Capítulo 26

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Passo quase o dia todo dormindo. O ponto negativo de se passar a noite acordada é esse, perder um dia inteiro na cama. Mirella e Tracy não tem o mesmo problema, provavelmente porque estão acostumadas a fazer isso quase diariamente e ainda precisar estudar no dia seguinte, diferente de mim que preciso das minhas boas horas de sono.

Estou completamente confusa quando acordo o quarto está vazio e também não tenho nem ideia de onde foi parar a bagunça que fizemos de madrugada. Pego meu celular e vejo que já são quase 5 da tarde. Me pergunto onde foram parar o resto das horas do dia, já que não é possível que eu tenha dormido por tanto tempo.

Sei que fomos dormir tarde, mas mesmo assim, se eu precisar chutar, eu diria que foram pelo menos umas 12 horas de sono. Nem mesmo saberia dizer quantos anos eu tinha quando dormi assim pela última vez. 

Percebo que tenho algumas ligações perdidas de Nathaniel no momento que checo o celular. Porém, antes de ligar de volta para ele, decido primeiro levantar, tomar um bom banho e colocar uma roupa que não seja um pijama. 

Quando finalmente ligo para ele, já passou mais de 30 minutos do horário em que acordei. Nath atende no terceiro toque.

— Achei que tinha sido abduzida por um alienígena. — Ele diz, assim que atende a ligação. 

— Ou eu poderia apenas não querer falar com você. 

— Por favor… Você é obcecada por mim. Não conseguiria ficar longe, deve estar me stalkeando nesse momento inclusive. — Ele diz, posso ouvir o som da sua risada logo em seguida.

— Você se acha demais garoto. E, além disso, está completamente enganado. É obvio que não estou te vigiando. — Dou uma pausa de poucos segundos antes de prosseguir. — Paguei alguém para fazer o trabalho sujo, obviamente. 

— Poxa, princesa, uma boa stalker faz o trabalho duro sozinha. Você não sabe que não dá para confiar em qualquer pessoa? 

— Você parece entender bastante do assunto.

— Um bom stalker te vigiaria enquanto você assiste “Ps. Eu te amo” com suas amigas, e chora durante quase todo o filme. Ele também saberia que você dorme tão pesado que dá para revirar cada centímetro do quarto sem te acordar. E por último, mas, não menos importante, ele te ligaria várias vezes para te chamar para sair, somente por que quer te ter por perto.

— Ok, você conseguiu me deixar levemente assustada. Como você sabe que filme eu vi?

— Encontrei com a Mirella mais cedo. Ela também disse que você tem o sono mais pesado que ela já viu, caso esteja se perguntando. Mas, o resto é verdade, realmente liguei para chamar você para sair… Gosto da sua companhia.

— Ainda podemos… Sabe, sair se você quiser. — Digo, envergonhada. 

— Seria ótimo sair com você, princesa, ainda mais agora que você me convidou. Estou indo até o seu quarto, chego em 5 minutos. — Ele responde animado e desliga a ligação antes que eu tenha tempo de formular uma resposta.

Não tenho muito tempo para me arrumar, então agradeço por ter ao menos trocado de roupa antes de ligar para Nathaniel. Enquanto ele não chega, apenas faço um delineado simples e calço meus sapatos. Estou terminando de passar o delineador quando ele chega. 

— Já vou. — Digo ao ouvi-lo bater na porta.

Termino de me arrumar correndo, passo um perfume, pego minha bolsa e abro a porta. Nathaniel está do outro lado, vestindo uma camiseta branca, calça jeans e tênis. Sua boca está levemente inchada e vermelha onde mordi, o que faz com que eu me sinta culpada.

— Tá doendo? — Digo apontando para sua boca. 

— Isso aqui? Algumas garotas já me fizeram passar por coisa pior. — Ele diz com uma piscadela.

— De que tipo de coisa você está falando? — Pergunto, curiosa.

— Ah, Aurora, você é inocente demais para essas coisas…

— Meu Deus, não sei se quero saber do que você está falando! Você é nojento. — Digo e dou um tapa de leve em seu ombro.

— E você é incrivelmente fofa.

Sinto meu rosto ruborizar e desvio os olhos dele. Gosto dessa versão sedutora do Nathaniel. Ele me deixa intrigada e faz meu coração bater mais rápido. 

— Vamos? — Digo tentando evitar me constranger ainda mais, eu deveria prever que isso não é tao simples quando se trata de Nathaniel.

Ele leva seus dedos até meu queixo e puxa meu rosto novamente em sua direção. Seus pés avançam um passo mais para junto de mim. Prendo minha respiração, o coração batendo tão forte que falta sair de dentro do peito.

— Porque está com tanta pressa princesa, está nervosa?

— Por que eu estaria nervosa?

— Não sei, mas talvez tenha algo haver com seus olhos que se recusam a focar os meus. — Seus lábios se abrem num sorriso perigoso. — Estou deixando você desconfortável? 

— Não estou desconfortável Nathaniel, eu só… Estou sendo cuidadosa.

— Sou um garoto crescido, princesa, não preciso que seja cuidadosa comigo. 

 Nathaniel parece querer me provocar. Ele umedece os lábios lentamente e não consigo evitar o olhar para sua boca.

— Não quero machucar você de novo. Posso acabar mordendo você outra vez. — Digo sem desviar o olhar dos seus lábios.

Nathaniel me olha intensamente e se aproxima ainda mais de mim. Uma de suas mãos segue até minhas costas enquanto a outra segura levemente meu queixo. Ele não está me segurando forte, posso me soltar dele a qualquer momento se eu quiser, mas eu não quero.

Sinto sua respiração em minha face conforme ele se aproxima mais. Fecho os olhos ansiando pelo toque de seus lábios nos meus, mas não é o que ocorre.

Na verdade, sim, eu sinto seus lábios, mas não é um beijo. Seus dentes se afundam levemente em meu lábio inferior e ele dá uma mordida suave e delicada, que faz todo o ar do meu corpo parecer evaporar.

O momento acaba rápido demais, no momento seguinte, sua boca já não está mais na minha, apesar de ainda ter sua mão me envolvendo pelas costas. 

— Tá vendo princesa, uma mordida pode ser algo bom. — Ele diz tão perto de mim que posso sentir seu hálito quente beijar minha pele.

Olho nos seus olhos, fixamente e por um segundo me perco em sua cor azul. Mas, no momento seguinte, eu seguro forte em seus cabelos e praticamente me jogo em sua boca. Como se minha vida dependesse desse beijo. 

Apesar da minha euforia inicial, o beijo é lento, calmo, suave. Nathaniel conduz o beijo como se fosse uma música clássica, sedutora e envolvente. Sua língua passeia pela minha como se ambas fossem velhas amigas. Sua boca se pressiona a minha com tanta leveza que faz meu coração se acalmar. É mágico e apesar da delicadeza, estou sem fôlego quando ele se afasta de mim.

— Vamos princesa, temos muita coisa para fazer. — Ele diz com um sorriso e me pega pela mão. 

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