Capítulo 27

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A cidade de Nova York é algo diferente de todas as cidades que já morei. É diferente até mesmo de todas as cidades que eu já havia visitado. A cidade onde eu morava na Inglaterra, era um lugar tranquilo comparado a tudo isso. Nova York é como uma grande explosão de cheiros, sons e pessoas. A cidade que nunca dorme faz jus ao título.

É tudo tão brilhante, cheio e barulhento de uma forma especial que sequer consigo imaginar como é para uma pessoa crescer aqui, entre os carros e pessoas apressadas, os mendigos e os músicos, a simples loucura insana que parece esse lugar.

— Se eu tivesse um filho em Nova York, ele nunca sairia de casa. — Digo para o Nathaniel, pensativa.

— Se o filho fosse meu, eu deixaria que saísse escondido. — Ele responde num tom brincalhão.

— Não, pode parar. Não pode fazer isso. — Digo com seriedade.

— Não posso criar filhos hipotéticos com você?

— Não, não pode tirar minha autoridade ante aos nossos filhos hipotéticos. Eles vão pensar que sou a vilã.

— Princesa, você quer prender eles em casa igual uma maluca, você é a vilã!

— Não é maluquice, olha essa cidade. Nossos filhos podem simplesmente correr para atravessar a rua e acabar mortos ou coisa pior.

— Você acabou de matar ou coisa pior, nossos filhos hipotéticos? Você definitivamente é a vilã Aurora. — Ele diz com os olhos arregalados e ambos damos risadas. — Mas, agora falando sério.  Entendo como isso pode ser estranho para você, mas estou tão acostumado com esse lugar que eu não noto mais, as pessoas, os carros, o chão que treme levemente quando o metrô passa. Isso aqui… É parte de mim, meus filhos terão sorte se um dia puderem vivenciar isso também.

— Você vai ser um ótimo pai um dia. — Digo sem pensar e um segundo depois o rubor toma meu rosto.

É uma conversa estranha para se ter com alguém que sequer é meu namorado, mas parece fluir perfeitamente com Nathaniel, apesar da minha vergonha. Seus olhos encontram os meus e seus lábios se abrem num sorriso cativante enquanto ele me arrasta pelas ruas movimentadas de Nova York.

A noite vai caindo e vejo a cidade se encher de luzes e ganhar ainda mais vida. Fico encantada por cada luz, cada prédio, cada músico. O sentimento é incrível, a cidade, a companhia, tudo parece ambientar perfeitamente essa experiência que sem dúvidas se tornará única. 

— Não acredito que você não ainda não tinha vindo fazer seu papel de turista até agora. — Sua mão me segura firme conforme caminhamos juntos.

— Acho que eu precisava da companhia certa. — Digo com um sorriso.

— Se eu não te conhecesse, diria que está flertando comigo, princesa.

— Talvez eu esteja. — Digo e olho de soslaio em sua direção.

Meu coração bate mais rápido quando seus olhos encontram os meus e vejo a intensidade no seu olhar. Respiro fundo por um momento e acabo desviando os olhos.

— Sempre soube que se apaixonaria por mim, princesa. Era só questão de tempo. — Ele responde com seu típico sorriso, convencido que a essa altura já estou tão acostumada.

— Você se acha demais. — Digo e reviro os olhos.

— Não posso fazer nada se sou irresistível, princesa. — Ele diz e dá uma risadinha. — Vamos, estamos nos aproximando da nossa primeira parada.

Nossa primeira parada era o metrô, em seguida a Times Square, lojas e mais lojas dos mais variados tipos, um músico que se apresentava no meio da avenida movimentada, um hot-dog típico.

— Não era bem o que eu esperava. — Digo com a boca cheia do sanduíche.

— O hot-dog? Como um sanduíche pode não ser o que você esperava?

— Não, o hot-dog não. Esse passeio. Achei que seria algo… Não sei…

— Chato? Ou achou que eu te levaria em algum tipo de masmorra do sexo?

— Masmorra do sexo? Existe esse tipo de coisa? — Pergunto com os olhos arregalados.

— Claro que existe. Mas, deixei para o nosso próximo passeio. Esse reserva algo mais especial. — Ele diz e se vira de frente para mim com os olhos brilhando.

Não paramos de andar, o que o faz esbarrar em uma e outra pessoa, mas seu sorriso caloroso faz tudo valer a pena. Seus olhos brilham e por mais que o passeio não tenha sido como eu esperava, isso não significa que tenha sido ruim, muito pelo contrário, foi incrível até agora.

Sigo os passos de Nathaniel até o próximo lugar onde ele me leva e dessa vez me surpreendo. Parada em frente ao Empire State, sinto um misto de emoções, euforia, animação e até um pouquinho de frio na barriga.

Nathaniel compra meu ingresso para subir até o 102º andar do glorioso prédio, felizmente vazio devido ao horário que viemos aqui.

Perco o ar quando chego ao topo, as luzes da cidade abaixo de mim é uma das coisas mais lindas que eu já vi. Solto um suspiro profundo olhando a vista e sinto o corpo de Nathaniel encostar no meu num abraço por trás.

Apesar da vista linda, meus olhos se fecham ao sentir seus braços em volta do meu corpo. Involuntariamente me ajeito para ficar ainda mais perto dele, quando ouço sua voz no meu ouvido.

— Esse é um lugar muito especial para mim. A primeira vez que vim até aqui, estava com meu irmão e eu tive tanto medo que quase fiz xixi nas calças. Ele me tranquilizou e enfim… Lembro dele me dizendo o quando gostava de observar as coisas assim, do alto. Sempre lembro dele quando venho aqui.

Fico em silêncio, sem saber o que dizer.

— Sempre soube que se um dia eu chegasse a trazer alguém aqui. Essa pessoa seria especial. Porque somente uma pessoa muito especial pode dividir esse momento em que eu quase molho as calças, ainda hoje.

Eu me solto do seu abraço e viro para ele, rindo. Meu riso morre ao ver seus olhos marejados olhando de volta para mim.

— Não trouxe você aqui à toa Aurora. Quero dividir esse momento com você, quero dividir mais que isso.

Nathaniel diz e enlaça suas mãos na minha, elas estão mais frias que a alguns momentos atrás.

— O que esta dizendo Nathaniel? — Pergunto com o coração martelando no peito.

— Quer namorar comigo, princesa?

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