trinta e tres

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Peguei plantões na área de pediatria do hospital a semana toda, precisava ocupar a mente com coisas e sempre que estava aqui me sentia melhor.

Hoje pela manhã eu ia atender minhas consultas de rotina, a giugiu era uma delas, e eu estava extremamente nervosa pela dela.

Não que eu estivesse com falta dela,porque eu passei a semana vendo ela, e sim porque depois do meu convite Bruno nunca mais falou comigo.

— Giulia Rezende agora. — Lud abriu a porta, disse e depois fechou.

— Tá tudo bem, Maria Luiza! É só uma consulta. — fechei os olhos e fiquei repetindo para mim mesma.


Até que escutei a porta abrir, o perfume dele tomar conta do lugar e uma risada dos dois, abri os olhos e eles estavam sentando.

— Oi, bom dia! — falo.

— Bom dia. — recebi como resposta, sorri fraco e baixei a cabeça.

Como de se esperar ela estava ótima, tudo seguia tranquilo, ganhava peso normal e estava crescendo da forma ideal sem aceleramento.

— Pronto, giugiu. — falo assim que fechei o último botão da roupinha dela. — Você está saudável, e super bem!

— Alguma recomendação? — Bruno me perguntou baixo.

— Você pode começar a dar um leite com algum suplemento vitamínico no café da tarde, ao invés do mingau. — falo e sentei na minha cadeira, escrevi alguns no papel pra ele e entreguei. — Pensou no meu pedido? — pergunto baixo.

— Não! — respirou fundo e pegou as bolsa da pequena e ela no colo. — Preciso de tempo, talvez daqui há um mês, dois, três.. Anos.. — completou.

Não sei porque senti todo meu corpo encolher como se eu estivesse sendo esmagada, fechei e abri os olhos.

— Tudo bem! Até a próxima. — falo, ele saiu e fechou a porta.

— Que cara é essa? — Lud perguntou entrando na sala.

— Nada, terminamos? — mudo de assunto e ela assentiu. — Ótimo, vou pra casa agora!

*
três dias depois

Estávamos eu, Lud e Mariana no meu quarto se arrumando, íamos jantar para comemorar nada, tudo uma invenção do Neymar.

Observei que as duas estavam se olhando como se quisessem dizer algo, revirei os olhos e encarei elas.

— O que foi? — pergunto.

— Malu... — minha irmã começou dizendo, prestei atenção.

— É que... O Bruno vai levar uma garota que ele ta saindo hoje. — Lud falou de uma vez e ficou me olhando.

Aparentemente eu não tive nenhuma reação plena no rosto, fiquei segundos parada olhando até que eu processei a informação, meus olhos soltaram leves lágrimas.

Eu não tinha o direito de reclamar, ele tava solteiro, e isso era culpa minha, culpa dos meus atos.

— Tudo certo né. — falo e enxugo as lágrimas, virei para o espelho que eu me maquiava. — Vamo curtir esse jantar né, nada mais pode dar errado!
Senti as duas me abraçaram pela cintura e deixei meu corpo descer enquanto soltei as lágrimas que segurei minutos atrás.

𝘽𝙖𝙗𝙮- ᵇʳᵘⁿᵒ ʳᵉᶻᵉⁿᵈᵉWhere stories live. Discover now