Capítulo 6

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Meu pé vira num ângulo estranho e eu ouço o barulho do meu corpo batendo no chão duro antes de sentir a dor, que pulsa pelo meu tornozelo. 

— Aí, que saco. — Dou um grito, tento me levantar, mas não consigo, meu pé dói demais e estar bêbada não ajuda muito. 

— Tá tudo bem aí princesa? — Ouço a voz do lado de fora da porta. 

Só tem uma pessoa que me chama assim, e por mais que eu queira ignorá-lo eu realmente preciso de ajuda para levantar. 

— Cai e torci o pé. Não consigo me levantar. — Respondo ainda que a contra gosto. 

— Vou te ajudar, tô entrando, tá bom? 

— Tá bom. 

Nathaniel entra, mas, não olho para ele. Apenas vejo suas pernas em frente a mim. Em seguida, sinto suas mãos fortes me segurando pela cintura e me puxando para cima. 

— Você consegue apoiar o pé bom no chão alguns segundos? Preciso ajeitar minha posição para pegar você no colo princesa. 

— Não me chame de princesa, eu tenho um nome. — Digo e apoio meu pé bom no chão, mas até mesmo ele arde. 

— Eu não sei seu nome. — Ele diz e me pega no colo, eu sinto suas mãos nas minhas costas e na minha perna, não posso negar que um arrepio me sobe com a sensação. 

Nathaniel me carrega até o quarto ao lado e me coloca na cama, em seguida tira meu sapato e observa meu tornozelo. 

— Quem está aqui com você? Posso ir chamar se quiser, isso aqui tá muito inchado, acho que não é uma boa ideia você apoiar esse pé no chão. 

— Estou sozinha, minhas amigas já foram. — Digo e dou uma risada, apesar de nada engraçado ter acontecido. 

— Droga, quão bêbada você está? Quanto você bebeu? 

— Muito, eu acho. — Eu soluço, o que só mostra que realmente bebi muito. Eu só soluço quando passei muito dos limites. 

— Que droga, princesa, inferno você precisa se cuidar quando está sozinha. — Ele diz e em seguida bufa. — Eu te levo para casa então. 

— Não, não precisa.  Você é um babaca que me tratou mal desde o primeiro dia. Odeio você, não quero sua ajuda. 

— Você está certa, sou mesmo um babaca. Mas sou o único que pode te ajudar, a menos que você queira estar deitada aqui quando o dono dessa cama chegar. 

— Posso pedir ajuda para outra pessoa. Qualquer pessoa seria melhor que você. — Digo e por um momento dor parece passar pelos olhos de Nathaniel. 

— Para quem princesa? Quem você conhece aqui? Ou você planeja pedir auxílio a um estranho? Nem todo mundo aqui tem boa índole, eu garanto a você que vou te deixar em casa e ir embora. Mas e os outros? 

— Eu não confio em você.  Eu te odeio. 

— E pode continuar me odiando depois que tiver deitada na sua própria cama, segura. — Ele diz, sequer espera que eu responda antes de continuar. — Qual seu endereço? 

Acabo passando meu endereço para ele, por um único motivo: ele tem razão, eu preciso de ajuda. Que diferença faz se é a dele ou de qualquer outro desconhecido?  No fundo, eu duvido muito que sequer me lembre o que aconteceu hoje de qualquer maneira. 

Agarro meu celular com força enquanto Nathaniel me pega no colo novamente.  Ele desce pelas escadas e parece fazer o caminho que evite o maior número de pessoas possível. Em seguida, ele me coloca dentro do seu carro, e dirige até meu quarto no campus. 

— Como você sabia que eu estava no banheiro? — Pergunto quando já estamos no carro, só agora estranhando a coincidência de sua aparição.

— Eu estava no quarto quando você entrou. 

— Eu não vi você. — Digo com o cenho franzido.

— Deve ser porque está bêbada demais. 

