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Inglaterra, Manchester
09 de janeiro de 2023
02hr38min



Alissa Ramirez já estava em sua quinta caneca de café e o plantão mal tinha começado. Os olhos da médica carregando bolsas escuras em consequência das noites seguidas sem um descanso. O cabelo nada mais do que um amontoado de cachos presos apenas por uma pregadeira dourada que a mulher ganhou de aniversário - este que estava comemorando agora mesmo dentro do Hospital, cobrindo seu colega de trabalho que precisou tirar licença.

O Manchester Clinic Hospital é um centro de saúde renomado e conhecido mundialmente por liderar pesquisas para o tratamento da doença de Charcot-Marie-Tooth. Não obstante, se destaca também pela excelente equipe de funcionários e por sua capacidade de abranger todas as especialidades médicas em uma só clínica. Tendo recebido o prêmio de qualidade e reconhecimento científico cinco vezes seguidas pela OMS. Mas se Alissa pudesse descrever esse lugar em uma palavra ela diria: insano.

— Alissa, paciente na recepção fazendo escândalo. — Adam aparece na porta da sua sala, o médico segura em uma das mãos seu comprimido para ansiedade e na outra uma latinha de refrigerante. — Eu não posso ir agora, tô com a garota que colou os olhos com super bonder na triagem.

A Ramirez respira fundo encostando a testa na mesa em sua frente desejando a todas as divindades existentes que ela pudesse desaparecer.

— Eu acabei de chegar pra pausa. — a médica resmunga a contragosto, erguendo os olhos de cachorro pidão na tentativa de arrancar um pouco de misericórdia do amigo.

— Eu iria, você sabe. — ele pontua. — Mas vou levar a paciente para a cirurgia daqui a quinze minutos.

— Eu odeio a minha vida. — Alissa retruca já se levantando e arrumando seu jaleco, ela se olha no espelho e encara sua versão mais miserável antes de pegar seu prontuário e rumar para fora do consultório.

— Boa sorte. — Adam beija o rosto da colega quando ela passa por ele, carinhoso com ela como um irmão mais novo. — Acho que ele tá bêbado, não para de falar que joga no Manchester City.

A cacheada toma uma respiração profunda antes de seguir pelos corredores em tom de branco e azul pastel que a guiam até a recepção do Hospital.

A cena que se desenrola ali é no mínimo engraçada, um rapaz loiro de provavelmente um metro e noventa - que ela lembra vagamente já ter visto em algum lugar - sendo segurado por um jovem de pele escura e um adolescente com características muito semelhantes ao primeiro. O possível paciente tem as duas mãos apoiadas no balcão enquanto parece dizer coisas não muito agradáveis para Daisy, a recepcionista do plantão noturno.

— Boa noite. — Alissa cumprimenta em tom cordial, recebendo a atenção dos quatro envolvidos. — Daisy, o que está havendo?

— O que está havendo é que eu sou Erling Haaland, eu não preciso fazer uma ficha. — o rapaz mais alto se apresenta quase aos gritos. A voz embargada denunciando que a bebida em seu sangue já é predominante.

Erling Haaland. A sim, ela se lembra muito bem do atacante favorito de seu pai, o cometa do Manchester City. Ela só não imaginava que essa era a personalidade de um homem que demonstra ser tão centrado em campo. Lembra de tê-lo visto jogar duas ou três vezes e foi o suficiente para marcá-lo - ainda que vagamente - em sua memória.

Collide, Erling Haaland Onde as histórias ganham vida. Descobre agora