A vida na maioria das vezes é estressante demais.
Ninguém tem a vida completamente "perfeita" ou não tem problemas para resolver. Imagine agora a vida de uma delegada de polícia federal.
Heloísa tinha certeza que sua rotina e o seu trabalho eram mais estressantes do que os da maioria das pessoas que tinham qualquer outro tipo de carreira.
Estava completamente esgotada.
Claro que sua última operação contribuiu bastante para esse nível alto de irritação na delegada, mas não poderia negar que sentia muita falta de uns dias sem aquela loucura toda.
A delegacia era um dos lugares mais movimentados de todos, e ela amava isso. Só que as vezes chegava ao limite.
Acordava todos os dias cedo, tomava café com o marido e os dois saíam juntos cada um no seu carro. Stenio se despedia com um beijo carinhoso seguindo para o escritório, e ela dirigia para sua delegacia.
Passava o dia inteiro na correria, as vezes nem conseguia almoçar.
Ao final do dia estava bem cansada. Fisicamente não, mas mentalmente sim.
Chegava em casa e o marido já estava na sala esperando, essa era a melhor parte do dia para ela. Ele a ajudava tirar suas roupas, suas botas e preparava um banho quente enquanto Creusa corria para preparar uma mesa de jantar deliciosa para os patrões.
Jantavam juntos, conversavam, bebiam vinho e no final acabavam na cama. Era quase sempre assim.
Heloísa não poderia gostar mais dessa parte. Por mais que ficar o dia inteiro cuidando de bandido seja estressante, chegar em casa e ter Stenio era um sopro de alívio.
O segundo casamento deles já estava completando dois anos. Não era perfeito, estava longe disso. Ainda brigavam e tinham alguns desentendimentos, mas nada comparado ao passado. Sabiam muito bem conversar, resolver e ficar bem.
As vezes pulavam a parte da conversa e se entendiam na cama, as vezes a delegada expulsava o advogado para o sofá.
Stenio também estava precisando de uma pausa daquele escritório e de todos os problemas de seus clientes.
Era um verdadeiro caos ter que cuidar dos problemas que outra pessoa se meteu, mas fazer o que? Era pago pra isso. E muito bem pago.
Qualidade de vida e conforto o casal tinha de sobra. Desde que a filha se mudou para Portugal, uns oito meses atrás, eles decidiram se mudar para uma das coberturas mais caras da cidade. Não era grande e nem chamativa, somente muito moderna e a cara deles dois.
Havia uma cozinha bem equipada, uma sala ampla com janelas do chão ao teto, três quartos com suíte, um banheiro social, uma área de serviço, academia pequena, o escritório de Stenio e claro, uma área de lazer completa com piscina, churrasqueira, mesa de sinuca, bar e um ofurô.
Uma suíte pertencia ao casal, na outra a filha ficava sempre que estava pelo Brasil, e por fim a de Creusa obviamente.
Era uma vida bem confortável. Dinheiro não era problema para nenhum dos dois, muito menos para Stenio, já que sustentava todas as despesas e luxos da filha em Portugal.
Creusa como uma boa fiel escudeira do casal, percebeu que eles precisavam de um final de semana sozinhos. Nada de delegacia, nada de escritório, nada de trânsito. Eles precisavam relaxar.
Quando Stenio veio com a idéia de passar dois dias em um resort, Heloísa até tentou se fazer de difícil, jogou na cara dele que isso era idéia de Creusa e até implicou um pouco com os dois como era de praxe, mas não precisou de insistência para aceitar.