— O que você estava fazendo lá? Esperando alguém? 

— Muito pelo contrário. — Ele diz e solta um longo suspiro.

— Como assim? 

— Estava fugindo.  Às vezes, é impossível ficar sozinho nesse lugar. 

— E sua namorada? 

— Eu não tenho namorada princesa. 

— A loira 3 disse ser sua namorada. 

— Loira 3? 

— Sim, ela disse que eu devia ficar longe de você que você é dela. 

— Amber? 

— Sim. 

— Ela bem que queria ser minha namorada. 

— E você não quer? 

— Você faz pergunta demais. — Responde ele, mudando de assunto. — Você é uma bêbada insuportável Sabia princesa? 

— Aurora. Meu nome é Aurora. 

Fico em silêncio alguns segundos até que o carro para e eu olho para Nathaniel novamente. 

— Você é gay? 

— Não, eu não sou gay. — Seus olhos são intensos quando ele olha para mim. — Chegamos, Aurora. 

Ele se levanta e sai do carro, atravessa até o outro lado e me pega no colo mais uma vez. Novamente sinto sua pele na minha, sua mão em minha coxa. Minha cabeça encosta na curva do seu pescoço e eu sinto seu cheiro, é ainda melhor do que eu pensava. 

Ele me leva até o quarto e me põe em uma das camas, delicadamente. 

— Pronto, está entregue. Espero que não faça isso de novo, muito menos sozinha. Na próxima vez, posso não estar por perto para salvar sua pele. — Ele diz, depois vira as costas. 

— Nathaniel. — Chamo seu nome e ele se vira para mim novamente. Esse Nathaniel não parece o cara insuportável que observei das outras vezes. 

Eu me levanto e vou até ele, com o pé torcido levantado e pulando com o pé bom. É um milagre que eu tenha consiga chegar até ele sem cair. 

Paro em frente a ele, que continua ali, apenas me olhando com seus intensos olhos azuis. Envolvo minha mão em sua cintura e encosto minha boca na sua, apenas um toque suave que logo deixa de existir quando ele rapidamente se afasta. 

— Não faça isso, você está bêbada, você me odeia e vai se arrepender disso amanhã. 

— Quero fazer isso, quero fazer isso desde que te vi pela primeira vez, pois apesar de você ser insuportável, você é o cara mais lindo que eu já conheci. Amanhã voltamos a nos odiar, mas hoje, eu só quero beijar você. Só uma vez. 

Os olhos de Nathaniel parecem escurecer um tom ou dois quando ele não responde, mas passa os braços em volta de mim. Capturo sua boca na minha de novo e é ainda melhor do que imaginei. Nathaniel me levanta e eu enlaço as pernas ao redor da sua cintura, facilitando muito meu pé machucado. 

Sua língua é como tudo nele, macio e duro ao mesmo tempo. Eu o devoro, me demorando em seu beijo, sentindo seu sabor intenso. Sua língua envolve a minha, se enrosca, dança junto a minha própria língua uma melodia que elas parecem conhecer muito bem. Seus dentes capturam meus lábios, o mordem e puxam, arranca suspiros vindos do âmago do meu ser. 

É um beijo intenso, elétrico, voraz. Eu me demoro no sabor dele, na sensação que ele provoca em mim. 

Ele me leva até a cama, minhas pernas envoltas em sua cintura. Ele me deita e se empurra contra mim, eu sinto cada parte do seu corpo, eu o sinto rígido, um gemido escapa minha boca e reverbera no espaço entre nós, eu o sinto vibrar, eu sinto seu membro pulsar. E em seguida, tudo acaba. Ele tira minhas pernas de torno dele, se afasta e simplesmente vai embora fechando a porta atrás de si. 

Eu nem mesmo tenho forças de ir atrás dele. Sou simplesmente tomada pelo cansaço e pelo sono e adormeço ainda de roupa. No outro dia, não me lembro de nada do que aconteceu. 

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