A Little Too Much

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Neymar

— Você tem um coração que não cabe em você, Ney — Philippe murmura, talvez como uma reclamação

— E se isso meter a gente em uma furada, eu vou fazer o sonso e anunciar sua saída do time antes que você saiba. 

Ele dirigia e eu estava no banco do carona, depois da ligação de Karol eu me desesperei um pouco e Phil tentou entender a situação o máximo possível. Eu dei a localização e ele apenas estava me levando até lá.

Eu sabia que tinha algo errado com aquelas duas e eu sabia que estaria envolvido em pouco tempo. Apesar de não ter acreditado que ela realmente fosse me procurar.

— Ali! Ali, no ponto de ônibus. Para ali — Espalmo a mão no vidro embaçado, fazendo o mais velho bufar antes de diminuir e encostar o carro

Parecia que estava caindo o céu do lado de fora. Karol segurando a criança em seus braços da forma mais protetora possível partiu meu coração de todas as formas possíveis.

Alcanço as cobertas que havia pego em casa, abrindo a porta e me apressando pra não me molhar

— Eu disse que ia ser rápido, certo? — Murmuro, desdobrando o tecido grosso e envolvendo a mais nova ali. — Tudo bem, vamos.

Karol teve certeza que Ceci estava bem e aquecida entre seus braços antes de se levantar e me

acompanhar até o carro. Tiro a mochila pesada de suas costas com a maior delicadeza que podia, a colocando no banco da frente quando entro ao lado da morena.

— Você tá bem? — Questiono, tirando os fios de cabelo grudados em sua testa e os colocando para trás de seus ombros — Vocês, eu quis dizer.

— Uhum. Obrigada, sério, mesmo.

Ela pareceu constrangida o caminho inteiro. Não trocou muitas palavras, passou o tempo inteiro brincando com a mãozinha de sua filha.

Aquilo me apavorou de primeira. Karol, com certeza, não tem mais de dezessete anos, é uma criança carregando outra. Me incomoda que ela pareça não ter ninguém e me incomoda senti-la tão fria. Ela podia estar vivendo uma adolescência normal agora. Eu estava um tanto preocupado com como tinha sido até agora, se ela tinha  alguém para acompanhar a gravidez e se tinha alguém ao seu lado durante o parto, e se as primeiras semanas como mãe tinham alguém para ajudá-la. Eu precisava saber mais.

A chuva continuava a mesma quando Philippe parou em frente a nossa casa. Richarlison  estava na porta, talvez curioso.

Já dentro de casa, guio Karol até o sofá e deixo que ela se sinta confortável ali, alegando que ia na cozinha buscar água.

— Ney — Rich murmura ao encostar no batente da porta, me observando tirar o copo de vidro do armário — Aquela criança. — Começa, cruzando os braços na frente do peito — É sua? Quer dizer, você é pai dela, ou...

— Quê? Pombo, não! — Digo confuso, tirando a garrafa plástica da geladeira — Eu não sou pai, bro. Eu só... Conheci as duas e decidi que precisava ajudar.

— É que você chegou todo cuidadoso com elas, e, ficou meio desnorteado quando recebeu a ligação, achei que...

— Relaxa! — Rio fraco, passando pelo mesmo, segurando a garrafa e o copo — Você aceita água, Ka? — Questiono assim que a mais nova está no meu campo de visão novamente.

Ela apenas assente. Cecília estava mamando agora, elas pareciam mais confortáveis.

Encho o copo e a entrego. Meu coração se aperta quando a assisto tomar aquele copo inteiro como se fosse um bem sagrado, mais ainda quando ela pede mais.

Eu devia agradecer pela água que eu bebo mais vezes.

Alright | Neymar Jr e Karoline LimaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora