Collide, Erling Haaland

tenth

Manchester, Inglaterra
18hrs28min

Alissa encarava o próprio reflexo no espelho do banheiro, após um bom banho quente e relaxante a mais nova vestia sua camisola favorita de seda verde-água, nos pés uma pantufa confortável e os cachos úmidos enrolados em uma camiseta de algodão enquanto a médica terminava de passar hidratante em seu corpo. Após dois plantões seguidos era finalmente a noite de folga da mais velha, ela finalmente poderia ter algum descanso.

A ortopedista geralmente adora passar as folgas em casa, comendo alguma besteira e maratonando seus filmes favoritos. Ela gosta de se denominar como uma mulher básica – ou idosa precoce, como Adam adora enfatizar. Não tem prazer maior do que o conforto do seu lar, seus livros, sua televisão e seu vinho predileto. E ela ama sua própria companhia também apesar de adorar ir até a casa de seu pai para regular sua má alimentação e enche-lo de amor mal expressado, mas ultimamente tem estado tão exausta e Octavio Ramirez mora tão longe de seu bairro que raramente os dois tem se visto pessoalmente. Embora seu progenitor ligue todas as noites para saber como foi o dia de sua filha.

Ela precisa urgentemente organizar sua agenda e passar um tempo com seu pai. Alissa recita mentalmente como um mantra para que não se esqueça.

Após terminar seu ritual pós banho, a médica desce para o primeiro andar de seu apartamento, na cozinha ela pega uma garrafa de vinho e torradas temperadas que ganhou de sua vizinha do apartamento da frente, ela passa ricota nas torradas e leva tudo para a sala de estar. Na HBO ela coloca Erin Brockovich – Uma Mulher de Talento para passar pela milésima vez, é o filme predileto da mais velha.

— Julia Roberts, agora sou eu e você minha gata. — a Ramirez pronuncia para a televisão enquanto dá play no longa. As vezes ela mal consegue acreditar que já atendeu sua atriz favorita, como esse mundo é pequeno mesmo.

No entanto, sua paz não dura mais que dois minutos porque o interfone começa a tocar de maneira insistente. Ela faz careta antes de atender, contrariada.

— Boa noite dona Alissa. — a voz do porteiro, Archie, soa no telefone da ortopedista. — O senhor Erling Haaland tá aqui embaixo querendo subir, tá permitido?

A Ramirez franze o cenho confusa, ele não avisou que vinha. Aliás, Erling nunca tinha ido em sua casa. Ela gostaria muito de saber como ele conseguiu seu endereço, mas tinha suspeitas de que Adam tivesse tudo a ver com a situação.

— Pode deixar subir, Archie. — ela responde educadamente ao senhor de idade. — Boa noite para o senhor também.

A mais nova coloca o telefone no gancho novamente antes de ir até o espelho que fica na entrada do apartamento para tirar os cabelos da camiseta de algodão, agora quase completamente seco parece lindo como sempre.

Não demora mais que cinco minutos até que a sua campainha toque. Ela abre a porta, se deparando com o loiro do lado de fora segurando duas sacolas com o que parecia ser muita comida. Não é só isso que ela repara no entanto, o jeito com que Erling estava bonito deveria ser crime, usando calça moletom azul marinho, blusa lisa cinza e a correntinha no pescoço – que Alissa era secretamente apaixonada.

— Boa noite doutora. — Haaland sorri, seus olhos percorrendo a mais velha da ponta dos pés até o último fio de cabelo.

— Eu gostaria muito de saber como você conseguiu meu endereço, mas vou apenas deixar passar batido dessa vez. — ela responde com falsa seriedade, puxando o mais novo para dentro e trancando a porta.