar da Laura e sorri. - Eu não sou muito sentimental, mas com eles eu sempre hajo mais pelo coração do que pela minha razão.

Luis sorriu e continuou fazendo perguntas, respondi tudo e fui liberada logo depois. Arrumei minha bolsa e sai de lá devagar, fui pra casa e quando cheguei lá praticamente ninguém olhou na minha cara.

Subi, tomei banho para tirar o peso do corpo e deitei na cama ficando olhando pro teto. Nem percebi que passou horas enquanto eu fiquei lá lembrando sobre mim.

Quando finalmente um ser apareceu no quarto, percebi que continuava na mesma, me olhou pouco e ainda fez questão de usar poucas palavras.

Eu odiava quando ninguém falava comigo, eu lembro de quando era pequena que meus irmãos iam brincar nos parquinhos e eu ficava em casa sozinha com minhas bonecas.

Fui no closet, coloquei uma calça, camisa e peguei um casaco. A bolsa que já estava pronta e meu celular, sai de lá enquanto digitava qualquer besteira para o Bruno.

Sai e nem peguei a chave do carro, decidi ir andando até algum lugar comer, não queria ir pra casa onde todo mundo também ficaria me olhando feio. E também não queria ficar em casa com o Bruno me tratando igual nada.

Caminhei até a primeira lanchonete que vi,logo uma mulher veio me atender, passou álcool no cardápio e me entregou.

- Eu vou querer uma empada, pastel de frango e um suco de maracujá. - Falei ao olhar o cardápio, ela anotou e saiu me deixando sozinha.

Não tinha muito fluxo de gente por ali, fiquei olhando as poucas pessoas que passavam.

Eu sei que estava errada, que não deveria ter falado aquilo. Mas precisava ficar me tratando igual nada?
Meu celular vibrou e eu olhei prontamente, vendo mensagem do Bruno.

Bruno Rezende:
Beleza, se cuida.

Joguei o celular dentro da bolsa sem olhar nada, onde foi que minha vida começou a dar errado? Deve ter sido quando eu nasci mesmo. Quando finalmente meu lanche chegou, comecei a comer.

- cholando porque Mama? - perguntei subindo na cama de Mariana que chorava baixo.

- Mamãe disse que não posso comer bolo, só depois das fotos hoje a tarde. - respondeu e eu fiz carinha de triste também.

- Malu vai judar voxê. - respondi e desci da cama, fui na cozinha e pedi pra tia Lili bolo, ele me deu uma bela fatia, voltei pro quarto da Mari. - Bolinho pra Mama. - Falei sorrindo.

- Para com isso, Maria Luiza. Eu não posso comer. - Ela disse sentando na cama.

Subi na cama e peguei um pouco de bolo.

𝘽𝙖𝙗𝙮- ᵇʳᵘⁿᵒ ʳᵉᶻᵉⁿᵈᵉWhere stories live. Discover now