Fall

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Neymar

— O que uma estranha tá fazendo dentro da minha casa? — Marquinhos diz mais alto do que deveria, vindo na minha direção e parando de frente para mim. Eu estava deitado no sofá

— Richarlison, Philippe e eu já concordamos em deixá-la ficar por algum tempo, somos a maioria — Retruco, sem tirar os olhos do celular

— Você tá traindo a Bruna, Ney? — O mais novo coloca as mãos nos quadris, me fazendo erguer o olhar para ele

— Se o meu interesse fosse ficar com várias eu faria que nem você. — Ergo as sobrancelhas — Ela vai ficar até decidir o que vai fazer. Vocês vão pra casa no Natal de qualquer jeito, não vão precisar lidar com ela

Karol conversou comigo por algum tempo. Ainda bem apreensiva e fechada, mas me contou que vive assim desde pelo menos metade de sua gravidez, quando sua avó morreu e não pôde acompanhá-la mais. O pai da criança é um adolescente qualquer que se aproveitou de uma garota bêbada, ela procurou por ele mas recebeu algumas portas fechadas. Karoline esteve sozinha todo esse tempo.

Depois disso, percebi que ela estava muito cansada, então deixei que ela tomasse banho — e desse banho em Cecília — e arrumei meu quarto pra que elas dormissem lá. Fiquei com o sofá por hoje.

— Sua hóspede tá chorando com a porta aberta — Vini adentra o cômodo, segurando uma caneca branca

— Dá até pena.

Respiro fundo antes de me levantar. Eu não sei porque criei esse sentimento com a loira, mas eu sabia que podia fazer alguma coisa a respeito dela, e, sempre que pudesse, eu faria.

Atravesso o corredor e paro antes de chegar em meu quarto. Bato na porta mesmo aberta, recebendo um olhar assustado como resposta.

Ela seca os olhos e se levanta, enfiando as mãos nos bolsos de trás e me perguntando se estava tud bem.

— Sou eu quem faço essa pergunta, né — Rio fraco, sem conseguir tirar o tom de preocupação — Por que está chorando?

A menor junta os cabelos atrás dos ombros. Fecha os olhos por alguns segundos e caminha

rapidamente até mim, envolvendo os braços em minha cintura, como se precisasse daquilo mais que qualquer coisa.

— Obrigada. Mesmo. — Murmura contra meu peito — Eu não sei o que você pensa sobre mim, mas, obrigada. Eu realmente perdi as esperanças e achei que tudo fosse acabar, e, agora eu meio que tenho uma cama pra passar a noite. Obrigada, Junior. Sério.

Aperto seu corpo contra o meu, chegando a conclusão que não precisava dar uma resposta. Deixei que ela ficasse ali e esperei que ela se acalmasse.

— Você não precisa mais chorar, ok? — Seguro seu rosto entre minhas mãos, chegando a conclusão que eu também queria chorar — Está tudo bem agora e nós vamos dar um jeito no que você precisar. Não precisa chorar.

Não tive respostas, novamente. Ela encarou meus olhos enquanto pôde, eu não sei o que ela estava fazendo, mas não estava desconfortável.

— Obrigada — Tira minhas mãos de sua pele, se virando para a cama

Cecília estava dormindo ali, rodeada de travesseiros, em meio às cobertas que peguei de Marquinhos — Ele só não pode saber.

— Eu... Adorei os nomes de vocês — Comentei, me sentando na ponta do colchão e encarando o pequeno serzinho.

— É, ela é o meu solzinho. — Murmura, com as mãos atrás do corpo, de pé um pouco atrás de mim.

— Você lutou mais em dezesseis anos do que eu vou lutar a minha vida inteira, Karol — Digo no mesmo tom que ela — Você fica me agradecendo, mas, cara! Você me ensinou muito em poucas horas, sem nem estar preocupada com isso. Você é um exemplo de pessoa e não devia andar de cabeça baixa. Eu te admiro muito.

Alright | Neymar Jr e Karoline LimaWhere stories live. Discover now